“Atualmente tenho um rebanho de vacas F1 Nelore X Pardo-Suíço, em que tenho produção de leite e bezerros que dão muito peso. Existe ou não a dupla aptidão?”. Este foi o questionamento enviado pelo criador Igor Tobias, da Fazenda Curiango II em de Augustinópolis, no Tocantins.
Para atender o produtor, o Giro do Boi consultou o zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da central Alta Genetics.
“A gente tem que entender o que é heterose. A heterose é a explosão de características quando a gente pega duas raças distantes geneticamente e essas características, que antes não tinham tanta herdabilidade, se explodem. E aí você pode ter reflexos como esse, de animais que são pesados e produzem leite também. Esse é o princípio da heterose”, especificou Marquez.
“Já a dupla aptidão é quando a gente tem uma característica de uma raça e, tendo essa característica, nós precisamos verificar se isso acontece com a média da população – e não somente com alguns fenômenos. Para a gente ter uma curva de distribuição de população, a gente usa a chamada curva de Gauss, que é a curva da boca de sino para baixo. E a gente vê que aquela boca, aquela parte maior do sino, é a média da população. Será que a média da população dos cruzamentos é feita para isso? Se eu pegar outros rebanhos Nelore com Pardo Suíço eu vou ter essa mesma característica? No seu caso, você pode até ter porque o Pardo-Suíço é uma raça de porte grande, não é uma raça pequenininha, então é uma raça que vai dar peso normalmente, e o Nelore a gente já sabe o tamanho dele e todos os seus benefícios”, ponderou Marquez.
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No entanto, o zootecnista disse que não recomenda a busca do chamado animal dupla aptidão para um sistema produtivo de carne ou leite. “A dupla aptidão não é aconselhável quando você fala na formação de uma raça. Ou você produz carne ou você produz leite. Essa é uma opinião minha. […] Um animal de dupla aptidão é aquele animal que te satisfaz de alguma forma na produção de carne, mas não dando o rendimento total para você, e satisfaz de alguma forma no leite, embora também não sendo animal de grande produção de leite. E a gente sabe que quando a gente trabalha com fazenda, nós temos que ter o retorno sobre o investimento, ou seja, nós temos que produzir e ter esse retorno financeiro para nos manter. E aí nós precisamos ser específicos”, opinou.
“Eu posso fazer aproveitamento, mas não sendo a minha primeira fonte de renda. A minha primeira fonte de renda tem que ser definida e a minha segunda fonte de renda é só um complemento. […] Eu não acredito em dupla aptidão, eu acredito em animais específicos. E eu acredito em uma segunda característica de uma raça que pode complementar o objetivo maior da raça. Eu posso ter animais para produzir muito leite em que eu possa aproveitar os bezerros”, sustentou.
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Qual é a sua dúvida sobre cruzamento para gado de leite? Envie para o programa no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail girodoboi@canalrural.com.br.
Veja a resposta completa de Guilherme Marque no vídeo a seguir: