Posso economizar na ração de engorda usando mais cevada na dieta do gado?

Criador do Espírito Santo quer saber se pode substituir ração de terminação da sua garrotada pelo suplemento; veja resposta do zootecnista

O pecuarista Leonardo Piana, da região de Marechal Floriano, no Espírito Santo, contou em mensagem ao Giro do Boi que trata sua garrotada a pasto e sal mineral com um suplemento de cevada. Na engorda, a cevada continua sendo servida junto a uma ração. Sua dúvida é se ele pode aumentar o volume de cevada servida ao gado, economizando com esta ração.

O pecuarista foi atendido no quadro Giro do Boi Responde desta segunda, 22, pelo zootecnista Caio Vargas, consultor técnico da Trouw Nutrition.

O especialista explicou o conceito da suplementação para o gado e quais os valores nutricionais da cevada. “O que a gente define como suplemento? É tudo aquilo que pode ser fornecido diretamente aos animais que possa melhorar o balanço nutricional. Quanto à cevada, nós temos basicamente dois tipos. Tem a cevada que é resíduo úmido de cervejaria, que é um material que pode ter entre 15 a 20% de matéria seca, então é um alimento bem úmido e tem um teor proteico na casa dos 20 a 25%. E nós temos também o grão de cevada, que é o grão seco. É um material que tem matéria seca bem mais alta, acima dos 80%, e um teor proteico médio, na faixa de 14 a 16%”, especificou.

O consultor alertou quanto ao uso da cevada úmida por conta do alto volume a ser fornecido para cumprir o objetivo de desenvolver a garrotada.

“Eu acho válido ressaltar que no resíduo úmido de cervejaria, como a gente tem uma alta umidade nesse material, nós precisamos fornecer grandes quantidades para o animal para ter o mesmo objetivo na comparação com o fornecimento do material seco, porque o que vai realmente contribuir para o desempenho do animal é o teor de matéria seca. […] Se a gente der 1 kg do resíduo úmido de cervejaria, nós estaremos dando em torno de 200 a 250 gramas de matéria seca deste produto”, atentou.

No caso do fornecimento da cevada úmida da cervejaria, a operação do suplemento deve ser bem ajustada para evitar prejuízos. “Outro ponto que a gente tem que tomar cuidado é que como vamos fornecer grandes quantidades, temos que nos atentar à linha de cocho para esses animais e também à questão de estocagem desse material dentro da propriedade. A cevada contribui desde que a propriedade esteja próxima ao local que fornece esse material, para a gente ter também uma economia em frete e a questão de logística de fornecimento e chegada do material novo para que isso não estrague dentro da fazenda”, ponderou.

Vargas também comentou se o produtor pode economizar com a ração de engorda da garrotada fornecendo somente a cevada. “Ela até ajuda. Ela vai contribuir com um pouco de teor proteico para o animal. Mas eu vejo da seguinte forma: se nós colocarmos ela dentro do balanço nutricional, então formular uma dieta e usá-la na formulação de uma dieta com algum outro material, nós podemos incrementar os ganhos. De repente, se usar para fazer um proteico energético ou algum outro material do tipo, a gente consegue agregar, sim”, disse o zootecnista, sugerindo sua combinação dentro de uma dieta especialmente formulada para os animais em terminação.

Para potencializar o consumo da cevada, o consultor de uma dica. “Uma dica que eu daria é talvez fornecer esse suplemento nas horas mais quentes do dia. Às 10h da manhã, às 15h, para que a gente não tenha o efeito substitutivo, ou seja, para que o animal não consuma o suplemento e deixe de consumir capim”, explicou.

“Pode, sim, usar a cevada na fazenda. Tem que fazer as contas de custos do transporte desse material porque, a cada tonelada, nós estamos transportando 200 quilos de matéria seca e 800 quilos de água. Então tem que tomar esse devido cuidado e também questão de armazenagem”, resumiu.

O zootecnista também lembrou da importância de consultar um profissional da área para não prejudicar o desempenho dos animais. “Ademais, consulte sempre um nutricionista que possa te ajudar, possa fazer um balanço entre partes energética, proteica, micro e macrominerais e, de repente, algum aditivo que possa potencializar o desempenho dos animais”, concluiu.

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