Nesta quinta, 24, o Giro do Boi tratou de um assunto importante para os pecuaristas de cria que querem valorizar a bezerrada e para produtores de ciclo completo que desejam aumentar o potencial produtivo dos animais crioulos da fazenda. Trata-se da programação fetal, mas desta vez dentro de uma perspectiva prática. O tema foi debatido com o médico veterinário Flávio José Polaco, pecuarista na cidade de Angélica, no Mato Grosso do Sul, onde está localizada sua propriedade, a Fazenda Ypacaraí.
Precisando de índices de produtividade mais altos para competir com as lavouras de cana-de-açúcar da região, a fazenda passou a investir na intensificação de seus sistema produtivo, introduzindo IATF para acelerar o melhoramento genético do rebanho, fazendo repasse somente com touros provados, desenvolvendo um protocolo sanitário que fosse além do calendário oficial, contemplando vermifugações estratégicas em maio, agosto e novembro e formando novas pastagens para começar um sistema rotacionado.
Mas para ter mais competitividade dentro do cenário, o propriedade precisou evoluir ainda mais. Foi quando Polaco se atentou para estudos sobre programação fetal e os impactos na produtividade dos animais, melhorando a resposta deles ao alimento fornecido após o nascimento e até a engorda.
O objetivo da programação fetal é oferecer condições para o feto se desenvolver em todo o seu potencial em etapas decisivas que ocorrem ainda no útero da vaca, como a definição de quantidade de fibras musculares e também potencial para marmoreio da carne. A vaca, além de precisar ser bem nutrida para ser capaz de manter a gestação (lembrando que ⅔ da gestação acontecem durante a seca em boa parte do Brasil), se for bem suplementada, pode melhorar estas condições para o seu feto. “Nós começamos a fazer manejo nutricional no período da seca para verificar se, na prática, a gente ia mesmo sentir alguma diferença e já começamos a colher o resultado”, informou o veterinário.
Entre os resultados já observados estão desmama mais pesada, redução de abortos e do índices de natimortos, aceleração do ganho de peso e abate precoce dos animais, listou o pecuarista.
“Mas a gente percebeu que não é uma técnica isolada”, ponderou Polacao. Além de precisar contar com diversos outros fatores para intensificar o sistema produtivo de uma fazenda, a programação fetal em si não traz diferença a olhos vistos em um primeiro momento, observou o veterinário. “A questão da nutrição do feto dentro barriga da mãe é sutil, como diz o próprio nome, é uma programação. […] Então em um primeiro momento isso não é verificado, ou seja, os bezerros nascem com peso normal, […] e a gente vai aproveitar os benefícios da nutrição adequada da vaca gestante após o seu nascimento”, acrescentou.
Veja as recomendações de Flávio José Polaco para uma boa programação fetal na prática pela entrevista abaixo: