Em entrevista exibida pelo Giro do Boi nesta sexta, 23, o engenheiro agrônomo, mestre em nutrição animal e pastagens e Ph.D em bioquímica nutricional Dante Pazzanese Duarte Lanna, professor e pesquisador do Departamento de Zootecnia da Esalq-USP, apresentou os resultados de pesquisas que remontam ao final da década de 90 com o intuito de entender a eficiência de conversão alimentar de bovinos e qual sua aplicação prática para o pecuarista. Lanna recomendou paciência e cautela ao produtor que pretende basear sua seleção genética para esta característica.
“A gente no início estimulou muito este tipo de pesquisa, fizemos as primeiros publicações e hoje a gente pede um pouco de cautela ao produtor para usar essas ferramentas porque quando você seleciona animais para consumo alimentar residual, você seleciona animais mais eficientes, mas há o perigo de você selecionar animais mais magros, que depositam menos gordura e, portanto, têm um acabamento um pouco pior. Por um lado nós estamos falando de uma ferramenta muito interessante, que é identificar os animais mais eficientes e isso é muito bom para a pecuária. Por outro lado, nós temos que avançar a seleção para conversão alimentar residual com muito critério, com muito cuidado. Nós não podemos afetar nem a reprodução, que é algo fantástico do gado Nelore, a sua habilidade de reproduzir nos trópicos, e também não podemos transformá-lo em um animal muito magro e com uma carcaça de baixa qualidade. É sempre um balanço e por isso a pesquisa é importante”, avaliou o professor.
Mas tais relações entre as características ainda não são completamente conhecidas. Buscar bovinos eficientes na conversão é importante porque cerca de três quartos do custo de produção de gado de corte é referente à sua alimentação e os estudos de genômica já apontam com precisão quais são os indivíduos mais eficientes. No entanto ainda é preciso ponderar se, ao herdar esta característica, a progênie destes reprodutores pode apresentar problemas na deposição de gordura ou na reprodução.
“Para os próximos dez anos nós podemos esperar identificar cada vez melhor touros geneticamente superiores, com maior acurácia. Segundo, nós vamos identificar melhor se não há respostas negativas associadas a esta seleção. Ou se elas são associações pequenas. Há uma dúvida. Alguns pesquisadores acham que selecionar para conversão alimentar emagrece um pouquinho. Existem outros que dizem que emagrece muito o gado. […] Para estes próximos dez anos este é o grande desafio, definir, exatamente, quando a gente seleciona para conversão alimentar, que outras características nós estamos mexendo na genética do animal”, refletiu.
Confira a entrevista completo no player abaixo:
Foto: Dalizia Aguiar / divulgação Embrapa Gado de Corte