GESTÃO DE PESSOAS NO CAMPO

Embrapa prevê falta de mão de obra na pecuária até 2040. Saiba o que pode reverter este quadro

Guilherme Cunha Malafaia, pesquisador da Embrapa, discute causas e soluções para a crise de mão de obra no setor pecuário brasileiro

Embrapa prevê falta de mão de obra na pecuária até 2040. Saiba o que pode reverter este quadro
Embrapa prevê falta de mão de obra na pecuária até 2040. Saiba o que pode reverter este quadro

A crise de mão de obra no setor pecuário brasileiro, referida como “apagão de mão de obra”, é um problema crescente com inúmeras causas. Guilherme Cunha Malafaia, mestre em economia rural e doutor em Agronegócios, pesquisador da Embrapa Gado de Corte e coordenador do Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne), explica que a crescente urbanização é uma das principais responsáveis por essa crise. Assista ao vídeo abaixo e confira os detalhes deste estudo.

A migração de trabalhadores para áreas urbanas em busca de melhores oportunidades de emprego e serviços está deixando o campo sem mão de obra qualificada.

Ainda, a população rural está envelhecendo e as condições de trabalho no campo, muitas vezes árduas e com baixa remuneração, tornam a carreira rural pouco atrativa para as novas gerações.

O problema já é inclusive sentido pela audiência do Giro do Boi que participou de uma enquete do programa: 89% do público que participou, diz que já vem sentindo a falta de mão de obra em suas regiões.

Impactos no setor pecuário

Os impactos dessa escassez de mão de obra são significativos. Sem trabalhadores qualificados, há uma gestão inadequada dos rebanhos, com alimentação irregular e falhas no controle sanitário, o que aumenta a vulnerabilidade dos animais às doenças e afeta a qualidade da produção.

Além disso, a necessidade de contratar mão de obra temporária, que costuma ser mais cara e menos eficiente, eleva os custos de produção e reduz a competitividade no mercado global.

As operações logísticas também são afetadas, com menos trabalhadores disponíveis para o transporte de animais e produtos, comprometendo a qualidade dos produtos pecuários entregues ao mercado.

Tecnologia como solução parcial

Para combater a falta de mão de obra, a introdução de tecnologias automatizadas e robóticas é uma solução parcialmente eficaz.

Sistemas de ordenha robótica, monitoramento por drones, sensores ambientais e automação na alimentação dos animais são algumas das tecnologias que aumentam a eficiência e precisão das operações pecuárias.

Estas tecnologias reduzem a dependência de trabalho físico intenso, promovendo uma pecuária mais sustentável e produtiva.

Estratégias de capacitação e atração

Uma abordagem multifacetada é essencial para atrair e reter mão de obra qualificada no campo. Guilherme Cunha Malafaia ressalta a importância dos cursos do SENAR, programas de estágio e residência agrícola, parcerias entre universidades e entidades privadas, e programas de qualidade de vida no trabalho.

Melhorar as condições de trabalho, oferecer treinamentos e capacitações contínuas, e criar um ambiente respeitoso e seguro são medidas que podem incentivar a permanência dos trabalhadores no setor rural. 

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Políticas governamentais e apoio institucional

A implementação de políticas governamentais de apoio e legislações trabalhistas que garantam segurança jurídica e proteção social são essenciais para tornar as carreiras agrícolas mais atraentes.

Campanhas de valorização da agricultura familiar e medidas que fortalecem a educação e o treinamento vocacional também são fundamentais.

Força-tarefa para conter a crise de carreiras no campo

A crise de mão de obra na pecuária brasileira exige uma abordagem diversificada que inclui a adoção de tecnologias avançadas, fortalecimento da educação e treinamento vocacional, melhoria das condições de trabalho e políticas governamentais de apoio.

A colaboração entre governo, instituições educacionais e stakeholders do setor é essencial para implementar essas soluções de forma eficaz e garantir a sustentabilidade e eficiência da pecuária no Brasil.

A hora de agir é agora; postergar essas ações só intensificará os problemas e reduzirá as chances de uma recuperação robusta e sustentável.

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