Quando um touro produziu bons bezerros e deu certo na fazenda de um parente, ou de seu vizinho, não significa exatamente que ele vai corrigir os problemas do seu plantel de matrizes. Foi o que alertou em entrevista ao Giro do Boi a zootecnista Luiza Mangucci, supervisora comercial da Alta Genetics que em 2020 foi reconhecida pela Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ) com uma das mais influentes profissionais de sua área.
“Foi uma surpresa muito boa no ano de 2020. A gente sabe que o ano passado não foi fácil para ninguém, e eu tive essa grata surpresa. Eu confesso que nem acreditei, mas fiquei muito feliz mesmo e muito honrada com esse título que a Associação Brasileira de Zootecnistas me concedeu. Fiquei feliz demais!”, celebrou Luiza.
Além de celebrar a boa fase pessoal, Luiza reconheceu o momento especial por que passa o mercado de genética de gado de corte no Brasil. “Estamos vindo numa sequência de recordes. Batemos os três milhões de doses, os cinco, estávamos indo para os sete milhões de doses, e agora já batemos e estamos indo para um desafio ainda maior. A gente está vendo esse mercado extremamente aquecido e o nosso desafio desse ano é ainda maior. Se Deus quiser, a gente comemora novos recordes ao final de 2021”, projetou Mangucci.
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“Esse primeiro semestre foi muito positivo, surpreendeu todas as expectativas com relação a venda, à comercialização de sêmen. […] Isso significa que a turma está abraçando a causa do melhoramento genético, de uma pecuária eficiente, de uma pecuária lucrativa, em que a gente busca cada vez mais novas ferramentas para poder conseguir otimizar uma produção mais eficiente dentro da fazenda”, analisou a zootecnista.
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O TOURO QUE FOI BEM NO VIZINHO VAI SERVIR PARA MIM?
Luiza destacou que a escolha do touro – decisão que está sendo tomada por grande parte dos criadores neste momento que antecede a estação de monta – deve ser feita sempre com muito planejamento, seja para avaliar todas as opções corretamente, seja para não ficar sem produtos do touro escolhido.
“Isso é legal de a gente conversar porque traz muita importância ter um planejamento estabelecido, ter um objetivo bem delineado porque o produto que a gente está vendo hoje no campo é a soma do pai e da mãe no campo, ele mostra justamente o resultado desse planejamento, desse delineamento do objetivo da produção. Então é muito importante a gente saber com clareza o que a gente está buscando produzir, o que a gente quer produzir. O principal é a gente entender o que a gente tem dentro da nossa fazenda para poder buscar o produto mais adequado para a minha realidade”, ponderou.
Como cada fazenda tem uma origem diferente das suas fêmeas, que podem ser crioulas ou compradas como reposição, por exemplo, suprir as necessidades e complementar as características de cada plantel exige um “princípio ativo” específico.
“A gente ouve muito a turma falando ‘ah, meu parente usou tal touro e foi muito bem, eu quero usar também’, mas é importante dizer que não é porque ele foi bem no vizinho de porteira (que vai servir pra você). São matrizes de genéticas diferentes, são pastagens diferentes, são manejos diferentes, a gente tem uma série de fatores que influenciam diretamente no resultado desse bezerro. Então eu acho interessante que o pecuarista está tomando cada vez mais isso como uma verdade para si e trabalhando cada vez mais essa questão de trabalhar olhando para o próprio umbigo e não olhar para o vizinho ao lado” , observou.
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Para se ter ideia de diversidade de reprodutores que podem ter características que se complementando melhor com cada necessidade de um plantel de matrizes, Mangucci revelou que somente neste momento, cerca de 500 touros estão coletando sêmen na central da Alta Genetics em Minas Gerais. “Na questão de contratação de touros dentro da Alta, a gente tem as gerências de produtos de corte e de leite, tanto importado quanto nacional, e essas gerências trabalham justamente entendendo a demanda de mercado e daí buscando em ferramentas como a contratação de touros para poder fornecer esses animais para o mercado. Hoje nós temos uma variedade de touros muito grande dentro da nossa bateria porque a gente sabe da grande diversidade de sistemas de produção que a gente encontra hoje em nosso país e, além disso, da grande diversidade de objetivos de seleção. Então é muito importante a gente ter essa diversidade genética dentro da nossa bateria e fortificar cada vez mais a nossa bateria em prol dessa demanda do mercado”, sustentou.
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MISSÃO (QUASE) IMPOSSÍVEL
Mas quando um produtor não conhece bem as suas matrizes e chega em cima da hora da estação de monta sem definir o perfil do doutor, a missão pode ficar impossível. “Hoje na central são mais de 500 touros coletando e nós estamos em meio à Expogenética. O pessoal chega lá e fala que não dá para rodar tudo. Então é imprescindível já ter uma noção do que se busca para a gente conseguir direcionar, porque senão a gente fica vendo tanto touro que uma hora o próprio cliente fala que não tem condição, que a cabeça já está embaralhada, porque é tanto touro que ele pode se perder”, ilustrou.
Mas conhecendo as “dores” que ele tem, o produtor consegue definir o melhor remédio para melhorar a saúde da fazenda de cria. “Às vezes, por exemplo, a gente tem uma dor de cabeça e para cada um funciona um tipo de remédio. São vários remédios que podem ajudar ali, mas para cada pessoa funciona um tipo de remédio. E a gente trabalha mais focado identificando qual é o remédio para aquela doença que vai encaixar melhor. Então basicamente é isso”, interpretou.
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Na sequência, Mangucci apresentou os reprodutores que estão em evidência na venda de sêmen pela central, analisando as características e exaltando as qualidades de reprodutores das raças Nelore, Angus e Hereford.
Assista pelo vídeo a seguir a entrevista completa com Luiza Mangucci, supervisora comercial da Alta Genetics, e veja as imagens dos principais touros na bateria da central na atualidade:
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