Mais rápidos e mais baratos: é assim que devem ser os experimentos conduzidos no recém inaugurado Laboratório de Fermentação Ruminal e Nutrição de Bovinos do IZ, o Instituto de Zootecnia de São Paulo localizado em Sertãozinho-SP.
Reportagem sobre a inauguração da estrutura exibida no programa desta quinta, dia 29, trouxe detalhes do primeiro experimento que está sendo conduzido na unidade, que analisa a influência do uso de aditivos da dieta de confinamento na emissão de gases de efeito estufa pelos animais.
Confira mais detalhes do estudo em questão:
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“Por exemplo, um experimento com cinco tratamentos, que duraria de cinco a seis meses no campo, a gente consegue fazer em três meses no laboratório. Em um experimento a gente ia gastar dez quilos de matéria seca por animal, mas aqui cada base dessa simulando um animal utiliza 100 gramas, tornando o experimento mais rápido, mais barato e ainda nos possibilita testar produtos ou alimentos que ainda não são usuais no campo e a gente não sabe qual seria a resposta do animal”, destacou Eduardo Marostegan de Paula, pesquisador do IZ. “Então a gente consegue ganhar tempo, testar mais produtos e de uma maneira mais rápida e econômica”, celebrou.
O pesquisador destacou os principais equipamentos que fazem parte do laboratório, que é de certa forma único no no Brasil. “Um dos equipamentos a gente tem no laboratório é um sistema in vitro. Ele é chamado dual flow – é um sistema que poucos lugares no mundo têm, é o segundo instalado no Brasil, mas acredito que seja o único em atividade – e o diferencial desse equipamento é que a gente consegue simular a digestão da vaca, o rúmen da vaca dentro do laboratório. A vantagem disso é que a gente consegue otimizar o processo de entendimento da digestão porque a gente consegue medir as mesmas coisas que mediria lá no campo, só que de uma forma muito mais rápida, prática e econômica”, apresentou.
“Outro equipamento que a gente tem é outro sistema in vitro, que chama sistema in vitro de produção de gases, que são essas garrafinhas. Cada garrafinha que nós temos vai simular um rúmen. Para medir todos esses dados que esses equipamentos in vitro geram, a gente tem um equipamento recém-adquirido, um cromatógrafo gasoso. Com ele a gente consegue medir todas essas variáveis aqui de AGV, de CO2 e de metano. E a gente também tem centrífugas onde a gente consegue fazer todo o processamento dessas amostras, desse conteúdo ruminal dessas garrafinhas e nos possibilita medir esse índice de proteína microbiana. Então além da parte de obtenção dos dados, a gente consegue avaliar tudo aqui”, revelou.
“Tem também o nosso avaliador de nitrogênio, de proteína bruta, que usa um método de combustão. A maioria dos laboratórios usa método de Kjeldahl, que é um método mais demorado, que usa ácido sulfúrico e é mais perigoso, mais laboroso e mais demorado. Mas aqui, com o método de combustão, em três minutos a gente consegue ter análise de proteína bruta. Então temos todas essas ferramentas in vitro para entender o processo de fermentação para a gente tentar otimizar a utilização de nutrientes pelos animais. E com esses equipamentos que auxiliam a gente a processar e avaliar as amostras aqui, a gente consegue praticamente fazer todas as análises em estudos de nutrição em fermentação ruminal no laboratório”, completou.
O zootecnista Leonardo Sakamoto, especialista em emissão de metano por bovinos, explicou como funciona o método que estima os resultados da pesquisa. “A metodologia que a gente usa para mensurar o metano é a técnica do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6). O conceito base desta metodologia é que a gente consegue estimar a emissão de metano se a taxa de emissão de um gás traçador que esteja dentro do animal, dentro do rúmen, for conhecida. Então, nesse caso, o gás é o hexafluoreto de enxofre, que a gente utiliza. Esse gás foi escolhido porque ele tem o mesmo comportamento do metano, ele é um gás inerte também, que não reage com nada dentro do animal. Por essas características, a gente, através dessa emissão do SF6, consegue chegar na emissão do metano”, revelou.
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“Como é feito isso? Primeiro a gente fornece uma cápsula para o animal, essa cápsula é preparada pelo menos dois meses antes. Com pesagens semanais, a gente consegue saber o quanto essa cápsula emite por dia. Quando a gente coloca dentro do animal, não necessariamente toda a emissão diária desse gás vai sair por eructação (arroto). Esse é o grande mistério do rúmen, a gente não sabe necessariamente se vai sair tudo pela eructação. Quando a gente faz a coleta pelo cilindro e faz a análise em cromatografia, a gente consegue identificar a concentração de SF6 que tem dentro do cilindro e a concentração de metano que tem dentro do cilindro. Como a gente tem essa concentração, a gente sabe a emissão diária na cápsula. É como se fosse uma regra de três, simplificando. A gente tem a emissão diária da cápsula, a gente tem a concentração do cilindro de SF6 e a gente tem a concentração de metano no cilindro. Assim a gente consegue estimar a emissão diária de metano dos animais”, detalhou.
Conforme justificou o agrônomo Henrique Monteiro, os animais escolhidos para o experimento foram da raça Nelore por representar a maior parte do rebanho brasileiro. “E a gente selecionou animais do mesmo produtor. Esse produtor forneceu animais homogêneos”, frisou.
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O estudo está mostrando na prática como novo laboratório do IZ complementa o confinamento experimental que a instituição já possuía em Sertãozinho-SP. “A gente tem 80 baias individuais. A gente entendia que isso era ideal para a gente fazer as pesquisas de nutrição, as pesquisas de eficiência. Mas por muitos anos a gente só tinha esse confinamento. Então hoje ele é o complemento do laboratório”, observou Renata Branco, diretora de gestão estratégica da Apta, a Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios, da Secretaria de de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, entidade à qual está vinculado o IZ.
“Lá no campo, no confinamento, a gente está fazendo toda a parte de desempenho em ganho médio diário, em eficiência alimentar e nós vamos mensurar a emissão de metano. E aqui no laboratório, a gente vai pegar a dieta que foi fornecida para os animais durante o experimento e os dados gerados aqui vão ser complementares aos dados gerados no campo. Com a junção desses dados, a gente vai conseguir entender de onde veio a resposta lá no campo, como por que um animal ganhou menos ou mais peso, por que um animal aproveitou melhor aquela dieta, teve uma eficiência alimentar maior. Esse é todo o diferencial, é o pacote que esse laboratório recém construído vai entregar para a cadeia” ilustrou o pesquisador do IZ Eduardo Marostegan de Paula.
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A reportagem completa com os detalhes do primeiro experimento já sendo conduzido no novo Laboratório de Fermentação Ruminal e Nutrição de Bovinos do IZ pode ser vista pelo vídeo a seguir: