Erosão ameaça segurança alimentar, hídrica e energética; como evitar?

Pesquisador da Embrapa ensina produtor a identificar o início da erosão em sua fazenda e revela as principais práticas para conter seu avanço

Ela é considerada por pesquisadores e demais especialistas um dos maiores inimigos da agricultura tropical e já está no radar da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, como uma das principais ameaças à segurança alimentar, hídrica e energética. A erosão foi o tema de mais uma reportagem da série especial Embrapa em Ação, que nesta mais recente temporada aborda os projetos desenvolvidos na unidade Solos, com sede do Jardim Botânico do Rio de Janeiro-RJ.

“A erosão realmente é um problema muito grave, eu diria que talvez seja um dos maiores inimigos da agricultura tropical. Para se ter uma ideia, a erosão já é considerada pela ONU como um dos principais problemas da humanidade para garantir segurança hídrica, alimentar e energética”, frisou o pesquisador Aluísio Andrade, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em entrevista à reportagem do Giro do Boi exibida nesta quinta, 19.

Segundo o pesquisador, a erosão normalmente ocorre em solos mais suscetíveis, que são intensivamente usados por meio de práticas não adequadas e que, com a ocorrência de chuvas torrenciais, reúnem as condições que agravam o problema. Para o produtor rural, a situação vira prejuízo para produtividade de lavouras e criação de animais e ainda ameaça as reservas de recursos hídricos, tendo potencial para causar assoreamento de rios, lagos e demais reservatórios, carregando seus impactos até a população urbana.

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Mas como detectar o início de uma ocorrência erosiva na sua fazenda? O pesquisador passou as instruções em sua entrevista para a série Embrapa em Ação. “E uma dica que eu posso passar para os produtores é que a gente observe sempre qualquer sinal de erosão. Qual é o primeiro sinal de erosão? O primeiro sinal de erosão é você observar que o solo está ficando exposto, ou seja, a planta não consegue crescer, o solo está ficando careca, descoberto. Isso é um prato cheio paras as chuvas porque as chuvas passam a incidir diretamente sobre o solo, impactando aqueles agregados, entupindo os poros e, com isso, aumentando a formação das enxurradas. Outro ponto importante a ser observado é justamente a questão de concentração de água, de formação de enxurradas. E já são sinais mais graves quando o solo começa a apresentar sulcos erosivos, que são fendas, que são realmente ravinas que vão se formando no terreno e que podem aumentar de dimensões às vezes muito grandes, como voçorocas, que podem atingir dimensões até o tamanho de um Maracanã se não forem tratadas”, alertou o agrônomo.

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Aluísio falou ainda sobre o que o produtor pode fazer para tapar este grande gargalo da produtividade em sua fazenda. “O primeiro passo é fazer o que a gente chama de planejamento conservacionista desta propriedade, que inclusive deve ser estendido para microbacia. E no que consiste este planejamento? Este planejamento visa identificar quais são as áreas mais frágeis da propriedade, áreas que não devem ser utilizadas, áreas que muitas das vezes são de preservação permanente e que, às vezes, estão degradadas e devem ser recuperadas. E, principalmente, áreas declivosas, onde o solo já tem algumas características, como textura leve somada com declividade, enfim, fatores que facilitam a ação da formação das enxurradas. Às vezes solos rasos, onde a água penetra e já escoa fortemente”, informou.

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A partir da identificação destas áreas dentro da fazenda, cabe ao produtor dividir em grupos para definir o manejo conservacionista a ser adotado. “Então o primeiro passo é a gente separar o que a gente chama de zonas de manejo, enfim, eu separo na minha propriedade o que são as áreas de preservação permanente, que inclusive já é uma obrigação do produtor junto ao Cadastro Ambiental Rural, e o que sobra é a área de maior interesse para o produtor, que é onde ele vai realmente desenvolver a sua produção. Esta área pode ser subdividida no que a gente chama de zonas de manejo. O que que vem a ser estas zonas de manejo? São áreas com características mais homogêneas, principalmente considerando que fatores? Solo, declividade, histórico de uso desta área”, acrescentou.

Nas áreas mais suscetíveis identificadas por meio da formação destas zonas de manejo, o produtor pode lançar mão de algumas ferramentas, como barreiras aos escoamentos superficiais, terraços, bacias de captação, paliçadas, valetas ou canais escoadouros, por exemplo.

O melhoramento da fertilidade do solo, tanto em suas propriedades físicas como biológicas, também exerce, segundo o agrônomo, papel importante na contenção do avanço das erosões. “E, por fim, vou selecionar plantas eficientes para proteger solo”, indicou Andrade. Segundo o pesquisador, as plantas de cobertura, que favorecem o que se chama de adubação verde, como as leguminosas, compõem este conjunto de estratégias, podendo ser usadas em sistema de consórcio, como a integração lavoura-pecuária, para garantir a produtividade e a lucratividade do pecuarista ao passo que conserva o terreno. “O solo deve estar sempre coberto, este é o principal segredo, ele nunca deve estar descoberto”, frisou.

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Aluísio pediu que o produtor fique atento às áreas próximas às estradas vicinais também, que são pontos sensíveis e podem favorecer a formação das erosões. Outras informações sobre o tema podem ser solicitadas ao pesquisador pelo seu e-mail, aluisio.andrade@embrapa.br.

Veja a reportagem completa da série Embrapa em Ação – Solos pelo vídeo que segue:

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