Produtor pode solicitar cursos e capacitar equipe sem aumentar custos

Consultor técnico do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Senar-MS ressaltou que produtor pode até demandar capacitações específicas para colaboradores

Capacitar a si mesmo, a seus familiares e a sua equipe investindo nada além do que a carga tributária que já incide sobre a atividade rural. Ou seja, sem custos adicionais para quem quer oferecer a capacitação e também gratuito para quem deseja participar. Essa é uma das formas que o produtor tem para aumentar a produtividade de sua fazenda ao utilizar as ferramentas oferecidas pelo Senar, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em todo o país.

Para ilustrar como o produtor rural pode fazer valer sua própria arrecadação, o Giro do Boi levou ao ar nesta terça, dia 15, entrevista com o médico veterinário, mestre em reprodução animal e doutorando em ciência animal Gustavo Cavalca, consultor técnico do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Senar-MS.

“Esses cursos são, sim, gratuitos para quem está fazendo, mas o recurso vem do produtor. É uma forma de o Senar retribuir isso para o produtor, em que nós procuramos capacitar e instruir cada vez mais todos os colaboradores que estão envolvidos no agronegócio”, observou Cavalca.

“Nós temos capacitações online em que ele pode acessar a plataforma, fazer um curso EAD, à distância, no melhor horário para ele, ou se ele quer fazer uma capacitação para os colaboradores dele na propriedade, ele pode, via sindicato rural da cidade dele, acionar o sindicato e o sindicato disponibiliza material e instrutor para viabilizar esse curso. E nós temos curso de gestão, cursos de operação de máquinas, de silos, de inseminação artificial, de casqueamento, de doma racional”, ilustrou o consultor técnico.

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Cavalca explicou qual o público alvo dos cursos realizados pelo Senar. “Normalmente o curso é para quem tem acima de 18 anos. Algumas diferenças oscilam conforme os cursos. Por exemplo, no curso de máquinas agrícolas hoje há exigência do código de trânsito para a pessoa ter habilitação categoria B. Então, para a pessoa fazer esse curso, ela precisa ser portador dessa CNH. Se o curso for da plataforma online, entre no site do Senar e já faça o cadastro. Se é feito via sindicato, a inscrição é feita no sindicato, que são mobilizadores”, salientou.

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Para os cursos que têm processo seletivo, como o Curso Técnico em Agropecuária, que é oferecido dentro do Centro de Excelência em Bovinocultura de corte, há ainda um público prioritário, embora seja aberto para quaisquer interessados. “Aqui é uma escola, você tem gente entrando e formando. Já temos turmas formadas, bem empregadas e tudo. A gente tem filhos de produtores rurais, pequenos produtores participando, nós temos muitas palestras, nesse momento, online, das quais participam pessoas de fora, produtores, seus parentes e funcionários. Esse é o público prioritário para nós. No nosso processo seletivo, existe o público geral que, de modo geral, não tem vínculo com produtor rural, seja familiar ou profissional. Eles entram como um público geral para concorrer normalmente às vagas. E nós temos o público prioritário. Quem são? Produtores rurais, familiares de produtores rurais ou colaboradores produtores rurais. É a forma de a gente devolver a arrecadação que vem do produtor rural”, justificou.

Cavalca detalhou a atuação do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte, cuja sede está localizada dentro da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS. “Nós fomos contemplados como o segundo Centro de Excelência do Brasil. […] Neste momento de pandemia, a gente está realizando as aulas dos cursos online, mas são cursos presenciais com duração de dois anos e, como a gente já sabe, 100% gratuitos para quem faz. E são cursos com muita prática, realmente capacitam bastante o colaborador”, comentou.

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Cavalca informou como o produtor rural pode solicitar um curso para ser feito na região onde está a sua fazenda ao observar demandas pontuais. “Às vezes um curso muito pontual, que exige muita prática, e se a propriedade tem a possibilidade de ter uma sala de aula, que pode ser improvisada num escritório, em alguma estrutura, esse cursos podem ser feitos dentro da fazenda. A exigência é que tenha no mínimo 12 a 15 participantes no curso. Então, se é uma propriedade grande com muitos colaboradores, ele pode acontecer ali dentro. Por exemplo, uma usina de álcool e açúcar que tem uma alta demanda por operação de máquinas, esse curso pode ser feito todo lá dentro para não ter o deslocamento dessa máquina para o sindicato e tudo mais. Isso pode ser desenvolvido lá dentro, sim”, exemplificou.

“Se um pequeno produtor tem algumas vacas e quer fazer um curso de inseminação para os funcionários dele, mas ele tem dois ou três colaboradores, ele pode chamar um vizinho e outro, juntos eles conseguem seis pessoas, por exemplo, e o colaborador do sindicato rural da cidade arruma outras seis pessoas, já se forma uma turma de 12 pessoas para desenvolver o curso sem problema nenhum”, acrescentou.

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Cavalca apontou ainda como os interessados nos cursos podem buscar a agenda e programar a participação. “No site do Senar, aqui em Mato Grosso do Sul, senarms.org.br, tem todos os cursos. […] Para quem quiser ser nosso aluno, vai ser um prazer receber todos vocês aqui. Nos outros estados, visite os sites regionais do Senar. E para o produtor que não tem acesso a internet, de repente para quem está em uma fazenda ou outro lugar onde não há acesso, ele pode procurar o sindicato rural da cidade dele, ele vai ter todo esse acesso aos nossos cursos”, convidou.

O veterinário ressaltou a importância da capacitação dos profissionais interessados em ingressar e permanecer no agronegócio. “Antigamente, quando o menino não estudava, a mãe falava: ‘se você não estudar, você vai para a fazenda’. Hoje é o contrário. Hoje você precisa estudar para você ir para a fazenda. O agro mudou muito. A gente precisa de pessoas técnicas qualificadas. Vou dar um exemplo simples: hoje um trator, um implemento agrícola grande chega a custar mais de R$ 1 milhão. Você não vai colocá-lo na mão de uma pessoa sem capacitação. Ele é controlado por GPS, por nuvem. Um joystick comanda a máquina. Não dá para colocar na mão de qualquer pessoa. A pessoa tem que ser capacitada para isso. Na pecuária, está a mesma coisa. Um pouquinho mais lento do que a agricultura, mas está caminhando para a mesma coisa. Você já tem reconhecimento facial de bovinos, já tem gente trabalhando para predizer uma infecção, um problema pós-parto numa vaca pela ruminação dela no último mês pré-parto. Então está muito avançado. Tem que estudar para se qualificar no agro”, opinou.

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A entrevista completa com Gustavo Cavalca, consultor técnico do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Senar-MS, pode ser vista pelo player abaixo:

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