O Brasil, que já é o maior exportador global de carnes halal, deve ganhar cada vez mais participação neste mercado. No final do mês de agosto, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou a abertura do mercado da Indonésia, país que tem ao menos 90% da população muçulmana, para a carne bovina brasileira. Já no mês de setembro, entre os dias 14 e 22, uma missão brasileira também chefiada pela ministra rodou por Egito, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.
Em meio a esta missão esteve Ali Saifi, diretor executivo da CDIAL Halal, empresa especializada na certificação deste tipo de alimentos, e integrante da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque. Nesta quinta, 10, o Giro do Boi exibiu entrevista com Saifi, que explicou o que é carne halal e seu potencial de consumo em todo o mundo.
Após o desfecho positivo nas negociações com a Indonésia, o Brasil poderá exportar um volume aproximado de 25 mil toneladas de carne bovina ao ano, depois que os importadores habilitarem ao menos dez unidades para a produção e comercialização do produto halal. A expectativa que é a outra missão, feita em setembro, possa render frutos semelhantes, destacou Saifi. “Em todos os países que passamos eles fizeram uma recepção muito profissional, dedicada e carinhosa, com uma pauta bem extensa”, aprovou Saifi.
Saifi destacou que o Brasil é o maior país exportador de proteínas halal do mundo e seus produtos têm uma presença expressivas em países de maioria muçulmana, cuja população mundial giram em torno de 2 bilhões de pessoas ao todo. Além de atender os consumidores desta religião, os produtos halal também são destinados a países não muçulmanos por que atende padrões rigorosos de sanidade e rastreabilidade. Também há países de maioria não muçulmana, mas que tem um número expressivo de adeptos da religião em seu território, como o caso da China, que tem 100 milhões de habitantes que praticam o Islã. No Brasil, este número se restringe a 1 milhão de pessoas.
O executivo explicou que termo halal significa aquilo que é lícito, tudo o que é permitido aos muçulmanos, e não se refere somente ao alimentos, como também em hábitos do dia a dia, na rotina de trabalho. Na carne bovina, a produção deve seguir certas regras, conforme explicou Saifi.
“Para a carne estar halal, ela tem uma forma de abate que deve ser seguida. No caso do islamismo, o animal tem que estar saudável na hora do abate, o abate deve ser feito por um corte onde se corta jugular, traqueia e esôfago, não pode morrer pelo atordoamento, não pode morrer por uma outra forma. A causa da morte tem que ser a degola, onde se esvai a maior quantidade de sangue possível e o animal tem que ser tratado de forma humanitária, respeitosa, que tenha bem-estar animal. Tem um muçulmano que vê toda a produção e faz ele mesmo o abate.Também depois do abate tem toda a segregação da carne. […] Tem todo um controle para garantir que aquele animal que foi abatido da forma islâmica correta será a carne certificada e enviada, é tudo monitorado”, detalhou.
Saifi falou ainda que a qualidade da carne, e não só o ritual do abate halal, é também importante para a fidelização destes mercados. “A nossa carne concorre diretamente com o búfalo da Índia. Quando derruba nossa qualidade da carne, nós voltamos (a concorrer com) aquele mercado do búfalo, vamos dizer assim. No Egito, o que notei é que eles pagam um pouco mais caro para a carne brasileira porque eles têm a opção da carne brasileira ou o búfalo. Se a gente mandar um produto de baixa qualidade, eles vão optar pelo mais barato”, alertou.
Veja a entrevista completa no vídeo abaixo: