Sem alarmismos, mas pedindo cautela para o pecuarista brasileiro, o Sindan, Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, divulgou resultado de pesquisa feita com 23 empresas associadas em que estas demonstram preocupação com a escassez de alguns dos principais ingredientes ativos de seus produtos para sanidade animal, entre eles farmacêuticos, endectocidas, antimicrobianos, vitaminas, tônicos energéticos, protocolos de reprodução e vacinas. Nesta manhã de terça, 21, o vice-presidente executivo do Sindan, Emílio Salani, falou ao Giro do Boi sobre o assunto.
“Nós trabalhamos com três meses de estoque de segurança, então é óbvio que nós estamos completando agora quatro meses (de pandemia), então nós percebemos uma certa dificuldade na obtenção dos principais ingredientes ativos por eles serem oriundos da Ásia, porque eles passaram a pandemia antes de nós, tiveram problema na produção, alta demanda, etc.”, contextualizou Salani.
De acordo com o executivo, não há certeza sobre a falta dos componentes, ao passo que a comunicação do sindicato se dá no sentido de ter transparência para com os clientes do setor, os pecuaristas. “Não é nenhuma certeza de falta. Dentro da linha de trabalho da diretoria do Sindan, nós queremos estabelecer um sistema de comunicação com a sociedade, com o pecuarista. […] Não tem caráter alarmista, o que nós queremos é ser o mais transparente possível para que os pecuaristas se preparam com a possibilidade de estar adquirindo os quantitativos corretos, buscar alguma ativo para substituir um que ele não encontre, mas não deixe de fazer a sua sanidade”, recomendou.
Salani pediu foco ao produtor que que não haja compras desnecessárias e também atenção aos prazos de validade dos produtos, que podem invalidar sua compra caso não haja projeção de uso próximo. Enquanto isso, Salani reforçou que a entidade segue atuando para que não haja interrupção no fornecimento dos produtos que chegam ao país por dificuldades de liberação ou logística.
Salani também falou sobre possível inflação dos preços dos produtos de saúde animal, dizendo que seus valores seguem compatíveis com o negócio da pecuária.
“Importante é que o pecuarista veja que nós estamos fazendo a nossa parte. A primeira elevação de custo nós absorvemos. são poucas pessoas por ônibus, aumentamos os turnos, separação de restaurante, dobramos espaço de cozinha, estamos tirando temperatura de todo mundo, complemento alimentar para todo mundo e afastando todos do grupo de risco”, listou o executivo.
Por conta da pandemia e de todas as suas consequências ainda sendo reverberadas, a pesquisa com os associados do Sindan apontou que 80% das empresas estimam que não vão cumprir as metas estabelecidas para o ano, embora 2020 tenha tido uma “largada promissora”, conforme reconheceu Salani.
O executivo elogiou o comportamento do produtor em meio às dificuldades impostas ao decorrer do ano. “O pecuarista brasileiro é arrojado, hein? Porque ele aplicou 186 milhões de doses de vacina contra aftosa este ano, 65 milhões de doses de raiva e 11 milhões de bezerras vacinadas contra brucelose. Olhe o resultado! Não deixou em momento nenhum o programa sanitário pré-estabelecido pelo Mapa falhar”, celebrou.
Ao concluir a sua participação, Salani assegurou que a produção de 95 a 100 milhões de doses de vacinas para a segunda etapa anual de campanha contra a aftosa já está garantida. Ele ainda frisou algumas das recomendações do Sindan aos pecuaristas.
“Sem alarmismo, cautela, parcimônia nas suas aquisições, conservação e o que é fundamental, não deixar de cuidar da sanidade do rebanho porque este é o verdadeiro patrimônio.
+ 10 medicamentos que não podem faltar na farmácia da fazenda
+ Qual a melhor prática de cura de umbigo e por quantos dias devo fazer?
+ Apliquei super dose de vacina contra 7 males em meu bezerro. O que fazer?
+ Meu bezerro teve dificuldades para respirar e morreu. O que pode ter ocorrido?
Assista a entrevista completa com Emílio Salani, vice-presidente executivo do Sindan: