Sofro com morte embrionária na fazenda de leite. Que touro pode corrigir o problema?

Telespectadora de Pedro Alexandre, na Bahia, está em dúvida entre Holandês e Girolando, mas tem receio de inseminar por conta de problemas com perdas gestacionais

A telespectadora Eliane Pereira dos Santos, de Pedro Alexandre, na Bahia, enviou sua preocupação ao Giro do Boi Responde. “Das raças Holandês e Girolando, qual o melhor touro para a produção de fêmeas leiteiras? Quero chegar a uma produção de 600 litros/dia, e atualmente faço 200. Trabalho com inseminação, porém, às vezes, as vacas não seguram (a gestação) e ocorre morte embrionária, por isso não insisto”, disse, descrevendo a sua situação.

O zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da central Alta Genetics, foi acionado para ajudar a resolver o problema com morte embrionária em bovinos.

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Segundo Marquez, as perdas gestacionais podem ocorrer em três situações.

“O que é morte embrionária? […] Até os 42 dias pós-inseminação, nós temos a reabsorção embrionária. Pode ser considerado como morte embrionária. Dos 42 até os 260 dias de gestação, a gente tem o aborto. […] E após o animal nascer e em um prazo muito rápido ele morrer nesse período, a gente chama de natimorto”, diferenciou.

Conforme apontou o especialista, cada uma destas situações podem ter soluções diferentes.

Por exemplo, no caso do aborto, o zootecnista informou que é normal sua ocorrência em três de cada 100 prenhezes.

Caso o índice esteja maior do que esse, Marquez sugeriu algumas atitudes para diminuir a taxa de morte embrionária em bovinos. “Como está a sua avaliação sanitária? Como você está cuidando dos seus animais em termos de doenças? Existem algumas doenças e alguns fatores externos que podem causar esse aborto. Leptospirose, BVD, brucelose, […] manejo com muito estresse e também o estresse térmico”, frisou.

ESTRESSE TÉRMICO

Acima de tudo, Marquez acredita que o calor extremo possa elevar o estresse dos animais e causar o problema das perdas gestacionais na propriedade em Pedro Alexandre, na Bahia.

Nesse sentido, o especialista justificou sua suspeita. “Pedro Alexandre é uma região da Bahia com altitude de 350 ou 360 metros de altitude, quer dizer, é considerado um lugar quente e úmido. Aí o desafio para a vaca é muito grande. Tendo esse desafio, e sem conhecer a sua propriedade, principalmente sobre a parte de estrutura, de conforto animal, sombra, e etc, eu não me arriscaria. Eu iria para o gado Girolando. E, nesse caso, eu usaria, então, o touro Girolando”, opinou.

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NUTRIÇÃO, SANIDADE E MANEJO

Em seguida, Marquez voltou a recomendar reforço do manejo sanitário. “Eu verificaria se existem essas doenças ou não. Se existirem, vamos tratá-las. E eu usaria a inseminação novamente. Ficaria firme na inseminação”, ressaltou.

De acordo com o zootecnista, a inseminação serve ferramenta para aumentar os índices reprodutivos em meio aos desafios encontrados na fazenda. “ Emprenhar vacas de leite não é fácil. Existe um briga de hormônios, diferentemente do gado de corte. Quanto mais leite, menos células receptoras você vai ter para hormônios de reprodução. […] Eu ficaria na inseminação e criaria, junto ao seu veterinário, um plano para se trabalhar”, frisou.

Assim, com manejo sanitário, um bom plano reprodutivo e ainda alimentação adequada, a produtora, conforme projetou Marquez, conseguirá atingir o objetivo dos 600 litros de leite por dia.

Em síntese, Marquez reforçou seu posicionamento. “Vamos começar pelo simples, do arroz com feijão, e vamos ver como está o seu rebanho no aspecto sanitário, quantidade de comida, o ambiente. Depois a gente escolhe, então, […] a parte da genética. Mas, na minha opinião, eu já pensaria no uso do touro Girolando”, concluiu.

Qual é a sua dúvida sobre cruzamento para gado de leite? Envie para o quadro ‘Zadra Responde” no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail girodoboi@canalrural.com.br.

A resposta completa do zootecnista Guilherme Marquez à telespectadora baiana segue disponível no vídeo a seguir:

Foto ilustrativa: Alcides Okubo Filho / Embrapa Gado de Leite

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