Quatro passos para começar o pastejo rotacionado

O que você precisa saber sobre planejamento, definição de área, colheita de pastagem e adubação para introduzir o sistema rotacionado na sua fazenda?

Nesta terça, 22, o engenheiro agrônomo, mestre, doutor e pós-doutor em ciência animal e pastagens Bruno Carneiro e Pedreira, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, concedeu entrevista ao apresentador Marco Ribeiro no Giro do Boi para prestar serviço aos pecuaristas que têm dúvidas sobre pastejo rotacionado.

Segundo Pedreira, são quatro os passos fundamentais para quem quer começar a utilizar o sistema. Veja a explicação abaixo.

1 – PLANEJAMENTO

“A gente sempre recomenda que a reforma de pasto primeira precisa ser planejada. Eu não posso decidir em outubro ou novembro que hoje eu vou reformar um pasto. O planejamento vem sempre na intenção de ajudar a sempre fazer melhor e bem feito. Se eu puder me organizar durante a estação seca qual é o pasto que vou reformar, comprar os insumos, sementes e tudo o que preciso, aí quando as chuvas se estabilizam é o momento ideal de começar. Dependendo de onde o pecuarista está, ainda tem oscilação de chuvas em outubro, mas de novembro adiante as chuvas estão mais estáveis e eu particularmente gosto de começar daí pra frente pra que tenha dezembro chovendo e a partir de janeiro e fevereiro você possa, ainda dentro desta safra, no verão, utilizar estes pastos. O que é importante trazer pra reforma de pasto é que à medida que tem o custo, eu preciso usar o quanto antes. Eu gosto de fazer a comparação muito com os colegas agricultores, que estão sempre na outra safra. Agora o que está no chão está plantado, acontecendo. Eles estão preocupados com o ano que vem”, recomendou o agrônomo.

Pedreira listou ainda uma série de indicadores que o pecuarista tem que apurar para elaborar seu planejamento. “O que você espera para o ano que vem? Qual foi sua taxa de lotação neste ano? Quantos bois você abateu? Como você passou a seca: bem ou não? Preciso folgar as pastagens ou posso apertar um pouco mais nas águas? Ajusto o planejamento de compra e venda de animais para dar uma folgada na seca?”, indagou.

2 – COMECE PEQUENO

“Tudo que começa grande corre riscos maiores, então se eu começo pequeno eu aprendo a manejar, a adubar”, aconselhou o pesquisador. “A sugestão é que se comece a fazer isso em 20% a 30% da área pra que aprenda qual a capacidade de suporte deste lugar e, na estação seca, se você não tiver quantidade toda de comida, talvez possa usar outras áreas da fazenda com pastejo diferido (feno em pé), por exemplo, em outras áreas que não estão tão intensificadas.

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3 – APRENDA A COLHER O PASTO

“É uma questão comum chegar em fazenda que iniciou adubação e faltou boi”, apontou Bruno. “É um erro comum de se encontrar porque o rotacionado anima demais a gente, a gente vai aumentando a taxa lotação, vai dividindo cada vez mais os pastos… Às vezes a gente esquece que o período seco vai chegar e nem sempre se programa para ele. Eu preciso estar sempre com um pedaço da área esperando uma estação seca, pode pensar em diferimento, ter confinamento na fazenda pra balancear esta diferença entre estação seca e chuvosa, pode pensar em ILP, onde tem área que depois de soja vai vir com uma Piatã, uma Paiaguás, onde vai ter um belo de um pasto na estação seca e você consegue ter equilíbrio”, explicou.

Pedreira destacou ainda outro indicativo importante para ter em mente na hora de otimizar a colheita das forrageiras. “São as alturas de recomendação para cada capim. Por exemplo, o Zuri hoje a gente sabe que deve entrar com gado aos 80 cm de altura e sair com 40 cm. Se parto do pressuposto que vou entrar sempre a 80 e sair com 40 cm, eu entro no meu rotacionado e posso colocar mais ou menos bois pra fazer com que isso aconteça com mais ou menos velocidade. Para quem fez adubação, vai atingir a altura de maneira muito mais rápida. Aí eu giro o sistema de forma mais rápida ou eu aumento a taxa de lotação, vai muito da sensibilidade do dia a dia no campo pra não perder o capim produzido”, frisou.

4 – ADUBE

“Quando a gente parte pro sistema de rotação, a gente tem que estar preocupado sempre com a capacidade de suporte do sistema, com o planejamento dele, e normalmente isso desencadeia na necessidade de adubar. Se vou começar a adubar, preciso lembrar que este vai ser o componente mais caro que vai entrar nesse processo. […] Esta adubação tem que começar sempre no período chuvoso, normalmente depois que a gente tem as chuvas bem estabilizadas e sempre após um pastejo. Na hora que termina o pastejo, a planta forrageira tem a necessidade de ter reservas para crescer. Aí a gente entra com nitrogênio e potássio para garantir o próximo ciclo”, resumiu.

Veja na íntegra as recomendações de Bruno Carneiro e Pedreira no vídeo abaixo:

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