CAPIM TURBINADO

Pastagem: 21 dicas para “acertar em cheio” no manejo e adubação

Confira as recomendações na entrevista com o engenheiro agrônomo Wagner Pires. O especialista em pastagens respondeu às dúvidas dos telespectadores do Giro do Boi

A pastagem é o alimento mais barato para a alimentação do gado. Estas 21 dicas vão fazer os pecuaristas acertarem em cheio no manejo e adubação da forrageira. Assista ao vídeo abaixo e confira.

O Giro do Boi desta segunda-feira, 20, recebeu mais uma vez o engenheiro agrônomo Wagner Pires. O especialista em pastagens tirou a dúvida de diversos telespectadores.

Pires é pós-graduado na área de pastagens pela Esalq-USP e um dos principais embaixadores de conteúdo do Giro do Boi. Ele é consultor do Circuito da Pecuária e autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z”.

  1. Qual capim é indicado para fazer piquetes irrigados? A terra é boa, no entanto, preciso usar fertilizante para repôr o solo quando o gado sair? Queria uma opção de capim que tivesse um crescimento rápido e alto aproveitamento da matéria. A região é quente na maior parte do ano.

Irrigação por pivô central em áreas de pastagem. Foto: Reprodução
Irrigação por pivô central em áreas de pastagem. Foto: Reprodução

— Douglas Badaró, de Guanambi (BA).

Wagner Pires: Você deve usar um capim de alta produtividade um capim que produz mais massa e nesse caso seria as variedades de Panicuns como o Paredão, Zuri e Quênia. Também temos braquiárias híbridas no mercado fantásticas. E a reposição dos adubos do solo é obrigatória.

  1. Qual o herbicida é recomendado para pastagem infestada por ervas daninhas como o Meloso (ou erva branca) e Malícia (dormideira)?

— Joaquim Neto, de Cachoeira Alta (GO)

Wagner Pires: Hoje a gente tem no mercado uma linha diferenciada de produtos que é a linha Ultra-S da Corteva. Essa linha tem a condição de atender numa dosagem menor e com um melhor resultado. No entanto, também tem muitos outros produtos que você pode pode estar trabalhando e que estão disponíveis no mercado.

  1. Quando a pastagem está muito degradada devido à geada e a falta de chuva, tem algum manejo que posso fazer sem ter de arar a terra novamente?

Área com pastagem degradada em Ipameri (GO) em março de 2012. Foto: Breno Lobato/Embrapa Cerrados

— Edilene Betti, de Caldas (MG) 

Wagner Pires: Você pode fazer o que a gente chama de descompactação de solo ou uma aeração do solo. Existe um implemento muito bom no mercado que ele faz uma aeração. É um rolo com muitas facas, ele fura o terreno e vai permitindo a melhor entrada da água e deixa o solo mais aerado.

  1. Gostaria de receber informações sobre manejo de pastagem em área de morro. A minha região é seca.

— Queila Alessandra Alves, do norte fluminense

Wagner Pires: Você tem que partir para gramíneas de crescimento decumbente, estolonífero e rizomatoso. Um capim decumbente é um capim que deita como a Brachiaria decumbens, quer dizer, ele prostra no chão. Estolonífero quer dizer que ele vai crescendo pelo solo e vai se enraizando e aí ele vai protegendo o solo. E rizomatoso porque ele caminha por baixo da terra, aí nós temos o Tifton. Esses capins você pode plantar na encosta do morro que nunca você vai ter erosão.

  1. Fiz silagem com capiaçu, em sacos, com inoculante, quando posso oferecer a silagem para o gado? Pode ser imediato ou tenho de esperar?

Silagem de capiaçu. Foto: Divulgação/Embrapa

— Sergio Afonso, de Marília (SP)

Wagner Pires: É melhor esperar um pouco porque toda a selagem quando você faz, seja em sacos, seja em trincheiras e seja em superfície, ela passa por um período de fermentação. Primeiro acontece a fermentação aeróbica depois a fermentação anaeróbica. Esse processo leva em torno de 30 dias. Passou esses 30 dias você pode abrir e já fornecer para os animais.

  1. Atuo na pecuária e pretendo produzir 50 hectares de silagem de milho. Esta área está carente de calcário, cerca de 3 toneladas por hectare é o suficiente, isso segundo um especialista que fez análise de solo. Minha dúvida é: Se não preparar o solo com o calcário, e plantar o milho sem essa preparação, terei um resultado satisfatório?

— Rafael Pereira da Silva, de Pugmil (TO)

Wagner Pires: A calagem é o começo de tudo. Três toneladas não é uma dosagem pequena é uma dosagem alta. Eu recomendo que você aplicasse 1.500 quilos, depois incorpora no solo, depois aplica mais 1.500 quilos e volta a incorporar. É fundamental.

  1. Qual a recomendação, quantidade de sementes por hectare de Marandu?

Trator em operação de preparação de solo. Foto: Divulgação

— Rodrigo Lopes, de Andradina (SP)

Wagner Pires: Para saber a dosagem é preciso saber o que você está comprando. Você pode estar comprando semente de alta qualidade, semente pura, aí eu vou recomendar menos para você. E aí você pode estar comprando também um saco sementes misturadas com terra e aí a recomendação é outra passa a ser muita. Então é fundamental que a gente saiba o valor cultural. O que eu recomendo: Compre semente boa de alta qualidade e aí você vai usar em torno de 6 a 8 kg por hectare.

  1. Minha fazenda está a 550 metros de altitude, qual o melhor capim para morros manso, sei que a Brachiaria decumbens e a Brizantha são boas, mas não são resistentes à cigarrinha. O consórcio do MG12 Paredão com o Tifton 85 seria uma boa?

— Aldo Soares de Oliveira Junior, mora nos Estados Unidos e possui uma propriedade no noroeste capixaba 

Wagner Pires: Eu recomendaria o Tifton e o Paredão, mas eu não recomendo o Tifton com o Paredão, juntos. Então faça uma área com o Tifton e faça uma outra área com o Paredão. As duas gramíneas excelentes.

  1. Queria saber se o consórcio de Guandu com Capiaçu para vacas de leite dá certo?

Forrageira Capiaçu. Foto: Divulgação/Embrapa

— Alisson Francisco Bozzo, de Presidente Alves (SP)

Wagner Pires: Esse sistema dá certo. Agora o que acontece, o capiaçu tem um ritmo de crescimento e o guandu tem outro. Com isso você pode ter um problema no corte. O que você pode fazer é ter uma capineira de capiaçu e ao lado você tem uma capineira de guandu e aí você corta uma carreira de capiaçu e aí de repente você entra e corta uma outra carreta de guandu. Lá na silagem você vai criando as camadas e vai ficar top.

  1. Tenho o BRS Capiaçu plantado na propriedade, e agora plantamos o milho para misturar com o capiaçu para fazer silagem. Na safrinha, o mega sorgo brasileiro, Santa Elisa ou o BRS-716, são boas opções para misturar com o capiaçu? 

— Everaldo Sanchez de Valparaíso (SP)

Wagner Pires: É uma boa opção sim. E deixa eu contar uma novidade. Está chegando neste ano de 2023 já está em fase de registro uma gramínea excelente para você fazer a capineira. De altíssima qualidade. Prepare-se quem gosta de capineira.

  1. Qual a distância entre as covas para o plantio do capiaçu?

Colheita de capim Capiaçu. Foto: Divulgação/Embrapa

— André Lima, de Contagem (MG)

Wagner Pires: A distância entre as covas na linha você tem que ajustar para o trator que você tem e que vai entrar lá. Então você tem de fazer o cálculo de forma com que a roda do trator jamais passe por cima da linha do capiaçu. Então esse ajuste você vai ter que fazer.

  1. Gostaria de saber se o capim Paiaguás é resistente e se tem boa aceitação por terrenos de campo (onde já tem o capim Agropogon), sendo que esse terreno é de solo maciço com pouquíssima camada de pedra.

— Edivan Silva, Redenção (PA)

Wagner Pires: Eu sou fã do Paiaguás. É um capim muito bom, tem um sistema radicular bastante profundo e é semelhante ao Andropogon.

  1. O que fazer para combater esta praga? Está difícil de controlar. Comecei a arrancar porque veneno não mata.

— Mauricio Dias, de Guarapuava (PR)

Wagner Pires: Eu não sei o nome dessa planta especificamente, mas pelo tipo de planta tem a linha Ultra-S no mercado. É da Corteva. Agora leva um técnico lá para ele avaliar o porte das invasoras, se ela está florescendo ou não e aí ele vai dizer a dosagem que você vai aplicar.

  1. Estou começando a trabalhar na minha segunda fazenda, na região de São Félix do Xingu (PA), com um pequeno rebanho de 25 cabeças. Na minha primeira área, tenho 21 mil metros quadrados e pretendo fazer o pastejo rotacionado com braquiária. Como posso fazer?

Exemplo de pasto rotacionado. Foto: Reprodução

— Mauricio Melo, na região de São Félix do Xingu (PA)

Wagner Pires: Se você colocar uma braquiária híbrida, você vai ter um bom resultado e vai dar certo.

  1. Na Bahia onde o clima é bem definido, 6 meses de seca e 6 de chuva. Eu queria saber sobre o capim Paredão. Ele vai bem na Bahia?

— pecuarista da Bahia

Wagner Pires: O capim Paredão vai bem sim na sua região. O Paredão é um capim bom. Mas quando você tem um período de seca, você deve procurar variedades com boa  resistência ao estresse hídrico e com um sistema radicular mais profundo.

  1. Qual é a melhor variedade de braquiária para o Nordeste?

Gramínea Camelo é uma boa opção para o semiárido brasileiro. Foto: Reprodução

— Gabriel Xavier, de Mato Grosso do Sul

Wagner Pires: A variedade Camelo é uma excelente opção para o Nordeste.

  1. Gostaria de saber as características dos capins Camelo e Massai. 

— Humberto Amaral, de Itapetinga (BA)

Wagner Pires: Os capins são totalmente diferentes. O Massai é um capim de crescimento sespitoso na vertical e de tolseira. É um Panicum. E temos a braquiária que, no caso do Camelo, tem um perfilhamento violentíssimo. É um material de alta qualidade e ele acama mais.

  1. Qual tipo de capim para terra arenosa?

Pasto com capim zuri. Foto: Divulgação/Embrapa

—  Hygino Marinho (pergunta por e-mail)

Wagner Pires: A gramínea gosta de terrenos arenosos e de solos mistos. E a fertilidade deste solo o produtor é quem constrói. Se trabalhar com fosfato reativo e ter alto nível de fósforo num solo arenoso. Então procure gramíneas de alta produtividade como no caso os Panicuns.

  1. Gostaria de saber se as variedades de capim Massai/Colonião e Aruana são adaptáveis ao clima do Nordeste.

— Cesanildo Farias (pergunta por e-mail)

Wagner Pires: O Massai é um capim muito bom. O Colonião já não existe mais. Temos outras variedades de Panicuns, como o Quênia e o Zuri. E temos as braquiárias novas que é o que estamos falando aqui como o Camelo, que é uma braquiária com alta tolerância à seca e dá um excelente resultado.

  1. Tenho uma lavoura de milho com dois hectares da variedade P3016 VYHR. Ela foi plantada com 350 quilos de adubo na linha por hectare e 250 quilos de cloreto a lanço. O espaçamento foi de 50 cm entre as fileiras. A população foi de 4,1 plantas por metro linear. Foi usado 900 quilos de ureia em duas aplicações. Também foi aplicado um fungicida. O solo é fértil e estou irrigando. Estamos passando por um período de seca e a lavoura está TOP. O milho está em fase de enchimento de grãos e as plantas estão saudáveis com uma altura de 2,5 metros de altura. Gostaria de saber qual a capacidade de produção de silagem por hectare desse milho.

— Geremias Wendel, de Tunas (RS)

Wagner Pires:  Quem entra para mexer com silagem tem de mexer para ganhar dinheiro. Tem que fazer a coisa certa. Trabalhar com um bom híbrido. Trabalhar com adubação é fundamental porque quando você corta a planta toda você extrai muito e você extrai muito potássio. Por isso tem de fazer a reposição de nutrientes e plantar na hora certa.

  1. O capim a que pretendo plantar é o MG4 consorciado com Milheto BRS 1501. Vai dar certo?

— Ademir Brito (pergunta por e-mail)

Wagner Pires: Sim, pode dar certo. O plantio do milheto é opcional. Ele complementa um capim muito rápido. O milheto tem dois cortes e depois se acaba, e o MG4 é um material muito bom.

Tem dúvidas? Mande sua pergunta

Confira o vídeo acima e veja na íntegra as respostas enviadas pelos telespectadores do Giro do Boi. Você também pode obter resposta à sua pergunta sobre quaisquer dúvidas que tiver na fazenda.

Envie para o número (11) 95637-6922 (WhatsApp) ou ainda pelo e-mail girodoboi@canalrural.com.br.

 

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