Fazenda em Rondônia põe mais dinheiro em caixa com técnicas de bem-estar

Gestora de fazenda em Rondônia, no município de Pimenta Bueno, destacou qualidade de carcaça e redução do ciclo e do custo de produção como benefícios

É bonito de ver, é o certo a se fazer e, acima de tudo, ainda faz bem para o bolso. Nesta segunda, 24, o Giro do Boi entrevistou a proprietária e gestora da Fazenda Moquem, em Pimenta Bueno-RO, Saiane Barros, e o professor da Unesp Mateus Paranhos, zootecnista, pós-doutor em bem-estar animal e coordenador do Grupo Etco. Eles falaram sobre o avanço das boas práticas de bem-estar animal nas propriedades brasileiras de gado de corte, entre eles os avanços da própria fazenda em Rondônia.

Conforme ressaltou Paranhos, A Fazenda Moquem tornou-se um exemplo de propriedade dentro do programa de capacitação em gestão e comparação de resultados Fazenda Nota 10. Dentro do programa, o professor é responsável por coordenar a área de capacitação em bem-estar animal. Nesse sentido, um dos principais projetos é o da proposição da redução da marca a fogo.

REDUÇÃO DA MARCA A FOGO

Segundo Paranhos, o projeto está sendo um sucesso. “Nós estamos muito contentes. Ele teve uma repercussão positiva muito maior do que negativa. Alguns produtores questionaram, dizendo que tinham dificuldades, mas todas elas são superáveis. Tem tecnologias hoje disponíveis para superar qualquer questionamento com relação à redução do uso da marca a fogo”, pontuou.

De acordo com o pesquisador, o tema ganha importância justamente porque serve de argumento para detratores da atividade. “Quem combate a produção pecuária usa questões como essa, como a marca a fogo, para nos atacar, para fazer críticas. E se a gente não estiver preparado para responder a isso, nós vamos ficar numa eterna guerra”, advertiu.

EXEMPLO DA FAZENDA EM RONDÔNIA

A Fazenda Moquem já foi destaque no Giro do Boi pela forma com que transformou a rotina e a cultura de seus funcionários (relembre neste link). Agora, o bem-estar animal ganhou força com a capacitação dos funcionários. Mais do que isso, tornou a fazenda mais produtiva.

“Quando um animal está bem, tem sua rotina diária com boas práticas, isso vai refletir no ganho de peso, um menor tempo de produção. Isso vai acarretar num menor custo financeiro, menor custo com a parte de sanidade, com menos animais doentes. Tudo isso reflete em algo muito maior dentro da propriedade”, disse Saiane em resumo.

Em seguida, Saiane apresentou o caminho que a fazenda em Rondônia, no município de Pimenta Bueno-RO, trilhou para chegar ao estágio atual. “Primeiramente, o diagnóstico que foi entregue (para o programa Fazenda Nota 10). Isso nos permitiu ter um norte. Sabemos o que temos de pontos positivos e, principalmente, o que pode melhorar. Isso faz com que a gente tenha condições de saber o nosso estado atual e como nós podemos promover as mudanças”, ressaltou.

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COMPARANDO PARA EVOLUIR

Ao mesmo tempo, a gestora da fazenda em Rondônia elencou os pontos fracos que ainda estão passando por evolução com ajuda do programa de gestão. “Atualmente nós utilizamos fontes naturais de água. Essas fontes, durante o ano, têm interferência na qualidade dessas águas, com as chuvas e secas. Então a gente precisa pensar em algo, principalmente na parte de infraestrutura. que vai levar a uma melhora da qualidade de água”, acrescentou.

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Por último, Saiane falou do trabalho de redução da marca a fogo dentro do Fazenda Nota 10. Primordialmente, a prática foi substituída pela tecnologia que pode ser administrada por uma equipe bem treinada. “Nós estamos diminuindo esses processos, mas a gente precisa também tecnificar porque a gente usa muito essas numerações nos animais. Desde quando nascem, eles são tratados individualmente. A gente faz uma análise histórica desses animais através dessas numerações. Então a gente está buscando agora fazer um investimento nessa parte de bottons eletrônicos para diminuir esse estresse animal. Isso vai impactar na qualidade da carcaça e inúmeros outros fatores, entre eles no bem-estar animal”, sustentou.

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Da mesma forma, o trabalho da gestora da fazenda em Rondônia ganhou o reconhecimento do professor Mateus Paranhos. “Ela demonstra muita inspiração e determinação na promoção de mudanças. Ela participou de alguns cursos que nós promovemos, envolveu toda a equipe dela”, aprovou o zootecnista.

DEDO NA FERIDA

Por último, Paranhos lembrou que solucionar este problema da cadeia produtiva é questão de encará-lo de frente. Além do entusiasmo para implementar novas tendências em bem-estar, é igualmente relevante reconhecer os problemas para buscar a evolução, avaliou. “Se não houver essa condição de responder exatamente o que está acontecendo, não tem como corrigir o problema. Se você esconder os problemas, você não busca solução para eles. Então a gente tem que encarar os problemas de frente”, concluiu Paranhos.

+ Saiba mais do projeto de redução de marca a fogo do programa Fazenda Nota 10

Por último, assista a entrevista com Mateus Paranhos e Saiane Barros, gestora da Fazenda em Rondônia, pelo vídeo abaixo:

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