O que é bezerro do cedo, como produzir e por que ele é melhor pra fazenda?

Zootecnista informa três pilares para a estação de monta de sucesso, incluindo planejamento genético, para o criador aumentar a produtividade com lucratividade

Os criadores conhecem a expressão bezerro do cedo e sabem ainda das vantagens de produzir este animal. Nesta quarta, 27, o zootecnista pela Fazu e pós-graduado na Esalq Gustavo Morales, pecuarista de quarta geração e que atualmente é gerente de mercado e contas-chave de gado de corte da ABS Pecplan, deu dicas de como chegar até o nascimento deste bezerro do cedo, além de outras considerações importantes para o sucesso da estação de monta.

“Bezerro bom é o bezerro do cedo. Por quê? Porque as fêmeas emprenham no início da estação, que é quando tem maior oferta de forragem e de melhor nutrição. Os bezerros nascem no período seco, ficando menos suscetíveis a doenças, a ecto e endoparasitas. Enfim, tem uma série de coisas que proporcionam uma melhor desmama, uma homogeneidade do lote muito maior e produtividade. E quando você usa IATF (inseminação artificial por tempo fixo) você não tem, na maioria das vezes, a utilização de dez, vinte touros, você tem a utilização de um único touro, que você escolhe para um pacote que esse touro carrega, um pacote genético. Quando a escolha é bem feita, você tem uma padronização da progênie, o que te facilita na hora de escolher, na hora de selecionar os animais que vão ficar no seu rebanho”, explicou Morales.

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Para o sucesso da estação de monta, que leva ao nascimento dos melhores bezerros no período do cedo, Morales destacou três pilares: nutrição, sanidade do rebanho, garantido por meio das vacinas para doenças da reprodução, e planejamento genético.

“Não significa que se você emprenhar uma vaca através da inseminação artificial, automaticamente você estará fazendo melhoramento genético. Para isso a gente desenvolveu um monte de tecnologias, um planejamento para montar um pacote genético que vai, acima de tudo, proporcionar além de uma maior produtividade uma maior rentabilidade, que é o que todo mundo quer dentro da propriedade”, acrescentou.

Morales completou dizendo como a fazenda deve começar este planejamento genético. “O ponto crucial de tudo isso é que primeiro você tem que ver a aptidão da propriedade, a aptidão da região, e aí começar, depois de feita uma boa nutrição, uma boa sanidade, a escolher a genética. E como é que você escolhe a genética? Vendo a aptidão da região que você está, se você vai fazer ciclo completo ou não. Depois disso você primeiro tem que mapear o seu rebanho de fêmeas. Quando você mapeia o seu rebanho de fêmeas, por exemplo, nós temos uma ferramenta que chama-se ZPlan. Você passa fêmea por fêmea, você consegue identificar as fêmeas de maior produtividade que atendem melhor o seu projeto para fazer a sua reposição de fêmeas. Esse é um ponto chave, hoje todo mundo está atrás de fazer uma boa reposição de fêmeas porque, afinal de contas, um bezerro bom não nasce só de um touro melhorador genético. Ele tem que ter uma fêmea boa por trás dele, que emprenhe cedo, que emprenhe da hora certa, que o aleite bem, e dê condições para que ele desmame pesado”, recomendou.

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O zootecnista continuou. “Depois do mapeamento feito, você seleciona os ventres, libera os demais ventres pra você usar, por exemplo, num cruzamento industrial, que você vai aumentar a sua produtividade por área, por quilos de bezerro desmamado, por vaca. Isso é um trabalho, a vaca nada mais é que a fábrica da sua propriedade. E aí, sim, ao final da estação, quem não emprenhar, a gente tem que descartar para fazer a seleção. Depois disso tudo feito, aí você vai pra genética. E na genética você tem vários leques de opção. A princípio você escolhe a genética que você quer usar, o que você precisa incrementar no seu rebanho. Se você quer melhorar sua eficiência alimentar, habilidade maternal, desempenho, desmamar mais quilos de bezerros por ano… Então depois de escolhida a genética que você quer ,você vai atrás de touros que sejam certificados para a IATF, ou seja, que estão acima da média na prenhez pela IATF”, indicou.

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O especialista listou ainda quais é o principal erro do criador na hora da estação de monta. “O grande erro hoje do pecuarista é ele achar que fazendo IATF vai melhorar geneticamente o seu rebanho. Para mim essa é a maior ponderação que eu tenho que fazer. E as pessoas acham que a maior produtividade é a maior lucratividade e nem sempre isso acontece. E o que eu aponto de maior acerto é quando a pessoa que faz um planejamento”, disse.

Gustavo citou que algumas tecnologias contribuem para a execução do planejamento, como por exemplo uso de sêmen sexado para reposição de matrizes do plantel.

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“Através da inseminação artificial você pode tanto acertar como errar. E se você tiver a condição de fazer uma planejamento genético bem feito, há chance de você aumentar a sua produtividade com lucratividade, que é o X da questão. Você vai ter um resultado muito melhor e aí você direciona melhor o sêmen sexado para fazer uma reposição de fêmeas bem feita, libera os demais ventres pra fazer cruzamento industrial”, exemplificou.

Morales celebrou ainda que em meio ao cenário de pandemia, o mercado de inseminação continue firme, inclusive com a empresa comemorando em abril seu segundo melhor mês de vendas da história, o que mostra o otimismo do produtor.

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Confira no vídeo abaixo a entrevista completa como Gustavo Morales:

 

Foto: Ériklis Nogueira / Reprodução Embrapa

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