Sensoriamento remoto na agricultura torna produção brasileira mais sustentável

Programa da Embrapa usa sensoriamento remoto para reconhecer sistemas complexos de uso do solo e ajuda a implementar políticas de incentivo à agricultura de baixo carbono

Nesta quarta, dia 09, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o engenheiro agrônomo e doutor em ciências do meio ambiente Rodrigo Ferraz. Ele é pesquisador da Embrapa Solos e integra a equipe do projeto GeoABC. P projeto integra inteligência artificial e sensoriamento remoto na agricultura para reconhecer os complexos sistemas de produção agropecuários brasileiros.

Conforme resumiu Ferraz, o objetivo da iniciativa da Embrapa Solos em conjunto com organizações nacionais e internacionais era gerar informações para tomadas de decisão governamentais e setoriais a partir do entendimento da intensificação do uso da terra. Com o lançamento do Plano ABC, de incentivo à agricultura de baixo carbono em 2012, o GeoABC surgiu logo depois, em 2015, para monitorar a evolução do programa via sensoriamento remoto na agricultura.

O GeoABC foi pioneiro, por exemplo, em identificar duplos cultivos, como os de safra e safrinha. E, por último, também um dos sistemas mais complexos de produção, que é a integração, passando por sucessão de culturas, consórcio e rotação.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

“O desafio era realmente detectar sistemas complexos de uso da terra. Então qual foi a solução? A utilização de muitas imagens de satélite durante o ano safra, que a gente chama de séries temporais. E de vários anos. Isso gera uma quantidade muito grande de imagens e de dados. Para tratar isso, é importante utilizar técnicas de inteligência artificial. Mais notadamente, o que a gente chama de aprendizado de máquina. […] Esses algoritmos são capazes de aprender com o comportamento daqueles dados”, detalhou.

Portanto, a ideia é que a partir dos dados que o GeoABC levanta pelo sensoriamento remoto na agricultura, os órgãos públicos e de classe possam avançar em políticas que incentivem o uso intensivo da terra. Em resumo, Ferraz apontou que os sistemas de integração dão estabilidade e sustentabilidade ao setor produtivo. Sobretudo trazendo benefícios ao solo, o maior patrimônio do pecuarista.

PROGRAMA ESTRATÉGICO

Nesse sentido, a integração pode diminuir até a dependência do uso de fontes externas de fertilizantes, uma preocupação atual do produtor brasileiro. “Isso se torna um ponto estratégico, inclusive para o Brasil desenvolver tecnologias no sentido da autossuficiência dos fertilizantes. E daí a importância de se conhecer o setor agropecuário. Dimensionar a tendência de expansão dos diferentes sistemas de produção passa a ser uma informação extremamente estratégica para o planejamento setorial, das políticas agrícolas. Inclusive nesta questão da cadeia de suprimentos de insumos”, relacionou o pesquisador.

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Além disso, o agrônomo citou que nas áreas onde há consolidação da agricultura intensiva, com cadeias produtivas fortes, ocorre estabilização da paisagem. Em outras palavras, menos desmatamento e mais sustentabilidade. “O agricultor tem a sua reserva legal, as APPs (áreas de preservação permanente). E com a questão da intensificação sustentável, a gente consegue produzir mais em menos áreas. Se isso for conjugado com uma política ambiental, a gente pode reduzir o impacto”, projetou Rodrigo.

NA PRÁTICA

Atualmente o GeoABC já está rendendo frutos que estão ajudando o setor produtivo. Por exemplo, recentemente a tecnologia que o programa utiliza conseguiu monitorar e quantificar a evolução das áreas de integração em Mato Grosso em um projeto desenvolvido em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril. Veja mais detalhes no link abaixo:

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Por fim, assista a entrevista completa com Rodrigo Ferraz sobre o programa GeoABC e o sensoriamento remoto na agricultura:

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