Quero melhorar a qualidade da água que sirvo para o gado. Por onde começar?

Zootecnista que atua no Rio Grande do Sul disse quer evoluir no controle da qualidade da água propriedade onde trabalha e pediu dicas do especialista

“Tive acesso a uma matéria que foi postada no site em 6 de novembro de 2020 (relembre pelo link abaixo), na qual é abordado o tema tratamento de água para bovinos. Eu achei de grande importância e me surgiram algumas dúvidas. Sou zootecnista recém formado e gostaria de inserir na propriedade onde trabalho um melhor controle sobre a limpeza da água à qual os bovinos do confinamento e semiconfinamento têm acesso pelos bebedouros. Na propriedade, a água fornecida aos animais é puxada com uma bomba de um açude direto para uma caixa d’água e distribuída para os bebedouros, sem nenhum tratamento. Qual seria o primeiro passo a ser tomado depois da limpeza da caixa d’água?”

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Esta foi a mensagem enviada ao Giro do Boi pelo zootecnista Sátyro Nunes Gonçalves, de São Lourenço do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. Por isso o Giro do Boi recorreu ao médico veterinário e especialista no assunto Fernando Loureiro para novos esclarecimentos ao profissional.

“A gente desenvolveu algumas fichas de leitura de bebedouro, que tem alguns itens para serem checados com frequência na propriedade. (Essa checagem) pode ser diária, a cada dois dias, a cada semana ou, no máximo, a cada quinzena, feita por uma pessoa responsável pela leitura do bebedouro, que vai avaliar o estado geral desse bebedouro, como está o funcionamento das paredes, do fundo, se não tem vazamentos, trincas, rachaduras, ferrugem, se a boia funciona bem, se a água chega com boa pressão, se não está travando, se tem momentos que o bebedouro esvazia demais porque todos os animais vêm beber e leva muito tempo para encher novamente. Essa ficha auxilia nisso e também auxilia no próximo passo, que é avaliar a qualidade de água, que é muito importante”, sustentou Loureiro.

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O contato para receber a planilha pode ser feito pelo e-mail rubbertankbrasil@gmail.com.

O veterinário revelou os parâmetros para definir o que é água de qualidade. “A água de qualidade é a água mais pura, isenta de sujidades, isenta de odores desagradáveis. É uma água sem cheiro, sem sabor e também sem cor. Mais transparente, o mais translúcida possível”, resumiu.

“Mas muitas vezes a água captada já vem barrenta, já vem com aquele odor característico de ferrugem, de algum elemento mineral mais incidente no subsolo da região e a gente deve sempre estar tomando o cuidado para que essa água esteja mais pura, límpida e fresca para que os animais possam beber. E tomando cuidado para que não tenha odores desagradáveis de podridão, de azedo, que é o excesso de matéria orgânica em decomposição”, ponderou.

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“A lavagem do bebedouro é muito simples, feita com escova e água, removendo pelo menos uma vez por semana essa matéria orgânica, o limo e o lodo que se depositam no fundo dos bebedouros, que aderem à parede. Os animais carreiam farelos que vão azedar, que vão apodrecer dentro da água e vão ser o substrato para o crescimento de microorganismos”, explicou.

O especialista também recomendou que o pH da água seja constantemente avaliado. “Depois disso eu indico fazer avaliação do pH da água com produtos específicos. Podem ser os mesmos usados para piscinas. Inclusive eu indico, para avaliação do pH, as tirinhas, as fitas. A partir do momento dessa leitura do teor do pH da água, podem ser adotadas medidas de ação para neutralizar esse pH da água quando ela estiver muito ácida. […] Seria interessante sempre que o pH estiver acima de 7,5 ou passando de 7,8, que é um limite aceitável, que os animais ainda toleram e bebem bem, poder reduzir, acidificando um pouco, não para tornar a água ácida, mas para deixar mais próximo do neutro, do 7, quando os animais vão beber muito mais água com prazer, bebendo livre. E o animal que bebe mais água, consome mais alimento, consome mais matéria seca, tanto o capim, o volumoso, a silagem, como o concentrado, e por isso vão ter seu desempenho melhorado”, justificou.

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“Então a nossa sugestão depois que você já estiver bombeando a água para as pilhetas é adotar rotina, a frequência tanto de avaliação da água nesses bebedouros, o estado geral do bebedouro, se as boias funcionam, se a vazão está boa, se o aspecto visual da água, a transparência está boa, se ela demora muitos dias para esvaziar e encher novamente, se está criando muito lodo, se tem lodo de superfície, se tem odor, o cheiro da matéria orgânica e remover o limo, algas, evitar plantas aquáticas, evitar a criação de peixes dentro do bebedouro do gado. Todos esses temas nós já abordamos. E fica a dica também para que você adote essas fichas de controle. Pode usar as que nós sugerimos, adaptá-las ou até desenvolver as suas, mas tenha uma frequência, um cuidado pelo menos semanal com os bebedouros, pois a água vai ser o principal nutriente dos bovinos, aquele que vai abrir caminho para que eles possam se beneficiar do equilíbrio de todos os outros nutrientes, concentrados e volumosos, para que tenham seu desempenho em produção de carne e de leite”, concluiu o veterinário.

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Qual é a sua dúvida sobre qualidade da água para gado de corte? Envie para o Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail girodoboi@canalrural.com.br.

Pelo vídeo abaixo é possível assistir a resposta na íntegra de Fernando Loureiro ao zootecnista do Rio Grande do Sul:

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