Por que é difícil abrir mão do confinamento mesmo quando os insumos estão caros?

Pesquisador da Embrapa projetou que adoção da engorda em cocho seguirá tendência de crescimento linear e contextualizou os dez pecados capitais do confinamento

O confinamento tem uma característica que à medida que a pessoa o incorpora em seu sistema de produção, ele passa a fazer parte e é difícil abrir mão”, analisou em em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, dia 19, o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em ciência animal e pastagens Sérgio Raposo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.

O agrônomo explicou a colocação, destacando que em 2021 a intensificação da engorda superou mesmo o aumento do custo. “O interessante é que apesar dos insumos estarem caros, a arroba está valorizada. Isso explica também. E vamos torcer para que o mercado continue aquecido e que a gente tenha uma retomada no mercado interno, aumento de consumo interno, que seria muito bom”, considerou.

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Por isso, mesmo em meio a dificuldades, Raposo projetou que a atividade seguirá sua tendência de crescimento linear. “Na hora que o pecuarista incorpora o confinamento no sistema de produção, ele passa a ser necessário. Por isso é muito importante que mesmo que você tenha em um ou outro ano um resultado negativo nas arrobas produzidas engordadas em confinamento, ou seja, mesmo se você está gastando mais para engordar a arroba do que se vai receber, (acaba compensando) pelas arrobas estocadas, pois você entrou com valor do custo da pastagem e também porque você liberou pastagens. Nos animais que estarão na pastagem, o desempenho é melhor e você vai manejar melhor a pastagem, correndo menos risco de degradação. Esse pacote como um todo justifica você ter o confinamento, tanto que o confinamento é de adoção crescente. Se você pegar os últimos 20 anos, a adoção é crescente e eu acredito que vai continuar sendo assim. Vai continuar a aumentar o número de animais confinados por essas vantagens que ele traz”, opinou.

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Além do benefício de aumentar a produtividade dentro da porteira e resolver alguns gargalos da estacionalidade forrageira, o confinamento atua também na ponta do consumo, oferecendo uma carne de maior qualidade.

“A gente inclusive tem que fazer um esforço cada vez maior, e isso é muito importante para o pecuarista entender, que encantar o consumidor é a maneira que você vai fazer ele ficar cada vez mais fiel ao seu produto. […] Apesar de o ser humano como um todo ter o desejo de certa forma natural pela carne, e carne bovina em especial, eu acho que a gente não tem que menosprezar os nossos concorrentes, especialmente no caso particular de homogeneidade. […] O frango nunca desaponta. Mas a carne bovina, às vezes a gente come uma carne muito boa e outras vezes até se arrepende da compra. É isso que pode atrapalhar o aumento do consumo. Quer dizer, se a gente menosprezar esses competidores, que apesar de serem menos desejados, […] eles têm essa característica de serem menos surpreendentes do ponto de vista tanto positivo quanto negativo. Eles entregam o que as pessoas estão esperando e a gente precisa fazer isso também na pecuária bovina”, comentou.

COMO MANTER O CRESCIMENTO LINEAR DA ADOÇÃO DA ENGORDA EM COCHO?

O objetivo de Raposo em sua entrevista ao Giro do Boi foi, na verdade, contextualizar artigo em que descreveu aqueles que considera os dez pecados capitais do confinamento:

1 – Improviso;
2 – Problemas nas instalações;
3 – Tratamentos sanitários insuficientes;
4 – Seleção inadequada de animais;
5 – Lotes heterogêneos;
6 – Dieta inadequada (receita de bolo);
7 – Falta de adaptação ou adaptação insuficiente;
8 – Manejo da alimentação inadequado;
9 – Ponto de abate: Manutenção de animais terminados;
10 – Menosprezo à importância da água!

“A gente, na experiência, acompanhando confinamentos, palestras sobre o tema e conversando com os colegas, analisando experimentos, vai vendo quais são os pontos principais de atenção que a gente deve ter e algumas coisas que a gente vê que as pessoas acabam errando, ou por não fazer ou por não fazer da melhor forma possível. Por isso eu juntei (os ‘pecados’) e usei esse título chamativo, porque são pequenos erros, ou imperfeições, que se o pecuarista prestar atenção, ele tem possibilidade de ter resultados melhores. Se ele não comete esses dez pecados, a possibilidade de ele ter um resultado melhor no confinamento é maior”, tranquilizou.

O artigo completo com a opinião de Sérgio Raposo sobre os erros mais comuns da engorda em cocho – e como corrigi-los – segue disponível no link abaixo:

+ Pecados capitais do confinamento: os dez principais erros da engorda em cocho

Assista no vídeo abaixo a entrevista completa com Sérgio Raposo:

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