Em entrevista concedida ao Giro do Boi desta segunda, dia 29, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram) Daniel Guidolin, diretor de operações da Premix, respondeu dúvidas de telespectadores sobre suplementação para gado de corte e também alertou para a necessidade de o produtor se planejar para a nutrição do gado agora que está começando o período de transição entre águas e seca.
Guidolin ponderou em sua entrevista que o produtor enfrentará novos obstáculos em 2021 na comparação com o ano passado. “A gente vê que 2021 começou como um ano bom, forte em vendas. É um ano com desafios diferentes. O pecuarista que faz a engorda está mais pressionado com custo do que o ano passado porque além da suplementação, o custo da reposição também está mais alto, então esse ano é o momento de ser mais assertivo na suplementação e na estratégia de engorda do rebanho”, analisou.
O presidente da Asbram analisou o desempenho do setor em vendas neste primeiro trimestre do ano. “Esse ano começou um pouco melhor que o ano passado, estamos um pouco acima do ano passado. Mas o ano passado também começou um pouco mais lento. O setor de suplementos tem o período de vendas mais forte começando agora em maio e indo até outubro, é o período que tem mais venda […]. A gente acredita que vai ser um ano ainda bom para o setor como um todo”, projetou o profissional.
Guidolin respondeu em sua participação no Giro do Boi se já é hora de o pecuarista fazer a aquisição dos insumos para a seca, uma vez que o período de transição já está começando em parte do Brasil.
“Mais importante do que comprar é fechar a estratégia para o lote que você pretende suplementar no rebanho e como irá suplementar. O que acontece? Vamos dizer que você tem uma garrotada e você enxerga que não conseguirá engordar a pasto dentro dessa seca e, às vezes, ela vai passar a seca aqui na fazenda. Será que não compensa colocar na conta e fechar esse animal em setembro ou antes? Eu acredito que esse bate papo com o produtor de suplemento é fundamental para te ajudar numa melhor estratégia. Agora a gente está entrando num período que já é de transição, começa a cair um pouco o volume de chuvas, então já teria que ter um produto diferenciado para o seu rebanho entrar na seca um pouco mais preparado para o período. Eu acredito que é fundamental que o pecuarista sente com o produtor de suplemento, com quem vende o suplemento, coloque no papel qual será o custo, que peso o animal vai chegar e tente fazer uma estratégia mais assertiva. Não é só comprar bem o suplemento, mas também não errar na suplementação”, justificou Guidolin.
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Caso o produtor ainda não tenha experiência extensa com a suplementação, o especialista indicou que comece por administrar a nutrição mais intensiva em parte de um lote. “Alguns pecuarista ficam receosos porque sempre fizeram de determinada forma. Então acredite (na suplementação), experimente em um lote. Não precisa fazer em todo o seu rebanho. Selecione dez animais, se for um lote pequeno, separe, dê um trato diferente porque quando se suplementa corretamente, o resultado vem para o bolso. A gente não vai conseguir evoluir a pecuária sem fazer mudanças na alimentação do animal”, sustentou.
Guidolin alertou ainda para as consequências de não suplementar o gado neste período ou, ainda, de errar na mão na hora de desenhar a estratégia para acelerar a engorda. “Se você não fizer a estratégia correta agora, provavelmente esse animal pode entrar na seca do ano que vem dentro da sua fazenda. Se ele entrar na seca do ano que vem, você vai ficar quase meio ano a mais tendo que suplementar esse animal porque errou numa estratégia de suplementação. Então suplementar correto é economia. Suplementar com estratégia é economia e ganho para o pecuarista”, alegou.
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Confira a seguir as perguntas de telespectadores que foram atendidos por Guidolin:
– Minhas novilhas Tabapuã estão com oito meses e estou dando um sal energético. É correto? (José Carlos, de Francisco Alves-PR)
Guidolin: Energético é sempre bem vindo, mas nesse período agora, como esta é uma categoria jovem, eu olharia um pouco mais para o proteinado, para produtos mais proteicos, que é o que a novilha jovem precisa. É um momento que ela vai desenvolver um pouco mais de musculatura, então eu olharia e pesquisaria uma estratégia para trocar o energético ou fazer um energético proteico, usando as duas fontes.
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– Qual o consumo médio de sal mineral de garrotes de 16@ que potencialmente podem atingir mais de 25@? (Aldy Cardoso, do Maranhão)
Guidolin: “Isso vai depender muito da composição do suplemento. Mas, nesse caso em que ele quer levar ela até (25@) […] Eu acho que agora seria melhor ele entrar com um suplemento de maior consumo, um produto que vai ter em sua nomenclatura o proteico e, depois, entrar no energético. Mas ele pode usar um produto que vai consumir de 250 a 350g por cabeça ao dia. Eu acho que essa seria uma estratégia um pouco melhor para ele conseguir chegar nesse peso que ele quer nesse período”.
– Tenho 50 garrotes com média 250 kg e estou precisando de uma fórmula para produzir um sal proteinado. (Gilson Tavares, de Minas Gerais)
R: Cada indústria de suplemento possui suas fórmulas ou seus núcleos e aí vai ter uma certa diferença de inclusão. A menos que você tenha o produto pronto, o milho, um farelo de soja dentro da fazenda com custo muito barato, eu recomendaria analisar e comprar o suplemento pronto. A gente está falando de 50 animais e não compensaria ter uma grande estrutura ou ter estrutura para a produção desse proteinado em casa. Além disso, as fábricas de suplementos muitas já compraram os seus ingredientes, já se posicionaram (no valor dos insumos), então muitas vezes estão melhor precificadas para vender um produto mais acessível do que você mesmo comprar um milho agora no mercado e comprar um núcleo para fazer uma mistura. Eu acho que se ele quer mesmo produzir, eu pediria que ele entrasse em contato com alguma indústria de suplemento e consultasse um zootecnista. Esse profissional vai saber formular com os elementos que ele tem. O mais importante é saber formular com que você tem na sua região de melhor preço, porque não adianta fazer uma fórmula em que, às vezes, tem um produto que eu estou usando aqui em São Paulo e aí você, na sua região, está usando outro tipo de ingrediente.
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Antes de encerrar a sua participação, Guidolin comentou a luta da Asbram para igualar com os setores de aves e suínos a taxação do PIS/Cofins que recai sobre suplementos para bovinos. “Nós estamos tentando, mas é uma luta quase injusta, principalmente neste momento que nós estamos passando, de pandemia. A preocupação é que, se passar na porta de alguém lá em Brasília, é capaz de ele te chamar e fazer pagar a gente pagar mais imposto. Então nós estamos tentando […]. Mas eu acho que seria justo porque não pode o produtor de boi ter que pagar PIS/Cofins e os outros produtores não. E isso vai para o preço da carne, aí o preço fica caro e diminui o consumo. Mas todo brasileiro tem seu direito de comer a carne bovina com um preço mais acessível. […] Acho que a gente tem que lutar, pedir isonomia, deixar igual para todos”, ressaltou.
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Confira no vídeo a seguir a entrevista completa com Daniel Guidolin: