Pesquisa indica fatores para pecuarista obter produtividade 840% superior à média nacional

Apesar de simples, o manejo que leva a este aumento de desfrute ainda está longe de ser comum na realidade da pecuária brasileira; saiba quais são as mudanças necessárias

A média nacional de produtividade da pecuária de corte atualmente gira em torno de apenas quatro arrobas por hectare ano. Mas um experimento feito pelo feito pelo Grupo de Pesquisa em Forragicultura da Universidade Federal de Uberlândia-MG, o Gepfor, dentro do projeto Boi a Pasto, conseguiu um índice 840% maior do que esta média nacional, considerada muito baixa. O segredo? A associação entre o uso de uma forrageira híbrida, com potencial genético superior, e, principalmente, um bom manejo de pastagem.

Quem falou sobre o tema hoje ao Giro do Boi foi o coordenador do projeto Boi a Pasto, o mestre em zootecnia e doutor em ciência animal e pastagens, Leandro Barbero, professor e pesquisador da UFU. O grupo trabalha com o estágio final de estudos de híbridos de Brachiaria, avaliando altura de manejo, adubação, adaptação dos materiais genéticos às diferentes condições encontradas nas fazendas e aceitação e desempenho dos animais no pastejo destes híbridos.

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Neste momento, 30 variedades híbridas participam de ensaios no projeto, sendo que, destes, cinco estão em pastejo, como mostra a foto em destaque. “A gente tem notado que os materiais apresentados têm produção de forragem maior do que os materiais que comumente são utilizados no país. Além disso, a produção animal tem sido superior. Isso mostra que o processo de melhoramento surtiu efeito ao criar um material mais produtivo, com resultados interessantes”, avaliou Barbero.

Foi nestes estudos que o grupo de pesquisa conseguiu obter índice de produtividade até 840% superior à média nacional, produzindo quase 34 arrobas por hectare/ano frente às 4@/ha/ano. “Só que isso não é só atribuído ao híbrido. Esse mérito é principalmente do manejo correto do pasto. O que nós fazemos hoje é identificar o manejo correto destes híbridos. A gente sabe que a genética do material é superior, e o que nós precisamos fazer enquanto pesquisadores? Precisamos definir como manejar esse material pra quando o produtor adquirir essa semente e fazer implantação do material na sua fazenda, ele já ter um pacote tecnológico de como manejar esse pasto. Se ele adquire um material de genética superior e maneja ele da forma correta, ele consegue, sim, chegar a índices de produtividade semelhantes a esse que conseguimos na pesquisa”, encorajou o pesquisador.

Durante sua entrevista ao Giro do Boi, Barbero deu dicas de como escolher o melhor híbrido para cada realidade, ponderando que, dentro de uma mesma fazenda, às vezes mais de uma espécie precisa ser utilizada. Variáveis como ocorrência de pragas, como a cigarrinha, e solo seco ou encharcado, indicam que híbridos diversos podem ser utilizados em piquetes diferentes.

Em conversa com o apresentador Marco Ribeiro, o professor da UFU listou ainda três pontos para o pecuarista que vai escolher o seu híbrido levar em consideração.

“O primeiro ponto é que não é qualquer cultivar que pode se adequar à situação de sua fazenda, então você precisa procurar um técnico bem qualificado, identificar as características do material e, aí sim, escolher a semente e fazer a implantação desse material dentro da fazenda. O segundo ponto é adquirir esses materiais de empresas idôneas. Sementes de qualidade, sementes certificadas e um processo de teste destes materiais sendo feito por entidades certificadas. O terceiro ponto, e talvez o mais importante, é respeitar as condições de manejo da planta. Respeitar, no caso do pastejo rotacionado, as alturas de entrada e saída e, no caso da lotação contínua, respeitar a altura de manutenção dessa planta. Fazendo isso, com certeza a gente vai aumentar e muito a produtividade da nossa pastagem e, consequentemente, a rentabilidade da pecuária”, concluiu.

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