Guinness confirma: maior churrasco de carne bovina do mundo é brasileiro

Festival BBQ Mix, que aconteceu em Goiânia-GO dia 16/02, entrou para a história ao servir 23 mil porções de carne ao longo de oito horas

No último dia 16 a capital do estado de Goiás, Goiânia, foi palco de um festival gastronômico que tinha uma missão audaciosa: bater o recorde de maior churrasco de carne bovina do mundo. Alguns dos mestres churrasqueiros mais famosos do Brasil, empresas do setor, duplas sertanejas e cerca de quarenta mil apaixonados por churrasco vieram de todo o Brasil para contribuir para a realização da façanha.

Nesta quinta, dia 20, o Giro do Boi exibiu reportagem para contar a história. A meta era servir, em um período de oito horas, ao menos 20 mil porções de carne bovina assadas em carvão ou lenha e com volume que não poderia estar abaixo dos 100 g nem acima dos 150 g.

As anotações foram feitas por uma equipe com cerca de 120 voluntários, sendo uma parcela com formação na área gastronômica, para pesar as porções em uma balança de precisão e anotar em uma planilha os dados com o volume e o horário em que foram servidas.

Para que o recorde fosse batido, o evento precisou seguir uma série de regras rígidas, que foi além do tamanho da porção e da observação atenta do grupo de jurados voluntários, conforme explicou Camila Borenstain, adjudicadora do Guinness World Records presente no festival. “50% só do preparo da carne podem ser feitos antes do evento porque nós não compactuamos com desperdício de comida, então eles precisa ver com o decorrer do evento a preparação para o número de pessoas que está aqui”, acrescentou a juíza oficial da tentativa.

“O BBQ Mix é um festival de churrasco em que o Marquinhos (Araújo), que é o idealizador e dono do festival, além de criar isto, teve a ideia de bater o recorde como sendo o maior churrasco do mundo. E assim foi feito. Foi montada uma superestrutura […] e várias estações, são cerca de 50 estações de churrasco de várias carnes, mas para o Guinness vale somente a carne bovina. Hoje são quase 12 toneladas de carne juntando todas elas”, apresentou Anselmo Troncoso, diretor artístico do festival.

“Mais ou menos em 2000 foi feita uma pesquisa que mostrava que a música sertaneja, o modo sertanejo, o agronegócio, chegaria depois de 2010 como a principal área econômica do país e chegaria como o principal estilo musical do país e aí está feito. Nós estamos chegando em 2020 realmente com a música sertaneja estourada, o agronegócio super importante, mais que isso, fundamental para o nosso país, para as exportações, para a manutenção do país e, sem dúvida alguma, essa conexão que a gente tem entre música sertaneja e agronegócio existe em qualquer lugar”, disse Troncoso sobre a proposta do festival, que contou com shows de Edson & Hudson, Os Parazim, Matheus & Kauan e Chitãozinhio & Xororó como atrações.

O que é american BBQ e por que ele está cada vez mais popular no Brasil?

Para o diretor executivo de originação da Friboi, o zootecnista Eduardo Pedroso, a evolução da pecuária de corte no Brasil é fundamental para embasar o sucesso de eventos deste porte.

“A pecuária brasileira está evoluindo demais e hoje, com o intercâmbio tecnológico, as melhores práticas globais já começam a ser praticadas na produção de carne em larga escala no Brasil. Nós podemos dizer que o Brasil é grande e heterogêneo, mas nós temos já ilhas de excelência no padrão régua altíssima do que tem no mundo. E é isso que nós estamos vendo aqui hoje: carne de altíssima qualidade produzida aqui no coração do Brasil e servindo mais de 30 mil pessoas. Nós precisamos incentivar a melhoria da pecuária brasileira através da carne, nós precisamos fomentar o melhoramento genético do gado de corte, da nutrição, das boas práticas de bem-estar animal através da carne de qualidade. […] E a gente sabe que isso não é fácil de ser feito, e aí o grande mérito do produtor brasileiro, que bravamente luta e se esforça para conseguir subir este patamar de produção. Muitos paradigmas estão sendo quebrados”, celebrou Pedroso.

Melhoramento genético do gado de corte chega ao bife na mesa dos brasileiros

O pecuarista Fernando Pereira da Silveira, que foi até Goiânia para prestigiar o festival, confirmou que acompanha as tendências de aumento de produtividade junto com evolução da qualidade da carne que o consumidor pede. Sua propriedade, a Fazenda Entre Rios, localizada em Caçu-GO, foi primeira do estado a fornecer animais para a linha de carnes premium 1953, uma das marcas apoiadoras do festival BBQ Mix. “A gente começou na evolução da pecuária, com inseminação para poder fazer cruzamento industrial e cada vez mais promover uma carne de qualidade no mercado e isto foi tomando uma proporção grande e hoje virou uma moda, ou melhor, algo que todo mundo quer, qualidade de carne. Todo mundo quer comer coisa boa”, opinou.

Sua fazenda está preparada para lucrar com o cruzamento?

Foi neste cenário animador que o evento conseguiu superar sua própria meta e entrar para a história, e para o Guinness World Records, como o maior churrasco de carne bovina do mundo. Foram servidas durante oito horas 23 mil porções de carne dentro das especificações e a façanha foi oficializada com a entrega de uma placa das mãos da adjudicadora do Guinness, Camila Borenstain, para Marcos Araújo, o Marquinhos, titular da AudioMix, empresa organizadora do evento.

Para o engenheiro agrônomo, consultor em projetos especiais de carne bovina e mestre churrasqueiro convidado do festival, Roberto Barcellos, quebrar o recorde mundial é apenas a cereja do bolo na história da evolução da carne bovina brasileira, que, segundo ele, vai chegar rapidamente a outros patamares.

“A gente tradicionalmente sempre buscou qualidade fora do Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália, Estados Unidos, e aí realmente eu vi que isto poderia acontecer aqui, bastava a gente como produtor saber aquilo o que produzir para atender esta demanda e quais características este produto poderia ter. […] E a nossa aposta estava certa porque (existe) essa explosão de demanda de uma nova geração que quer beber menos, mas beber melhor, quer comer menos, mas comer melhor e está disposta a pagar um pouco mais por um produto de melhor qualidade. E o grande legal disso tudo é que é só o começo. […] E uma observação que eu faço é que quando a gente queria comer carne boa, a gente ia para fora do Brasil. Pelas últimas viagens que eu tenho feito pra fora do Brasil, eu tenho 100% de certeza no que eu vou dizer para você: eu tenho comido carnes melhores aqui no Brasil do que lá fora. Então a gente conseguiu e conquistou isso muito rápido, em um processo de dez, 15 anos”, concluiu Barcellos.

Veja a reportagem completa pelo vídeo abaixo:

 

Sair da versão mobile