Da pista ao prato. O melhoramento genético da raça Nelore, principal componente do rebanho brasileiro presente em até 80% do rebanho nacional de quase 215 milhões de cabeças, trilhou um caminho sólido para produção de carne de qualidade nos últimos anos. O tema foi um dos destaques da edição especial do Giro do Boi que anunciou, com exclusividade, os vencedores do Circuito Nelore de Qualidade 2019.
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“A raça Nelore está na pecuária brasileira, está na veia de todos os pecuaristas e imagine que muitos já escutaram essa frase, que a genética precisava chegar ao prato. E eu acho que neste momento ela está chegando ao prato. O Circuito Nelore de Qualidade mostra isso”, afirmou o pecuarista e diretor de pecuária e fomento da Associação Nacional dos Criadores de Nelore do Brasil, André Bartocci.
Bartocci destacou que embora a premiação do circuito seja uma importante coroação pelo trabalho desenvolvido ao longo de 2019, ela não marca especificamente um ponto de chegada, mas um começo de uma trilha que leva à inserção do Nelore no mercado de carnes premium.
“Logicamente estes lotes são parte da elite, mas eles mostram, sim, a evolução do rebanho como um todo porque todos estes lotes, é bom lembrar, são comerciais, os pecuaristas ganharam dinheiro com eles e eles realmente foram preparados comercialmente. Sem dúvida nenhuma, quem se beneficia é a sociedade, é o consumidor”, sustentou.
Em 2019 foram 17,9 mil carcaças de machos processadas, sendo que foram 85,3% abatidos com 4 dentes, peso médio de 21@ e 48,5% das carcaças com cobertura de gordura mediana e uniforme. Entre as fêmeas, de um total de quase 4 mil carcaças julgadas, 78,6% eram de novilhas com 2 dentes, peso médio apresentado de 15@ e 71,2% com cobertura de gordura mediana e uniforme. “O Nelore diminuiu um ano e aumentou 100 quilos nesses últimos 20 anos”, resumiu Bartocci, em referência ao período de tempo desde que o primeiro circuito foi realizado, em 1999.
“Isto demonstra a força dessa raça, o quanto o Nelore é paixão nacional. Nesses 20 anos, nós assistimos que o melhoramento, a preocupação com o melhoramento genético saiu do universo das pistas e chegou até o gado de corte e aos currais da indústria. Nós estamos assistindo, 20 anos depois, abates diários da raça com mais peso, com mais carne, com melhor acabamento, uma genética que vem respondendo muito à evolução da nutrição e do manejo, à intensificação da pecuária”, creditou o zootecnista, especialista em gestão da qualidade e segurança dos alimentos e diretor executivo de originação da Friboi, Eduardo Pedroso.
O executivo, na ocasião da estreia do Circuito Nelore de Qualidade em 1999 era um dos jurados responsáveis pelo julgamento das carcaças em abate técnico realizado na unidade da indústria em Lins, interior do estado de São Paulo. “Para vocês terem uma ideia, nós saímos de uma carcaça de 17@ de média 20 anos atrás para uma carcaça de 21@ de média no ano de 2019. […] Antigamente os animais eram abatidos na casa de 460, 470 kg de peso vivo e hoje os animais estão sendo abatidos mais jovens com peso entre 560, 570 kg de peso vivo. É uma evolução sensacional que essa genética Nelore vem mostrando na pecuária brasileira ao longo dessas duas décadas que se passaram. Falar bem do Nelore, tratar bem o Nelore formalmente ao lado da associação representante da raça no Brasil é falar bem da pecuária brasileira, é tratar bem o produtor brasileiro, é acolher o nelorista”, acrescentou Pedroso.
Veja o primeiro bloco do Giro do Boi especial de revelação dos ganhadores do Circuito Nelore de Qualidade 2019: