O Giro do Boi desta quarta, 24, tratou do potencial de retorno financeiro da IATF, técnica utilizada atualmente em 13%, ou 10,4 milhões, das cerca de 80 milhões de matrizes em idade reprodutiva que integram o rebanho bovino brasileiro.
Para repercutir o tema, o convidado foi o economista agroindustrial, mestre em economia aplicada e doutor em administração de empresas, Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq-USP.
Segundo o pesquisador, o produtor pode aumentar o retorno sobre investimento em mais de 50% saindo de uma média de prenhez de 50% para até 80%, um resultado possível utilizando a inseminação artificial. “Você sai de uma (taxa de) prenhez de 49% a 50%, chegando a 60%, 70% ou 80%, e seu retorno por capital investido vai aumentando. Eu saio de 1,1, ou seja, cada um real que eu invisto, eu recebo R$ 1,10 centavos, para atingir 1,5 a 1,7 quanto alcanço níveis de prenhez muito altos. E isso parte da tecnificação, da tecnologia da IATF, de estudos que a gente vem acompanhando”, calculou Bernardino.
O especialista destacou que pelo potencial de retorno em produtividade e, consequentemente, financeiro, a técnica pode ser aplicada em até 25% das matrizes brasileiras, o que representaria aproximadamente 20 milhões de fêmeas.
Uma das principais vantagens da IATF, que viabiliza a melhoria do desfrute do pecuarista, está na gestão do rebanho. O pesquisador do Cepea afirmou que com uma estação de monta mais curta na comparação com a monta natural, o criador consegue controlar melhor suas atividade, padronizar o rebanho e fazer um planejamento mais adequado, o que acaba sendo determinante para a tomada de decisão. “Quando você faz IATF o controle se torna mais efetivo, você tem uma padronização do rebanho, da idade e peso dos bezerros ao nascimento”, exemplificou Thiago Bernardino.
No entanto, um dos fatores que limitam a popularização da técnica é a falta de acesso ao conhecimento necessário para aplicá-la no rebanho, sobretudo para pequenos produtores. Para solucionar isto, o pesquisador sugeriu investimentos nas transferência de tecnologia, seja por entidade públicas, como universidades e federações de agricultura e pecuária, ou por empresas do setor privado, que podem alcançar este pequeno produtor.
O trabalho, reforçou Thiago, poderia ser decisivo para melhorar alguns dos índices que prejudicam a competitividade da pecuária brasileira, como o intervalo entre partos médio entre 36 e 42 meses – contra uma média mundial de 25 meses – e uma taxa de prenhez média entre 55% a 60% – contra 90% da média mundial.
Para o produtor que está tomando a decisão de substituir parte da monta natural pela IATF, Bernardino afirmou que o primeiro ponto é conhecer sua fazenda do ponto de vista estrutural e também seus números, como as condições de pasto, de genética e planejamento nutricional, pois estes fatores influenciarão no retorno financeiro da inseminação artificial. “Não adianta colocar o melhor sêmen e contratar o melhor veterinário se não vai ter pasto ou o manejo ideal dos animais”, pontuou.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: