Pandemia impacta consumo de carne bovina na Europa

Especialista diz que além do consumo dos próprios europeus, queda do número de turistas no continente também afeta o setor

No quadro Giro pelo Mundo que foi ao ar nesta quinta, 16, o zootecnista Juliano Jubileu, diretor de exportações da JBS Unifleisch, falou sobre os primeiros impactos da pandemia de coronavírus no consumo de carne no Velho Continente.

Jubileu destacou que a companhia está tomando todos os cuidados com a saúde de seus colaboradores, ao passo que os clientes seguem tendo suas demandas atendidas. Ele reforçou ainda o compromisso de a indústria não deixar desabastecidos os canais de venda de proteína animal na Europa.

“A gente não deixou de manter o contato com o cliente, não deixou de estar na luta e de estar trabalhando e buscando sempre as melhores oportunidades daqueles canais que estão continuando a funcionar”, ressaltou o diretor.

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No entanto, Jubileu ponderou que diversos canais diminuíram substancialmente ou zeraram as demandas pela carne bovina brasileira, como foi o caso de restaurantes e hotéis que, por conta da pandemia, fecharam temporariamente as portas. Com o setor do turismo despencando também, uma importante parte da demanda foi impactada.

“É importante ele (pecuarista) continuar fazendo a lição de casa e continuar produzindo, mas o que é importante ele entender da Europa é que é um mercado consolidado, que escoa muito os cortes nobres, o contra filé, o filé mignon, a alcatra, o filé de costela. Mas, além de a ter demanda intrínseca, a Europa depende muito do turismo e, hoje, o turismo foi muito afetado. Foi e será. Então é difícil de prever hoje o que vai acontecer até com as vendas futuras, mas se a gente colocar num plano o turismo vai ser afetado, a demanda vai diminuir”, declarou.

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Segundo o zootecnista, mesmo com alguns indícios de melhora no cenário, com países mais afetados, como Itália e Espanha, tendo sinais de que o pico da pandemia possa ter ficado para trás, a retomada do consumo deve ser lenta por conta do receio das pessoas em circular no continente, sobretudo nas áreas mais afetadas. Por isso, o executivo afirmou que previsões para o mercado no segundo semestre não podem ser feitas no momento.

Jubileu completou dizendo que, dos cortes normalmente exportados para o continente europeu, o consumo neste momento está voltado mais para coxão mole e lagarto e cortes da roda em geral, que são mais consumidos dentro dos lares do que no food service ou horeca (hotéis, restaurantes e catering, como os serviços dos refeitórios).

Como oportunidade para o setor produtivo, o diretor citou que à medida em que houver retomada deste consumo, a carne brasileira poderá voltar ao mercado europeu com preços competitivos em um momento em que a população estará mais descapitalizada por conta das medidas impostas para conter o avanço do vírus.

O especialista comentou que a pandemia vai afetar também as exportações brasileiras via Cota Hilton, que no último ciclo foi cumprida em cerca de 50% do total disponível, índice que deve diminuir nesta safra.

Veja a entrevista completa no vídeo a seguir:

 

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