Goiano queria jogar futebol, mas brilhou em campos de braquiária em Rondônia

Depois de abandonar a educação física, Goiano “picou a mula” de sua terra natal para praticar a “pecuária do futuro” em Alta Floresta D’Oeste-RO

Emival José Guimarães, conhecido como Goiano, natural de Marzagão-GO, tinha o sonho de ser jogador de futebol e até chegou a entrar na faculdade de educação física para conquistar a meta, mas o destino tinha planos diferentes para ele. Foi em um outro tipo de campo, o das pastagens, não o do futebol, que Goiano brilhou.

Goiano chegou a Alta Floresta D’Oeste, em Rondônia, em 1986 para formar o Sítio São Sebastião. De lá, saiu dez anos mais tarde, em 1996, mas somente para levar sua então namorada, Dona Nuccia, atual esposa e mãe de suas três filhas, para junto de si, saindo de Marzagão para o Norte do Brasil. A história de sucesso de “quase jogador de futebol” que brilhou no campos de braquiária foi contada no Giro do Boi desta sexta-feira, dia 21.

“Ele tinha o sonho de ser jogador de futebol e até iniciou a faculdade de educação física. Faltando bem pouquinho para finalizar, ele teve que abandonar para ajudar o pai na propriedade que possui em Marzagão. Pouco tempo depois, surgiu a oportunidade de vir para Rondônia, para onde ele e seu irmão Lécio vieram e começaram a demarcar as terras e a produzir”, contou o originador Matheus Roz.

“Os anos foram passando e, em 1996, ele voltou para Marzagão para buscar a sua namorada, hoje esposa, Dona Nuccia, que topou vir com ele para Rondônia. O Seo Emival então começou a construir sua família em Rondônia, onde nasceram as filhas Tatiane, Núbia e Rúbia e, com o tempo, as netinhas […] também. Hoje ele tem todo o apoio da família, as meninas o ajudam quando podem e assim ele vem desenvolvendo uma pecuária sustentável, produtiva e com boa rentabilidade”, detalhou o originador.

Roz esteve recentemente visitando o Sítio São Sebastião, em Alta Floresta D’Oeste, onde acompanhou o embarque de um lote de 36 bois para abate no Friboi de Pimenta Bueno-RO. A boiada marcou um peso expressivo após o abate, uma média de 21,57@ que foi alcançada após um trato de mais de 50 dias comendo 2,5 kg de proteinado energético por dia.

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“A propriedade tem 178 hectares, com nove divisões de pasto. Aqui a gente só recria e engorda, porém só machos. E tem os capins Braquiarão e Zuri. E após essa recria, para finalização, a gente passa para um rotacionado onde a gente faz a finalização. Essa finalização fica a cargo do nosso amigo Igor (Rovani, médico veterinário)”, explicou o próprio Goiano.

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O que é melhor para a fazenda: pastejo contínuo, alternado ou rotacionado?

O médico veterinário e consultor Igor Rovani detalhou o trato nutricional da boiada. “Para terminar esses animais, nós viemos à fazenda, fizemos uma análise técnica e decidimos que, por conta da disponibilidade forrageira, que tem excelência dentro da fazenda, o rotacionado está perfeito, de qualidade. A gente diagnosticou que seria muito interessante trabalharmos com produto de 0,5% do peso vivo de consumo, um proteico energético e está aí o resultado. Foram 57 dias de trato e a boiada está começando já os preparativos para o embarque, o caminhão está chegando agora e esse é o resultado! Ele está desenvolvendo uma pecuária de qualidade, a pecuária do futuro do Seo Emival José Guimarães, que está aí, aprendendo a cada dia mais e evoluindo a pecuária de Rondônia”, reconheceu Rovani.

Boiada pesada expressou todo o potencial genético no trato com proteinado energético.

Mas encontrar uma boiada boa a ponto de expressar todo esse potencial não é mera sorte. Os animais são criados em outra propriedade que pertence a Goiano. “Essa boiada é crioula, que vem de uma outra propriedade nossa e a gente aqui faz só a recria e finalização”, detalhou o pecuarista.

“O Goiano faz o ciclo completo, na vacada ele usa touros PO, são animais registrados, e ele tem um excelente resultado na sua recria e engorda. […] O Goiano está começando a se destacar produzindo mais arrobas por hectare ao ano”, informou Matheus Roz.

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Além da genética e da nutrição, o manejo da propriedade também é diferenciado, conforme disse o originador. “Eu cheguei no curral, e o Goiano mais o seu funcionário (Seo Lindomar) estavam trazendo a boiada. O que me chamou atenção é a calma que eles têm para lidar, para separar os animais. Ele é muito crítico no olho e me chamou atenção demais que eu nunca vi aquela cena: a calma que ele tem, não tem estresse, não tem grito, ele vai tirando o boi muito devagar, com muita calma mesmo, com bem-estar animal. Então parabéns, Goiano, parabéns, Lindomar! É muito bom o trabalho do sítio São Sebastião”, exaltou Roz.

Olhar criteriose, manejo com calma, sem grito e nem estresse são diferenciais de Goiano no Sítio São Sebastião.

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Confira os registros do Sítio São Sebastião e o trabalho do pecuarista Emival José Guimarães, o Goiano, pelo vídeo a seguir;

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