Na pecuária, o futuro é definido todos os dias

Gestão de fazenda baseada em metas claras aumenta o nível de comprometimento das equipes e facilita o caminho para a eficiência

O rebanho das Fazendas Moquem, de Pimenta Bueno (RO), é composto por aproximadamente 400 matrizes Nelore – e dessa base genética saem todo ano 60 reprodutores que abastecem outras propriedades da região. Dentro de cinco ou seis anos, o plantel vai mais que dobrar, chegando a 1.000 fêmeas, e a oferta anual de touros melhoradores vai subir para 250 animais.

Esses são alguns dos objetivos anotados no plano de metas da empresa, cuja administração é compartilhada pelo casal Matheus Dolenz Tavares da Silva e Saiane Barros de Souza. Ele é médico veterinário com pós-graduação em produção de ruminantes e ela, mestre em administração de empresas.

Há também planos de prazo mais curto. Na próxima safra, por exemplo, os reprodutores da Moquem chegarão ao mercado, prontos para o trabalho a campo, com 24 meses. Antes, eram comercializados com 36 meses.

Matheus sabe que muita gente ainda acredita que dois anos pode ser pouco tempo para um touro estar apto à reprodução, e por isso tem a argumentação na ponta da língua.


Rebanho das Fazendas Moquem: plantel vai dobrar em cinco anos

“Quem vende boi de quatro anos para o frigorífico pode achar impossível ter um touro cobrindo vaca aos 24 meses. Mas esse resultado vem de um manejo muito bem estruturado, de um planejamento nutricional adequado”, explica.
“A gente tem total segurança de oferecer esse material genético, pois é testado no nosso rebanho aos 18 meses.”

Nem sempre os objetivos de Matheus e Saiane foram assim, tão bem definidos. “A gente não olhava tanto à frente, resolvia o hoje, sem ter um planejamento de médio e longo prazos”, diz o empresário. Essa organização se tornou mais bem estruturada quando entraram para o Programa Fazendas Nota 10, realizado pela parceria entre o Inttegra (Instituto de Métricas Agropecuárias) e a Friboi.

A partir daí, passaram a receber referências produtivas e financeiras relevantes à gestão e às equipes e, por meio de educação e tecnologia, a identificar o que realmente impacta dentro do negócio e a direcionar os caminhos para uma pecuária mais eficiente.

Antes dessa etapa da definição de metas, os participantes do Fazenda Nota 10 conhecem as métricas da propriedade, passando por índices de produtividade, desempenho das equipes e todos os processos administrativos. Esses números são uma espécie de raio-x que mostra onde o negócio está e serve de base para projetar aonde pode chegar.

A principal referência de Matheus nessa construção das metas é o benchmarking do programa, que mostra os índices médios de todas as fazendas participantes para mais e 360 itens.

“Entre eles, escolhemos o GMD (ganho médio diário) como nossa principal referência, pois engloba muitas coisas. Na próxima safra, queremos ter 450 gramas de ganho médio em ciclo completo”, diz o empresário. “No ano seguinte, a gente inclui outros índices e vai engrossando o caldo.”

A nova fase de planejamento da empresa passa necessariamente pelo envolvimento das equipes, seja realizando suas tarefas, seja participando das decisões. Ao comunicar os colaboradores sobre as novas metas, e os passos para alcançá-las, Matheus abre espaço para saber o que pensam.

“Vamos ouvir a opinião deles, saber o que acham que seria correto para chegarmos às metas”, afirma. Esse diálogo sela o comprometimento de todos com esses objetivos e assinala a bonificação de um 14º salário por alcançarem os resultados desejados.

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