Um pequeno parasita que causa um problema tão grande. No Brasil, a estimativa é de que os carrapatos causem prejuízos anuais na ordem de US$ 3,2 bilhões à pecuária. E a situação se agrava conforme o cruzamento industrial com raças europeias ganha espaço na bovinocultura de corte do país, uma vez que estes animais são mais suscetíveis aos ectoparasitas na comparação com o Nelore.
“O gado de corte cruzado no Brasil Central é um segmento interessante que vem ganhando espaço por conta do seu potencial econômico, mas que o produtor perde todo este potencial. E a gente pode até falar que cada animal produziria 25 quilos de carne a mais neste sistema genético de gado cruzado, mas que o carrapato tira este potencial de produção simplesmente pelo não controle ou controle inadequado”, disse o médico veterinário, mestre e doutor em ciências biológicas Renato Andreotti, pesquisador da Embrapa Gado de Corte.
Em depoimento para a série Embrapa em Ação, o pesquisador inclusive desmistificou um ponto com relação ao “empréstimo” da resistência do Nelore para o gado cruzado. “O produtor muitas vezes acha que criando o Nelore junto com o cruzado vai controlar o carrapato e nós temos pesquisas que mostram que não vai controlar. Usando o cruzado junto com o Nelore, simplesmente o produtor vai ter que tratar o Nelore e tratar o cruzado e isso não resolve nem para um nem para outro, aumenta o custo do tratamento. Então se tratar o Nelore em pastos separados, você não precisa controlar o carrapato do Nelore porque a média de produção de carrapato no Nelore é de 5 a 15 carrapatos por dia e já o cruzado […] tem uma média de produção de 120 carrapatos por dia”, avisou o veterinário.
Para vencer o minúsculo artrópode, o produtor precisa lançar mão de ferramentas variadas, desde aplicações de carrapaticidas nos animais como na pastagem, local onde se localiza até 95% de toda a infestação de uma propriedade. Aqui, o ponto de atenção é coordenar as medidas por meio da definição de uma estratégia.
“E aí vem a estratégia em relação ao ano. […] Você precisa então fazer um planejamento de começar as suas aplicações na época quando tem menos destes carrapatos no campo. E quando é? No final do período da seca porque o carrapato não gosta da seca. Com isso, você fazendo quatro a cinco aplicações em intervalos de 21 dias você controla o carrapato na pastagem e, no ano seguinte, você vai estar com sistema seguro. É lógico que todo ano você tem que monitorar o produto que está usando para saber se o carrapato é sensível a este produto e também precisa ter todo um manejo anual deste controle de forma estratégica”, reforçou Andreotti.
Confira na íntegra a reportagem com Renato Andreotti para o quadro Embrapa em Ação: