No Giro do Boi desta sexta, 27, o médico veterinário Argeu Silveira, diretor técnico da ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores), concedeu entrevista ao apresentador Marco Ribeiro. Em pauta, a receita para produzir um bezerro com potencial para se tornar um boi de sucesso.
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O especialista advertiu que economizar na hora da escolha da genética a ser usada na reprodução pode trazer prejuízos na hora de desmamar e comercializar, ou destinar para a engorda, os bezerros. “Veja uma compra de sêmen. A opção de ganhar 20 quilos ou até mais (no bezerro desmamado) é muito simples no mercado. Então às vezes o pecuarista economiza R$ 5 na compra da dose de sêmen ou compra de um touro que dá 20 quilos a menos na desmama. Ele economiza R$ 5 na dose e perde R$ 120 na comercialização (com o quilo valendo em média R$ 6 atualmente). Esta conta o produtor tem que estar atento para fazer”, chamou a atenção. “Quando você compra a genética errada, só tem uma pessoa que toma prejuízo: quem comprou”, completou.
Silveira comparou a escolha do sêmen, ou do touro de repasse, com a escolha da semente na agricultura. “Tem produtores de soja produzindo 90, 100 sacos por hectare. Se você chamar esse agricultor para discutir se ele planta semente certificada ou não, ele vai achar que você está brincando. Na pecuária, nós somos a única atividade que ainda utiliza genética sem certificação, sem avaliação. Muitas vezes mal avaliada ou, pior ainda, de risco desconhecido”, repreendeu. “A gente precisa na pecuária responder com produtividade. Essa produtividade vem necessariamente de a gente olhar os critérios de compra de genética, ou de touros ou de sêmen. Não dá mais para comprar genética de qualidade inferior”, acrescentou.
O veterinário explicou como deve ser a compra da genética pelo criador para que seu bezerro seja lucrativo para a fazenda, começando pela análise dos touros disponíveis. “A primeira coisa que ele tem que fazer é olhar as avaliações genética dos touros que ele vai comprar. Primeiro, faça uma pré-análise. Eu sempre digo que, se ele vai comprar na fazenda, que primeiro faça uma pré-análise da avaliação. E se o seu fornecedor não tem avaliação ou se a avaliação for ruim, não compre. O prejuízo é seu”, aconselhou.
Silveira também apontou que é importante selecionar o reprodutor cujas características tenham potencial para retorno econômico. “A compra do bezerro é feita por quilo hoje, e pela indústria frigorífica é feita em arrobas. Ou seja, o critério é quantidade de quilos. Então eu não posso pensar em outra característica se eu vou vender por peso. Eu tenho que comprar o touro pensando em características que vão produzir mais quilos”, afirmou, listando entre estas características fertilidade (produção de mais bezerros), habilidades maternais (mais produção de leite e consequente ganho de peso) e DEPs de crescimento, como peso à desmama e peso ao sobreano.
O diretor da ANCP ainda explicou as vantagens de criar o bezerro do cedo. Para tanto, as vacas devem emprenhar logo no início da estação. “A gente pode dizer que um bezerro mamando ganha seguramente entre 20 e 30 quilos por mês. Cada mês que você antecipa são 20 ou 30 quilos a mais que você tem pelo nascimento. 20 quilos de um bezerro a R$ 6 o quilo são R$ 120 a mais, ou seja, se a gente pensar em 30 quilos, e é comum ganhar um quilo por dia, são R$ 180 a mais pelo fato de ele ter nascido um mês antes. Então essa conta é muito importante”, ressaltou.
+ Programação fetal e nascimento de bezerros do cedo aumentam rentabilidade do criador
Para conseguir este objetivo, segundo Argeu, o pecuarista deve criar estratégias, sobretudo nutricionais, para que a vaca esteja em bom estado corporal na estação de monta. Entre as alternativas estão oferta de feno, silagem ou rações e o sequestro da vaca para o semiconfinamento.
Veja as recomendações completas na entrevista a seguir: