Perguntas e respostas sobre o manejo de cavalos de lida

Veterinário responde dúvidas sobre casqueamento, gramíneas indicadas, vermifugação, carrapatos, descanso, feridas e cólica

Nesta terça, 21, o Giro do Boi recebeu ao vivo em estúdio o médico veterinário e consultor especialista no trato de equinos Mário Duarte. Segundo o profissional, o cavalo utilizado na tropa dos pecuaristas tem se aproximado do mundo dos cavalos criados em haras. “É normal grandes fazendas de cria usarem cavalos bem raçados. E é também normal hoje o criador de haras prestar atenção na demanda dos pecuaristas. Os mundos se misturaram e os pecuaristas viraram grandes criadores de cavalos”, afirmou.

Ao longo do programa, Duarte se dedicou a responder dúvidas de telespectadores sobre temas diversos, como cólica, suplementação, tipos de gramíneas, sanidade e casqueamento. Veja abaixo os principais trechos da entreivsta.

CAPIM
Segundo veterinário, é perfeitamente normal manter os cavalos de lida a pasto, sem ração. O profissional afirmou que o cavalo se adapta muito bem a gramíneas, mas tem dificuldade de adaptação a brachiárias e panicuns, como o massai. “O capim massai pode matar porque tem crescimento acelerado, muita massa, é uma fibra de difícil digestão. Na condição ideal, ele cresce muito e o talo engrossa, o cavalo come bem, fica até bonito, engorda, só que existe uma tendência ficar tudo parado no intestino do cavalo e ele morrer por causa disso. Por isso que se perguntar se o capim é indicado, a gente fala que não, mas se for bem manejado, pode usar”, recomendou.

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CÓLICA EM EQUINOS
“A cólica mata muito e o animal pode morrer tanto da dor quanto pode acontecer um giro do intestino, a alça intestinal entrar em sofrimento e as bactérias passarem para a corrente sanguínea e matar por intoxicação”, explicou. Para evitar, o veterinário indicou uma boa dieta, cuja base pode ser uma gramínea recomenda (veja a lista completa no vídeo abaixo) e água de qualidade. “Como saber se a água é boa? Se eu tiver coragem de beber”, declarou.

SUPLEMENTAÇÃO
Duarte reforçou que os equinos não devem acessar o cocho do boi, pois são sensíveis aos sais consumidos pelos bovinos, como os proteinados ou que contém monensina. Segundo o veterinário, os cavalos são 200 vezes mais sensíveis à monensina do que as aves e 100 vezes mais sensíveis que os bois.

Mas o produtor deve estar atento à demanda dos animais de lida, que é muito alta por conta de o animal perder muitos minerais durante o trabalho pelo suor. Ele ainda deve tomar cuidado extra com éguas prenhes ou em lactação.

Para os produtores que querem oferecer ração aos equinos, Duarte indica 1% do peso vivo por dia, que pode ser administrado em cocho de pneu com um tampão de madeira simples, exemplificou. Veja no vídeo abaixo as recomendações para cavalos de corrida e potros.

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FERIDAS
Em caso de cortes profundos, o veterinário instrui o produtor a limpar o local e colocar açúcar cristal para evitar a proliferação de microorganismos indesejados até que o corte fique superficial, quando bastará manter o local limpo e usar um repelente para moscas. “Isso se a ferida for antiga e não der tempo. Se for ferida nova, chame o veterinário para suturar”, reforçou.

SANIDADE
O veterinário indicou a aplicação da injeção tríplice: tétano, influenza e encefalomielite. Dependendo da região, como no sul de SP, a vacina contra a raiva é obrigatória.

A infestação de carrapatos na orelha deve ser tratada com talco com veneno especial para o inseto. “Alguns usam carrapaticida pour on à base de óleo, que prega nos pêlos. E o ideal é evitar as soluções, ou seja, produtos à base de água”, disse Duarte. Para cuidar do carrapato estrela, é importante pedir instruções para um veterinário, pois muitos produtos podem matar o cavalo.

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VERMIFUGAÇÃO
Para Duarte, o ideal é usar o vermífugo em pasta. Para potrinhos, o ideal é usar com mais frequência, a cada dois meses. Já para cavalos adultos, entre três e quatro vezes ao ano. O vermífugo injetável não é muito recomendado por resultar em possíveis erros na injeção, o que pode prejudicar a saúde do animal.

CASQUEAMENTO
Duarte recomenda manter os animais sempre casqueados pela tendência do cavalo ter desvios e começar a ter rachadura de casco. Em regiões arenosas é importante casquear todos os meses. O uso das ferraduras é  considerado um “mal necessário” e deve ser feito sobretudo em regiões com muitas pedras, onde o cavalo começa a sentir o desconforto.

LESÕES DE PELE
Comuns em clima chuvoso, a dermatofilose pode afetar o cavalo, mas se o animal estiver com boa saúde, isso basta para evitar o problema. Quanto à fotossensibilidade, Duarte recomenda tirar os animais do pastos de brachiaria se houver incidência da doença, um fungo que afeta as partes brancas do cavalo.

DESCANSO
O ideal é que os peões tenham entre quatro e seis cavalos para usar um por dia de lida. Em dias de trabalho pesado, deve usar o cavalo somente em meio período. O descanso deve ser de, no mínimo, três dias por animal. O emagrecimento é o primeiro sintoma quando o cavalo está esgotado. Mas o pecuarista deve estar atento a outros males que podem acometer o cavalo por falta de descanso. “O cavalo não mostra dor, ele não se entrega. Se você forçar a barra, ele começa a emagrecer e fica suscetível a doenças, fica com a pisadura de arreio. Aí tem que deixar o parado por outros problemas”, explicou.

Veja a entrevista completa de Mário Duarte no vídeo abaixo:

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