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Geada negra: o que é e qual seu impacto nas pastagens? Entenda

Fenômeno raro, silencioso e devastador, a geada negra pode matar as plantas de dentro para fora e comprometer a recuperação dos pastos. Assista ao vídeo

Geada negra: o que é e qual seu impacto nas pastagens? Entenda
Geada negra: o que é e qual seu impacto nas pastagens? Entenda

Uma ameaça invisível pode estar rondando as pastagens brasileiras em épocas de frio intenso: a geada negra. Assista ao vídeo abaixo e entenda bem o que é isso.

Diferente da geada comum, que forma aquela camada branca visível sobre as folhas, a geada negra não apresenta sinais imediatos — mas seus efeitos são devastadores.

A explicação é do meteorologista Arthur Müller, do Canal Rural, em entrevista ao Giro do Boi nesta quarta-feira, 25 de junho.

Por dentro da geada negra na agropecuária

De acordo com Müller, esse tipo de geada ocorre quando há temperaturas muito baixas e ar extremamente seco, sem formação de orvalho.

“A seiva da planta congela de dentro para fora, causando a morte do tecido vegetal, e os sinais aparecem só dias depois, quando a folhagem escurece e apodrece”, afirma o especialista.

Pastagens e lavouras são as mais prejudicadas

A geada negra preocupa especialmente os produtores de pecuária extensiva, que dependem das pastagens naturais para manter o gado alimentado no inverno.

Como o dano é profundo, a rebrota do capim pode ser inviabilizada por semanas, exigindo suplementação emergencial e aumento dos custos da propriedade.

Segundo Müller, essa semana foram registrados casos confirmados de geada negra nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, especialmente em áreas de baixada e locais expostos ao vento.

“Tivemos temperaturas próximas de 0ºC com rajadas de vento de até 50 km/h e quase nenhuma umidade no ar, combinação perfeita para o fenômeno”, explicou.

Diferença entre geada comum e geada negra

O meteorologista fez questão de destacar que a geada branca, aquela que forma o visual gelado sobre as plantas, é causada pela condensação e congelamento da umidade do ar.

Já a geada negra ocorre na ausência dessa umidade, com o congelamento interno da seiva.

Esse congelamento interno provoca a morte dos tecidos vegetais sem formação de gelo visível, o que confunde muitos produtores.

O capim parece intacto no dia seguinte, mas depois de alguns dias escurece e morre, dando origem ao nome “geada negra”.

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Temperaturas voltam a subir, mas riscos continuam

Apesar do frio intenso registrado no início da semana, Müller afirmou que as temperaturas já começam a subir gradativamente a partir desta quinta-feira.

No entanto, ainda há risco para as áreas de serra, como a Serra Gaúcha, Catarinense e Campos do Jordão, onde os termômetros podem continuar próximos de zero.

No restante do País, a tendência é de clima seco e temperaturas mais altas, principalmente no Centro-Oeste, onde o calor pode voltar a bater os 38ºC em Mato Grosso já nos próximos dias, agravando o risco de focos de incêndio e déficit hídrico.

Previsão para os próximos meses é de calor e chuvas regulares

Segundo Arthur Müller, o trimestre de julho, agosto e setembro será mais quente que o normal em praticamente toda a América do Sul.

A previsão é de chuvas dentro da média ou até ligeiramente acima a partir de setembro no Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte — o que pode favorecer a recuperação das pastagens danificadas, desde que os produtores se planejem.

“Será um período importante para recuperação de áreas degradadas e replanejamento da nutrição animal”, orienta Müller.

Ele também alerta para eventos climáticos extremos, como ciclones e chuvas intensas, principalmente no Sul do Brasil, com acumulados previstos de 100 a 150 mm já nos próximos dias.

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