“Não existe gramínea ruim, o que existe é gramínea mal aproveitada”

Especialista em pastagens destaca qualidades e fraquezas da Brachiaria humidicola e ressalta quais as melhores ocasiões para formar de pasto com a variedade

“Não existe gramínea ruim. Ao meu ver, existe gramínea mal aproveitada ou mal plantada em determinado lugar. Por exemplo, para áreas encharcadas, áreas mais úmidas, eu gosto muito da Humidícola porque uma das características da Humidícola é que ela tem uma tolerância maior a solos encharcados. Tem outras gramíneas também, como Canarana, o Tango, que também toleram encharcamento”, contextualizou o engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, em comentário destinado ao professor aposentado da Unesp de Botucatu-SP, Gilberto Rocha, sobre variedade de forrageira.

“Em áreas de morro, a Humidícola é dez! É muito boa porque ela tem uma característica de fechar, de proteger o solo […]. (Pode ser usada) Para fazer paridor de vaca porque é um capim baixo, é fácil de o vaqueiro visualizar e enxergar o bezerrinho que acabou de nascer. Então para maternidade é um capim muito bom, baixinho, bezerrinho tá deitado lá e não tem perigo do vaqueiro mudar a vaca de piquete e deixar o bezerrinho para trás. Então, a partir deste ponto que não existe gramínea ruim, todas elas são boas, a gente tem que adequar elas em termos de manejo”, completou Pires.

O consultor ponderou, os pontos fracos da variedade. “O problema da Humidícola é que vaca até aprecia bem o capim, mas boi não é muito chegado nela. Às vezes a gente tem um pouquinho de dificuldade, apesar de que se o boi ficar permanentemente na Humidícola, acaba acostumando e aceitando a palatabilidade dela”, detalhou.

Pires lembrou ainda que a forrageira é suscetível a uma praga importante das pastagens tropicais. “Outra coisa que a gente nota pelo Brasil afora é que a Humidícola é hospedeira da cigarrinha, então a gente tem algumas regiões muito suscetíveis, com muito ataque de cigarrinha, e aí a gente tem que tomar um pouquinho de cuidado”, advertiu.

Por fim, o consultor rejeitou ainda a opção, utilizada com certa frequência, de misturar gramíneas em um mesmo piquete. “Eu critico um pouco o que vem sendo feito no Brasil, que é mistura da Humidícola com outras gramíneas. Então o pecuarista tem dado uma de ‘Professor Pardal’, de cientista, e está misturando Humidícola com Mombaça, com Braquiarão, com Panicum. Com qualquer outra coisa, ele está misturando Humidícola para ver se foge um pouco da morte súbita e isso é ruim. Por quê? Mesclar semente e plantar todo geral misturado é muito perigoso e muito ruim. Então o que é conveniente? Plantar a Humidícola somente naquela faixa aonde a gente está tendo problema da morte súbita. Aí sim eu sou a favor, mas não sou a favor de ficar fazendo mistura de capim porque o bovino é altamente seletivo e o animal acaba preferindo a gramínea mais palatável e mais produtiva. E a outra vai passar do ponto”, opinou.

“Fica essa dica para o pecuarista: não existe gramínea boa, nem ruim, existe a gramínea mal implantada em determinados lugares, que a gente deve tomar cuidado e manejar a gramínea de acordo com a altura da gema apical do capim, não rebaixar, não deixar o gado comer a gema apical. E essa é uma característica positiva da Humidícola, porque ela tem a gema apical dela bem rasteira, bem baixinha, e facilita o manejo”, finalizou.

+ Conheça pontos fortes e fracos da Humidícola e recomendações de uso

Confira as considerações do especialista na íntegra:

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