No Giro do Boi nesta quinta, dia 03, o doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, concedeu entrevista sobre suplementação de gado de corte na seca e outras estratégias de entressafra. Em resumo, o especialista deu dicas para manter o ganho de peso, usar bem o pasto e técnicas de manejo em um cenário desafiador tanto de clima como de mercado.
Em primeiro lugar, Siqueira destacou que não há como dizer que existe uma suplementação de gado de corte na seca melhor para todas as situações. Conforme ponderou o zootecnista, a decisão depende de custos, valor da arroba, objetivos do sistema de produção e condição de pasto.
Contudo, ao passo que o fim das chuvas se aproxima, é hora do produtor tomar suas decisões. “Ele deve entender que a hora de ajustar as coisas é agora. A hora que pasto for embora, não tem o que ajustar”, advertiu. Nesse sentido, o produtor deve se preparar sempre para o pior cenário possível da seca.
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SEM MILAGRES
De acordo com Gustavo, um dos erros do produtor no que diz respeito à suplementação de gado de corte na seca é apostar muitas fichas nela. “Ela é uma ferramenta para te ajudar, e não para definir sistema de produção. É muito importante o produtor entender isso. Ele tem que buscar entender a propriedade dele como um todo. E usar esse suplemento como uma ferramenta para acelerar o ganho, para potencializar lotação, entre outras coisas”, disse em suma.
Outra decisão que prejudica o produtor tem relação com ajusta da taxa de lotação. Ao passo que nas águas o produtor quer tirar o máximo de proveito do pasto, os piquetes acabam entrando em degradação na seca pela superlotação. Assim, o erro é negligenciar a vinda da entressafra e colocar mais animais do que a área suporte. Por último, o pecuarista acaba prejudicando a produtividade a pasto durante todo o ano por um erro pontual. E não há suplementação de gado de corte na seca que possa ajudar.
PERGUNTA DO TELESPECTADOR
Em seguida, Gustavo tirou a dúvida de um telespectador que perguntou qual é o momento de virar a chave de safra para entressafra. Começando, portanto, a suplementação de gado de corte na seca. Antecipadamente, Gustavo lembrou que o pasto desempenha papel importante nesta decisão.
“Eu não gosto de falar em receita, porque tudo depende. Porém, a gente considera que um padrão básico é usar o que a gente chama de adensado. Atualmente é um produto que o animal vai comer de 30 a 50g para cada 100 kg de peso vivo. Em outras palavras, 120 a 150 gramas/cabeça/dia. Isso nas águas inteira. Logo depois, quando […] a chuva começa a diminuir, […] já considera transição”, resumiu.
Dessa forma, Gustavo orientou que o produtor não precisa usar suplemento para seca imediatamente. Sob o mesmo ponto de vista, o pecuarista pode lançar mão de suplementação de transição. “Não tem que esperar o pasto ficar ruim para eu suplementar. Eu vou ajustando a suplementação ao longo do tempo. Ele poderia entrar com uma suplementação com proteinado. Não de seca, que vai ser do pico da seca, mas de transição”, confirmou.
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SISTEMA INTENSIVO
Por outro lado, caso o produtor queira acelerar a engorda, ele pode reforçar a suplementação de gado de corte na seca. Ou uma suplementação, por exemplo, de um nível um pouco mais alto que 0,3%, quando eu já estou pensando em preparar os animais para a engorda. Por exemplo, um gado que já vai entrar no primeiro giro de confinamento, para quem faz confinamento só na entressafra, que vai preparar boi para abril. Logo, você já pode pensar agora em um suplemento um pouco superior para esse animal entrar pré-condicionado no confinamento”, ilustrou.
Além disso, o pesquisador da Apta falou sobre estratégias de compra de volumoso e adubação de pastagens. Enquanto a compra do volumoso deve ser feita antes da seca chegar, a adubação deve fazer parte da estratégia do sistema produtivo como um tudo, orientou.
NA PRÁTICA
Posteriormente, o pecuarista Antônio Campbell Penna (Fazenda das Palmeiras, Ituiutaba-MG) falou sobre sua experiência com suplementação de gado de corte na seca.
Analogamente, o produtor disse que cada pecuarista tem quatro fazendas em uma. Uma é a fazenda das águas, outra da transição das águas para a seca, depois a fazenda de seca e ainda a quarta fazenda, de transição da seca para as águas. “Cada fase dessas implica em manobras estratégicas, de manejo de pasto, de taxa de lotação, de alteração do suplemento, de sal que a gente vai dar, da ração”, ressaltou.
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Por fim, assista as entrevistas completas com Gustavo Rezende Siqueira e Antônio Campbell Penna pelo vídeo a seguir:
Foto: Reprodução / Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP
