Uma pesquisa desenvolvida em parceria pelo Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, São Paulo, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado, a Epamig, de Uberaba-MG, e a USP de Pirassunga-SP tem testado os impactos de alterações na rotina de rebanhos leiteiros com animais zebuínos. São ensaios de bem-estar que elevaram a produção de leite das matrizes.
A técnica é simples e não implica em custos para o pecuarista, diminuindo o estresse das fêmeas. São pequenos afagos, ou carinho, feitos nos animais por meio de uma escova ou uma vassoura e que podem melhorar a resposta na produção leiteira. Em primíparas zebuínas, cada ordenha aumentou em cerca de dois quilos de leite, ou quatro quilos por dia, o que pode trazer ganho expressivo levando em consideração que o período de lactação da vaca dura cerca de 300 dias. O estudo apontou ainda diminuição de doenças, como a mastite, por conta do menor represamento do leite.
“O manejo desse trabalho com bovinos de leite é um estímulo tátil que a gente chama de afago. Esse manejo é aplicado nos animais 30 dias antes do parto, principalmente em novilhas que vão parir pela primeira vez. Esse manejo dura 15 dias com esse tipo de afago com escovinhas, vassourinhas de cerdas mais firmes. Nós passamos essas escovas no lombo dos animais, em várias partes do corpo, principalmente no posterior, que é a região do corpo do animal mais manipulada durante a ordenha. E por que fazemos? Nós estamos preparando aquela novilha […] para que durante a lactação ela tenha temperamento melhor, seja mais dócil, mais fácil de manejar durante a lactação. Isso vai melhorar também a relação do tratador com o animal, de maneira que o animal, ao entrar na sala de ordenha durante o período de lactação inteiro, que é longo, faça uma associação positiva com o ambiente”, resumiu Lenira Zadra, zootecnista, mestre em genética e melhoramento animal, doutora em zootecnia e pesquisadora do IZ responsável pelo estudo.
“O manejo não vai custar nada a mais para o produtor, não há investimento. Ele vai comprar uma vassourinha, ou se já tiver uma escovinha pode usar. Fora isso, não existe investimento adicional para o produtor”, reforçou Lenira.
Em análise de amostras de sangue das vacas analisadas, a pesquisadora notou diminuição dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumento da ocitocina, hormônio responsável pela liberação do leite. “Esse leite escondido diminuiu no grupo afagado. A gente percebeu que por ordenha, pelas médias e estatísticas, cada vaca do grupo afagado produziu cerca de dois quilos de leite a mais em relação ao grupo não afagado. […] Imagine que são duas ordenhas, então seriam quatro quilos a mais de leite por dia só do leite residual […] É um impacto grande na produção pensando que o animal tem cerca de 300 dias de lactação”, frisou.
Veja a entrevista completa com Lenira Zadra e a técnica do afago sendo aplicado nas vacas leiteiras pelo vídeo abaixo: