Nesta terça, 17, o presidente da Friboi Renato Costa concedeu entrevista ao Giro do Boi para comentar os principais acontecimentos do ano de 2019 para a pecuária de corte brasileira. O executivo ressaltou a consolidação do Brasil como um dos líderes na produção agropecuária mundial, exercendo papel de destaque como exportador de carne bovina, e ponderou que a qualidade do produto é condição indispensável para que o país continue expandindo os mercados para a proteína vermelha.
“O ano, em geral, foi favorável, tivemos aumento no volume dos nossos abates, tivemos aumento nos preços também. O grande foco que a gente poderia destacar, que nós viemos fazendo ao longo dos anos e a cada ano estamos focando mais, é trabalhar as nossas marcas, os canais de venda, o mix de produtos sempre com qualidade, porque esta é indispensável e inegociável”, frisou Costa.
Neste ano, a combinação da redução do rebanho suíno chinês por conta da gripe suína em meio à entressafra brasileira levou a um aumento súbito do preço da arroba do boi gordo, bem como valorização da carne bovina e de outras proteínas no mercado interno. Segundo Costa, cenários similares foram observados não somente no Brasil, como também nos principais países exportadores de carnes do mundo, como Argentina e Uruguai, Austrália e alguns países da Europa.
“As coisas já estão se adequando, o mercado, como a gente diz com frequência, é soberano. Ele vai saber encontrar o seu ponto. Uma coisa é certa, os níveis de preço mudaram de patamares por todo este cenário global. Eu acredito que já na entrada do ano as coisas começam a se acomodar. Janeiro e fevereiro são meses com redução de consumo interno, e para as questões da exportação, tem o ano novo chinês. […] Então neste período o mercado também fica um pouco menos procurado. Ao longo do ano as coisas vão se equilibrar e (o mercado) vai encontrar seu ponto de equilíbrio não só na questão do boi, quanto na questão da carne também. 2020 vai ser um bom ano, é um ano positivo para o agronegócio como um todo”, projetou Renato Costa.
“O Brasil tem se consolidado com o maior player, o maior exportador a nível global. Nosso crescimento neste ano é em torno de 47% na exportação da Friboi, a média Brasil é 28%. Quer dizer que estamos aumentando nosso share na exportação e isso é muito importante”, apontou o executivo. Costa enalteceu que a qualidade é uma das condições para que o setor siga se beneficiando com valorização de seu produto. “Hoje mais de 80%, cerca de 85% dos mercados para os quais o Brasil exporta exigem um boi (abatido com) até 30 meses por uma série de questões, sanitárias, de qualidade. E a gente sabe, dentro do perfil que é a produção no Brasil, que ainda predomina muito o boi a pasto. Este boi de até 30 meses requer realmente uso de mais tecnologias”, reforçou.
“O mundo todo exige um produto de qualidade e, como eu falei anteriormente, a qualidade é inegociável e indispensável se a gente quiser continuar o crescimento para os mercados não só interno quanto externo, e melhorar a remuneração do produtor”, confirmou o executivo.
Renato Costa falou ainda sobre a expansão do programa Açougue Nota 10, uma espécie de consultoria prestada pela indústria para lojas do varejo que buscam aumentar o aproveitamento dos cortes fornecidos. Em outubro, a companhia completou o número de 1.000 lojas parceiras e está fechando o ano com aproximadamente 1.050 estabelecimentos em todo o Brasil. “Nosso plano é terminar 2020 com aproximadamente 1.400 lojas. Isto prova que tem tido bastante aderência e bastante sucesso”, declarou.
Costa analisou também o crescimento do Protocolo 1953, o primeiro protocolo destinado à bonificação da arroba de animais multirraças, meio-sangue zebuíno com raças taurinas diversas. O sucesso da iniciativa entre os pecuaristas e a consolidação do volume de produção possibilitaram a criação do Açougue Gourmet 1953, lançado neste ano. “O protocolo 1953 foi o primeiro multirraças, […] e isto foi muito bem recebido pelo pecuarista. Ele foi lançado no ano passado quando comemoramos 65 anos da companhia, o mercado varejista estava precisando de uma marca premium. Então depois que a 1953 se consolidou no mercado, e tem crescido cada dia mais, a nossa equipe comercial fez uma proposta de entrega de valor de produto e foi onde colocamos o Açougue Gourmet dentro de alguns varejistas”, relembrou. O programa está ativo hoje em dezenas de lojas dos supermercados Pão de Açúcar.
“Estamos otimistas, porém realistas com o mercado. A oportunidade quando a gente analisa no médio e longo prazos são boas. O Brasil realmente está se consolidando como líder do agronegócio, e no caso da pecuária de corte, está bem destacado”, concluiu.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: