Pesquisador revela "técnica" que não deve ser usada na reprodução de bovinos

Em entrevista ao Giro do Boi, José Bento Ferraz apontou as oportunidades para o Brasil ganhar ainda mais mercado para a sua carne melhorando a reprodução de bovinos

Entre as várias ferramentas, técnicas e novas tecnologias que já estão ajudando o pecuarista de cria a melhorar o desempenho da reprodução de bovinos, uma delas deve ser descartada.

Foi o que salientou em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, dia 11, o médico veterinário, doutor em genética e professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP de Pirassununga (FZEA-USP), José Bento Sterman Ferraz.

De antemão, o pesquisador esclareceu sua colocação. “Existem mil técnicas para a gente fazer, agora existe uma técnica que não pode ser usada, que é você usar boi de boiada, boi cabeceira de boiada. O boi cabeceira de boiada serve para mandar para o frigorífico. Existem bons touros na cabeceira de boiada? Pode ser, mas é como você pegar o seu negócio e usar o pior insumo só porque ele é mais barato”, comparou.

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CONSUMO DE CARNE

Acima de tudo, usar os melhores insumos na reprodução de bovinos será uma necessidade da pecuária brasileira. Conforme justificou Bento, para que o consumo de carne vermelha per capita suba novamente da atual casa dos 26 kg por pessoa ao ano para 39 kg, como foi no auge tempos atrás.

“Então somente para voltar o que a gente tinha há três ou quatro anos, nós precisamos de mais ou menos 20 milhões de bezerros”, calculou.

“E de onde é que eles vão sair? Nós matamos um monte de matrizes e matamos novilha aos montes e nós não temos mais vaca para produzir isso tudo. Então nós temos que aproveitar essa vacada que nós temos e sair dos 65% de desmama, que a média nacional em relação à quantidade de vaca, para perto de 80%, e fazer isso voando!”, sustentou o professor.

Ao mesmo tempo, Bento disse que abriu-se uma janela de oportunidades para o Brasil, com a impossibilidade de outros países crescerem em termos de produtividade de alimentos.

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TOURO É INSUMO

“E isso é investimento, não é despesa. Touro é insumo. É que nem adubo. Quem é que plantador de soja e milho que deixa de usar adubo só para ser ‘natureba’? Ninguém! Quem é que guarda a semente na lata para plantar o ano que vem? Ninguém! Todo mundo compra a melhor semente, o melhor adubo e isso é extremamente relevante”, advertiu.

Em seguida, Bento sustentou que “touro tem que ser encarado assim”. Para tanto, o mercado de reprodução de bovinos está oferecendo as ferramentas necessárias.

BEM ATENDIDOS

Conforme analisou José Bento, o Brasil tem vários programas de avaliação bons e sérios. “Então nós temos que usar esse tipo de informação, seja usar animais registrados, os tais PO, seja usar animal de CEIP. O que nós precisamos usar é animal aprovado. Não é só que passou por uma prova, é que se tenha sido aprovado como animal superior”, frisou. Segundo Ferraz, a recomendação se aplica à inseminação artificial também.

Em seguida, Bento também ponderou que os produtores devem rever critérios de usar animais top 1%, top 0,1%, uma vez que os objetivos de cada seleção e de cada rebanho são diferentes. “O nosso negócio é carne quantidade com qualidade”, justificou.

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Do mesmo modo, Bento elogiou as iniciativas de seleção para a reprodução de bovinos no Brasil. “Eu acho que nós temos excelentes fornecedores de material genético. A ABCZ está fazendo um programa de modernização do seu trabalho, no caminho certo. Os programas de CEIP sempre fizeram um trabalho extremamente sério. Quem usa touro ceipado, volta a usar a vida toda. Deixa de usar as conversas fiadas de animais de exposição, animais famosos”, opinou.

Em suma, disse o pesquisador, “o Brasil é muito bem servido e o que precisa é do pecuarista entender que tecnologia é necessário para o aumento de produtividade”.

CANAL RURAL 25 ANOS

Por último em sua entrevista ao Giro do Boi, José Bento parabenizou o Canal Rural por completar nesta quinta, 11, 25 anos em atividade.

Em suma, o pesquisador falou sobre o papel “extremamente importante” da emissora na divulgação do conhecimento. “Eu gosto muito de participar das entrevistas com você e de seus colegas jornalistas sérios na área rural porque é a chance que a gente tem de fazer com que os conhecimentos científicos cheguem ao produtor. E o nosso trabalho só tem algum sentido se chegar no campo. Enquanto não chegar na vaca, no boi, no solo e na pastagem, nosso trabalho não presta para nada. E eu parabenizo o grupo do Canal Rural porque faz um trabalho excelente. […] Vocês fazem um trabalho maravilhoso, digno de uma imprensa séria, que está tão em falta nesse Brasil atual”, declarou, em conclusão.

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Por fim, assista a entrevista completa com José Bento Ferraz ao Giro do Boi desta quinta, 11:

Foto: Reprodução / Embrapa Gado de Corte

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