A sigla RIP normalmente é conhecida pela expressão póstuma em latim “Requiescat in pace”. Ela significa “descanse em paz”. Contudo, para a pecuária, RIP não tem nada ver com isso.
Para a produção de gado de corte a sigla é de Recria Intensiva a Pasto (RIP). Assim como o termo Terminação Intensiva a Pasto (TIP), a RIP tem dado o que falar. É uma técnica para o produtor acelerar o trabalho de preparação do bezerro para sua efetiva terminação.
Sabia que a RIP pode reduzir em um ano a recria e produzir quatro vezes mais bois numa mesma área? Este é um dos principais resultados do estudo dessa técnica feita no Polo Regional de Alta Mogiana, no município de Colina, na região de Barretos.
A unidade faz parte da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). A autarquia está vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
“Na RIP, a exigência nutricional é mais agressiva. Você não só complementa, mas oferece mais nutrientes via suplemento”, diz o doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador do Polo Regional de Colina.
O pesquisador foi entrevistado pela reportagem do Giro do Boi. A reportagem foi ao ar nesta sexta-feira, 24, e faz parte da série feita nas unidades de pesquisa da APTA.
O objetivo é mostrar o que a pesquisa está fazendo para melhorar o desempenho da produção de bovinos de corte no País.
“É uma técnica que tem nos surpreendido zootécnica e economicamente. Estamos a alguns anos estudando e vendo os impactos dela. A RIP tem uma capacidade de manutenção de padrão e ganho muito alto”, diz.
Pasto e suplementação
Um dos pontos principais da RIP está no manejo nutricional do gado. Nela, ficam pareados, meio a meio, o volumoso, a partir do pasto, e a suplementação proteica.
“É como se tivéssemos fazendo uma dieta junto com o pasto. No boi 7.7.7, aproveitamos ao máximo o pasto. Na RIP, trabalhamos junto com o pasto”, diz Siqueira.
O rateio da alimentação do gado é 50% de fonte de volumoso e 50% de suplementação.
A RIP serve para todos?
Apesar de o pesquisador frisar que nenhuma técnica na produção de bovinos de corte pode ser considerada uma solução única, a RIP tem um porém a mais. Ela vai exigir mais do produtor.
Então, deve ser feita por aquele produtor que quer elevar o ganho de seus animais num período mais curto. Preparando um animal pronto para a entrada no confinamento.
“É uma técnica muito interessante pois pode mudar muito o patamar da fazenda, especialmente em regiões onde a pecuária está cada vez mais intensificada”, diz Siqueira.
Ponto de atenção
Além de se preocupar com os custos e com uma boa gestão nos insumos, o produtor tem de se atentar para fazer a RIP adequadamente.
O intuito é fazer com que o boi magro se desenvolva e cresça. Isso não quer dizer engordar o animal. Por isso o produtor precisa oferecer uma suplementação de maior teor proteico.
“Nessa técnica eu preciso de animais mostrando carcaça e crescendo costela. Eu quero ver isso. Eu não quero ver esse animal gordo. Se eu engordar um animal jovem, eu estarei perdendo dinheiro”, diz Siqueira.
Ao todo serão 20 reportagens, de todos os ciclos de produção de carne de qualidade, que serão exibidas no programa Giro do Boi todas as sextas-feiras. O programa de TV vai ao ar de segunda à sexta no Canal Rural, às 7h00 (horário de Brasília).