Você pode até pensar que a instalação de uma cerca elétrica na fazenda é muito cara e que não traz benefícios para a produção pecuária. Mas o que os estudos estão indicando é justamente o contrário disso tudo – a benfeitoria, além de ser muito econômica, tem um apelo de sustentabilidade muito maior do que se pensa.
“Não existe nada mais sustentável do que uma cerca elétrica”, diz o médico veterinário Ernesto Coser Neto, diretor da Associação de Profissionais da Pecuária Sustentável (APPS). “Numa cerca convencional se usa postes a cada quatro ou cinco metros. Na elétrica é a cada 50 metros. É sustentável usar postes a cada quatros metros sendo que em 50 metros resolve? É sustentável gastar uma mata de madeira para cerca outra mata?”, diz Coser Neto.
Outro aspecto da tecnologia que salta os olhos é o quanto ela é mais barata se comparada a instalação de cercas convencionais. Enquanto se gasta entre R$15 mil e R$ 20 mil por quilômetro de cerca tradicional, a elétrica fica entre R$ 3 mil a R$ 4 mil por quilômetro, destaca Coser Neto. A grosso modo, a cerca elétrica é quatro vezes mais barata que a cerca tradicional.
Item obrigatório na ILPF
A instalação eletrificada é inclusive a principal forma de manter animais silvestres como onças e javalis longe do rebanho. Contudo, os usos da para produção de gado chegam a ser bem maiores.
Por exemplo, você sabia que o ideal é que o produtor instale este tipo de cercas eletrificadas para a implantação de um sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF)?
Por ser mais maleável e de fácil movimentação nas áreas produtivas da fazenda, a instalação permite maior facilidade na hora de conter os animais numa determinada área. Isso ajuda reter animais no pasto, bem longe das plantações.
“Quem mistura lavoura e boi não pode usar uma cerca convencional que é fixa e pesada. Ele precisa usar a cerca elétrica. Tem produtores só fazendo cercas no perímetro do talhão, e sabemos que, quanto menor o período de ocupação e menor o tamanho da parcela do piquete, mais eficiente será o pastejo”.
Com o melhor controle do pastejo, o pecuarista pode influir até no melhor perfilhamento das raízes do capim no solo, o que reflete numa retenção de água na terra, garante um solo mais resiliente à seca e apto para a receber a próxima lavoura.
Pegada sustentável
O uso de postes a cada 50 metros ao invés de postes a cada quatro metros, no caso de uma instalação tradicional, significa além de menos recursos madeireiros, uma boa economia de insumos caros como o próprio arame. Numa cerca convencional, são quatro linhas de fios. Já na elétrica, são apenas três, e apenas um deles (o do meio) é por onde se passa a corrente elétrica.
“Com a tecnologia eu uso melhor o pasto, tenho mais lotação, aumento de produtividade por área, reduzo a necessidade de abertura de novas áreas. Nada é mais sustentável do que uma boa cerca elétrica”, diz Coser Neto.
Confira no vídeo abaixo a entrevista na íntegra: