“Não dá para fazer pecuária como nossos pais faziam há trinta anos”, diz consultor

Consultor disse que alguns conceitos da pecuária tradicional devem ser revistos, como dedicar mais tempo ao planejamento e à gestão de custos

Nesta quarta, dia 09, o Giro do Boi apresentou entre os seus destaques entrevista com o zootecnista, pecuarista e consultor Alexandre Foroni. O profissional atualizou o panorama da pecuária praticada no Norte do País, mais especialmente o estado de Rondônia, dentro do contexto da pandemia. Em suma, entre seus comentários Foroni reforçou que não é mais possível praticar a pecuária tradicional como era há vinte ou trinta anos.

Em primeiro lugar, Foroni falou sobre o impacto da pandemia no estado. Conforme apontou, Rondônia é região de fronteira agrícola que passou da transição da pecuária extrativista para a intensiva. Atualmente, são comuns os confinamentos para duas a até três mil cabeças. Um modelo já diferente da pecuária tradicional.

No entanto, com o advento da pandemia, muitos produtores tiraram o pé do acelerador dos investimentos. Principalmente no primeiro ano, em 2020. Em seguida, o cenário que parecia ser mais catastrófico foi se delineando mais próximo de algo concreto, o que animou novamente os produtores.

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PREOCUPAÇÃO ATUAL

“Agora, o que assusta muito nesse momento, no meu ponto de vista, são os custos. O boi subiu? Subiu. Mas os custos, de um modo geral…”, ponderou Foroni.

Em comparação com a pecuária tradicional, a gestão dos custos e o planejamento devem ser mais intensos. Com os custos de produção em alta, “a chance do tombo machucar é maior”, comparou o consultor. “Então você tem que tomar muito mais cuidado”, disse em síntese.

QUANTO MAIOR O FLUXO, MAIS IMPORTANTE A GESTÃO

Posteriormente, o pecuarista lembrou que o pecuarista acostumado a abater 100 animais por ano lidava com um fluxo de caixa de cerca de R$ 400.000,00. Ao passo que hoje em dia, o mesmo volume significa R$ 750.000,00 a R$ 800.000,00 anuais. “Gerir esse montante de dinheiro é que é necessário. Porque o produtor, de um modo geral, não é um cara muito controlado com as finanças certinho. Ele não tem um fluxo de caixa previsto para os próximos dez, doze meses”, analisou.

Assim, Foroni lembrou que a gestão se torna cada vez mais parte do dia a dia do criador, tomando espaço de pecuária tradicional onde a tarefa era somente produzir. “Isso faz com que tenha que pensar mais, profissionalizar um pouco mais a gestão financeira, que ainda é um negócio muito amador na pecuária de corte”, ressaltou.

De acordo com com consultor, o pecuarista deve incluir em seu dia a dia parcerias de longo prazo com frigoríficos e trabalhar com bolsa de valores, por exemplo. “Hoje não dá mais para fazer a pecuária que nossos pais faziam vinte anos atrás, trinta anos atrás. Nós vamos ter que aprender. E isso eu vejo uma resistência muito grande. Em querer aprender essa parte. Essa parte tem que sentar no computador”, afirmou.

2022

Em conclusão, Foroni projetou como será o ano de 2022 para a pecuária de corte. “Estou animado. Eu acho que é um ano para ficar mais esperto. Nós temos alguns desses indicadores de custo assustando, mas tem que estar preparado para romper esses problemas”, finalizou.

Por fim, assista pelo vídeo abaixo a entrevista completa de Alexandre Foroni sobre pecuária tradicional e a moderna:

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