Quais os motivos e quanto tempo deve durar a nuvem de gafanhotos?

Consultor explicou as condições que levam à multiplicação dos insetos e projetou que nuvem deve desaparecer em questão de dias

Nesta quinta, 25, o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária, falou ao Giro do Boi a respeito da nuvem de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata, observada recentemente em campos da Argentina próximos da fronteira com o Brasil e que deixou produtores da região em alerta.

“Isso é um fenômeno que ocorre há muitos anos. É uma situação de um desequilíbrio ecológico, mas é passageira. Há muitos anos na região de Nobres, no Mato Grosso, ocorreu uma situação dessa e prejudicou bastante a lavoura em algumas regiões ali. Eu tive a oportunidade de visualizar e de estar presente durante este ataque, mas da mesma forma que este gafanhotos se proliferam fora do controle e criam esta nuvem, eles vêm a desaparecer e morrer, não há uma continuidade no processo de ataque. Então não há muito o que fazer, não há muito como controlar e como combater este ataque porque isso ocorre muito esporadicamente em diferentes regiões. Não é um ataque que todo ano vai ocorrer na mesma região”, explicou.

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Pires informou como ocorre a formação de fenômenos como este. “Isso, é claro, se deve à eliminação, à morte de predadores naturais que atacam o gafanhoto e uma condição climática favorável à eclosão dos gafanhotos e à multiplicação exagerada deles. Então não tem muito o que ser feito, infelizmente, porém é um fenômeno que deve se prolongar no máximo alguns dias, que correspondem ao ciclo do gafanhoto. É uma praga que realmente causa danos, mas não há um protocolo de eliminação destes invasores. Vamos torcer para que rapidamente a nossa natureza volte ao normal à sua normalidade e esse infestantes desapareçam”, ressaltou.

A ocorrência levou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a decretar estado de emergência fitossanitária pelo risco de áreas de produção agropecuária de Santa Catarina e Rio Grande do Sul serem atingidas, embora a tendência seja de que os insetos se desloquem até o Uruguai, conforme apontou o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa).

Conforme a nota “Portaria declara emergência fitossanitária no RS e em SC para que governos possam fazer ações preventivas“, publicada pelo site do Mapa, a “ministra Tereza Cristina explicou que a medida é preventiva. ‘Essa portaria precisa acontecer antes do evento, se acontecer, para que algumas ações possam ser feitas pelos governos estaduais onde há possibilidade de essa nuvem chegar. Estamos monitorando, mas tudo indica que ela vai ficar mesmo no Uruguai por enquanto. Se o clima continuar favorecendo, ela nem chegará ao nosso território’, disse.

[…] De acordo com os dados meteorológicos para a região Sul do Brasil, previstos para os próximos dias, é pouco provável – até o presente momento – que a nuvem avance em território brasileiro.

[…]

Um grupo de trabalho do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas (DSV) da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa permanece em situação de alerta e mobilização, em conjunto com as equipes técnicas das Superintendências Federais de Agricultura e dos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, assim como as unidades de vigilância agropecuária do Ministério localizadas na fronteira com o Rio Grande do Sul.

Com base neste cenário, estão sendo trabalhadas estratégias passíveis de adoção para um eventual surto da praga no Brasil, caso ocorram alterações climáticas favoráveis ao deslocamento da nuvem de gafanhotos para o nosso país”, conta no comunicado do ministério.

+ Acompanhe o deslocamento da nuvem de gafanhotos pelo mapa do Senasa, da Argentina

Veja a participação de Wagner Pires pelo vídeo a seguir:

 

Foto: Reprodução / Mapa

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