Aftosa: etapa da campanha de vacinação deve imunizar 90 milhões de cabeças

Vice-presidente executivo do Sindan reforçou importância das boas práticas na vacinação contra febre aftosa e garantiu fornecimento de 100% da demanda aos produtores

A pecuária brasileira está se preparando para a menor etapa de campanha de vacinação contra febre aftosa da última década, mas não quer dizer que ela seja menos importante. Foi o que destacou em entrevista ao Giro do Boi nesta segunda, dia 1º, o vice-presidente executivo do Sindan, o Sindicato Nacional de Produtos para a Saúde Animal, Emílio Salani.

Conforme apontou Salani, a expectativa é que quase 90 milhões sejam vacinados nesta segunda etapa de 2021, o que tornaria a campanha a menor dos últimos dez anos. E ainda que as indústrias do setor de saúde animal tenham passado por ajustes para atender a nova demanda, mais de 90% dos doses já foram disponibilizadas ao mercado.

“Nós disponibilizamos até esse momento 85 milhões de doses. […] Como nós estamos nos aproximando da erradicação da doença, houve uma redução no número de empresas que produzem e comercializam. Nós éramos em sete, hoje nós somos em três (empresas produtoras), e cinco que comercializam”, contextualizou o executivo.

Salani sustentou que a indústria também está preparada para lidar com eventuais “ruídos” pelo afunilamento da comercialização, mas que não haverá falta do produto.

“Então nós temos vacina o suficiente para atender essa demanda, lembrando que nós vamos repor também a vacina contra febre aftosa nessa rede que já adquiriu. Porque essa é a dinâmica da aftosa: você nunca disponibiliza a um ente comercial 100% do que ele quer. Comercialmente não é importante e você não pressiona a cadeia de frio também, já que a vacina precisa ficar condicionada em ambiente com 2 a 8º C”, justificou.

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Os principais tópicos da entrevista de Salani sobre vacinação contra febre aftosa estão listados abaixo:

INVERSÃO DO CALENDÁRIO

“A redução da dose com a mudança do calendário vieram colaborar assustadoramente com o produtor. Ou seja, o produtor hoje tem uma vacina adequada em quantidade suficiente, então ele pode fazer o trabalho dele, a parte dele no plano de erradicação”.

MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DA VACINA

“A grande importância é dizer que a gente retirou o vírus que já havia sido erradicado. Ele não tem mais prevalência, que é o vírus C. Nós ficamos com a vacina bivalente, dos vírus O e A. Nós reduzimos de 5 para 2 ml, retiramos um dos adjuvantes, que é a saponina. Então ficou uma vacina fácil em termos de seringabilidade, de praticidade, tempo de injeção. Eu sempre bato na tecla: esses 2 ml proporcionam você ir na tábua do pescoço. […] Então voltamos a bater na tecla: produtor, dono da vaca, você tem um imunógeno adequado. Você pode fazer toda a sua obrigação até a suspensão desta vacina quando as autoridades decidirem”.

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DEVAGAR E SEMPRE

“Eu acredito que nós varremos da pecuária a história do ‘quem vacina mais’, de fazer concurso em curral. ‘Vacinei X animais’. Então você está tendo o exemplo de um animal contido, um animal preso, você tem tranquilidade. Lembrando que basicamente quase que 100% dos pecuaristas utilizam esse manejo para fazer outras intervenções medicamentosas também. Não só a vacina”, observou.

RETIRADA DA VACINA

Ao passo que trabalha para a conquista do status de zona livre da doença sem vacinação contra febre aftosa, os produtores devem entender que não terão um manejo a menos com o gado no curral. A vacina contra esta doença será retirada, contudo a visita ao tronco individual ainda servirá para outros cuidados com a saúde animal.

“Tem que estar divulgando para o produtor que esse manejo vai continuar. Ele tem uma série de monógenos que ele tem que aplicar, todos eles voltados para a produtividade, todos eles evitando mortalidade e ajudando na questão dos índices de prenhez, etc e tal. Então ele entendeu o seguinte: eu vou fazer a minha lição de casa, vou fazer meu check list, vou fazer a vacinação contra febre aftosa, vou tirar da minha cabeça a compulsoriedade, que ela é obrigatória, que está fazendo isso pelo bem do seu rebanho. E eu tenho certeza que o dia que eliminar a aftosa no seu estado, você terá que manejar seus animais para outras obrigações”, analisou o vice-presidente executivo do Sindan.

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SPRINT FINAL

Ao mesmo tempo que trabalha para o fim da obrigatoriedade da vacinação contra febre aftosa, Salani reforçou que é hora de uma espécie de sprint, ou esforço final para que o país não volta a sofrer com bloqueios comerciais pela incidência da doença.

“Quando os pecuaristas, através do trabalho que fizeram, orientados pelo Ministério da Agricultura, atingirem o máximo, que é o status livre de aftosa sem vacinação, e se por acaso houver o reingresso da enfermidade no Brasil, a recuperação do status tem uma cartilha. Você vai fazer o cerco para essa indústria, vai vacinar o anel, vai abater os animais que se contaminaram, os contatos vão ser vacinados e isso está tudo pacificado. Agora tem o lado do cliente. Esse lado a gente não tem controle”, alertou.

“Portanto, essa vacinação contra febre aftosa é para buscar o status. Você tem que ter o índice vacinal, mas tem que ter em mente que a primeira coisa que você está fazendo é proteger o seu patrimônio, é cuidando da sua vaca, do seu boi, do seu bezerro. […] Aquela história que você está vacinando porque é obrigado, porque precisa levar sua nota fiscal em tal lugar para depois mexer com as GTAs… Isso eu acho que já foi pacificado, isso é passado”, reforçou Salani.

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A entrevista completa com o vice-presidente executivo do Sindan pode ser vista no vídeo a seguir:

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