Produtividade do rebanho pode saltar até 33% com uso de heterose

Cruzamento do Nelore com raças taurinas, como o Limousin, oferece vantagens em características como produção de carne, leite e desenvolvimento, explica veterinário

Nesta terça, dia 04, o Giro do Boi deu sequência a uma série de entrevistas sobre as raças que contribuem para a melhoria da produtividade do pecuarista de corte brasileiro e também da carne que ele produz. O convidado de hoje foi o médico veterinário Pedro Nunes, superintendente técnico da Associação Brasileira de Limousin.

Segundo Nunes, o taurino continental existe há cerca de 7 mil anos, sendo, portanto, uma raça muito pura e selecionada naturalmente para a produção de carne. Presente no Brasil desde a década de 1970, foi utilizada com sucesso quando combinada à “raça mãe” do rebanho do País. “No cruzamento industrial nós temos uma grande vantagem, principalmente na cruza com o Nelore no Brasil, a raça predominante em nosso país. É quando nós temos a heterose, que é o vigor híbrido da raça, resultado do choque de sangue entre as duas raças”, explicou o veterinário.

“Duas raças se complementam e divinamente, podemos dizer assim, e gratuitamente vem essa heterose, que pode dar até 33% de vantagem no cruzamento, tanto em produção de carne, como em produção de leite, desenvolvimento, todas as características produtivas são dadas gratuitamente aos pecuaristas”, salientou.

Atualmente, touros da raça já são observados cobrindo vacas a campo em todo o Brasil, incluindo estados como o Acre e o Pará. “Todas as raças têm suas qualidade. E várias delas são complementares nessas qualidades. Isso é o mais interessante que eu vejo. Se pegar uma raça britânica que tenha precocidade interessante, que tenha acabamento de gordura interessante, e utilizar uma raça continental que tem a característica de trazer forte musculosidade para o rebanho, como é o Limousin, o lucro do produtor de carne está justamente aí. É no volume de carne que o criador vai ter utilizando raças complementares dentro de um sistema de produção”, exaltou Nunes.

O veterinário ponderou que, no entanto, existe um fator fundamental para o sucesso do sistema produtivo dos pecuaristas, que é planejamento. Para o especialista, o produtor deve ter um objetivo claro para obter resultado satisfatório com o cruzamento. “O Limousin está aí para ajudar na produção de carne e os invernistas, os criadores estão enxergando esta produção do Limousin. […] E a procura por sêmen está muito grande, em que nós temos procura tanto por sêmen de animais Limousin de coloração tradicional, que é a vermelha, ou marrom, quanto da coloração preta”, constatou.

O superintendente da Associação Brasileira de Limousin informou ainda que entre as principais evoluções da raça está uma descoberta feita por pesquisadores na Austrália, na Universidade de Adelaide, e no EUA, na Fundação Norte Americana de Limousin (NALF), que identificaram um gene que determina um aumento no rendimento da porção comestível (músculo e depois carne) em bovinos. É o gene denominado “miostatina F94L“. A grande notícia é que este gene ocorre em 83% dos animais da raça Limousin. A segunda grande notícia é que em 68% dos bovinos Limousin, estes genes são homozigotos, ou seja, 100% dos filhos nascidos destes indivíduos terão pelo menos um dos pares do F94L. “Isso leva a explicação de por que o Limousin tem um grande rendimento de carcaça e um grande rendimento de carne comestível. E leva-nos também a certificar o quanto a raça Limousin pode colaborar no avanço da produção de carne em todo mundo”, apontou Nunes.

Veja a entrevista completa do veterinário e superintendente da associação da raça no player abaixo:

Sair da versão mobile