Pecuarista não pode tomar a decisão do ano olhando o preço do dia, aponta analista

Autor do livro "Economia da pecuária de corte - Fundamentos e o ciclo de preços", Ivan Wedekin alertou que o pecuarista que insistir no modelo tradicional poderá deixar atividade

Enquanto a produção brasileira de carne bovina está estagnada, a proteína perde espaço para suas concorrentes, como o frango e o suíno. Foi o que pontuou ao Giro do Boi nesta manhã de quarta, 08, o engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e analista de mercado Ivan Wedekin, diretor da Wedekin Consultores e autor do livro “Economia da pecuária de corte – Fundamentos e o ciclo de preços”.

Ao mesmo tempo, contudo, do ponto de vista estrutural, a atividade passa por uma profunda transformação, acrescentou Wedekin. “São os agropecuaristas inovadores que vão gerar eficiência na pecuária”, indicou o consultor, afirmando que é esta inovação no setor que vai fazer com que a carne bovina se torne mais competitiva frente aos seus concorrentes externos, como outros grandes países produtores, ou internos, no caso de outras proteínas, que, ao menos por ora, têm uma cadeia produtiva mais coordenada.

“Esse ano praticamente já está resolvido, com o preço milho subindo agora pelo atraso (no plantio) ou pela falta de chuvas em áreas importantes. Mas o produtor tem que ter um ritmo de produção, tem que tocar como se fosse uma indústria. Ele não pode ficar olhando o preço do dia pra tomar a decisão do ano. A caravana tem que andar, a fazenda tem que cuspir boi para fora da porteira, tem que vender boi de maneira a fazer o negócio girar”, explicou o agrônomo.

Wedekin afirmou que é possível transformar a pecuária em uma atividade de renda fixa, evoluindo a tal ponto que o pecuarista pode saber antecipadamente o custo da ração, do milho, do boi magro e demais insumos necessários para a operação.

“O desafio da pecuária é ganhar eficiência para que o boi possa competir, bater concorrentes lá fora e no mercado interno. As cadeias de aves e suínos estão ganhando mais eficiência e (as carnes) ficando mais baratas para o consumidor”, alertou.

“Eu tenho absoluta convicção de que dentro dos próximos 15 anos o Brasil será o maior produtor de carne bovina do mundo, só que o mercado vai mudar muito neste período. Quem insiste no modelo tradicional, quem não investir na pecuária, vai ficar pra trás”, previu.

Veja a entrevista completa clicando no vídeo abaixo:

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