A Embrapa Pecuária Sul mostrou como é possível produzir alimentos de forma sustentável no Pampa. Assista a reportagem abaixo e confira os detalhes dessa história.
O Giro do Boi relembrou o primeiro episódio da série especial Embrapa em Ação. Desta vez, as gravações ocorreram na sede da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé, na Campanha gaúcha, no coração do Pampa.
Conforme destacou o chefe geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, as riquezas naturais do bioma Pampa têm grande potencial para a produção animal.
“Uma vegetação basicamente de savana, com gramíneas e leguminosas. Centenas de espécies dessas plantas que servem de alimentação natural […]. Com isso, a gente tem a possibilidade de criar animais para produção de carne em um sistema usando os recursos naturais diretamente sem ter que fazer muitas alterações. Essa é uma característica única”, salientou
De acordo com o pesquisador Danilo Menezes, o Pampa tem catalogadas 450 tipos de gramíneas nativas com potencial forrageiro e mais de 150 espécies de leguminosas.
“Ou seja, mais de 600 espécies, todas nativas. Algumas naturalizadas há séculos, com a introdução do gado. Fora as outras espécies de plantas que compõem uma biodiversidade de mais de três mil espécies no ambiente. […] Mas muitas vezes numa propriedade que trabalha bem, pode ter 100, 200 ou mais espécies dessas forrageiras. Às vezes 20, 30, 50 espécies forrageiras diferentes no mesmo metro quadrado. Isso representa na natureza resiliência redução de risco”, relacionou Menezes.
Além disso, o Pampa pode ser ainda mais produtivo aplicando práticas sustentáveis à sua riqueza natural.
“A gente pode também incrementar a produção dessa base forrageira natural com os mesmos processos que a gente usa nas espécies cultivadas. Por exemplo, adubação, práticas de manejo, altura das pastagens, roçadas, ajustes de carga. Enfim, uma série de práticas, inclusive irrigação. Há pivôs centrais hoje funcionando com esse modelo forrageiro”, acrescentou Menezes.
Criação de bovinos no Pampa
Em seguida, o chefe geral da Embrapa Pecuária Sul lembrou ainda que o clima oferece a possibilidade da criação do gado de origem europeia, de raças taurinas do frio.
“E pelo histórico de seleção, pelas suas características […], elas produzem uma carne de maior qualidade. Em que sentido? Que tenham características desejáveis pelo consumidor, focando especialmente na maior maciez e também no maior marmoreio”, detalhou.
Nesse sentido, o chefe de pesquisa e desenvolvimento da unidade, Marcos Borba, falou sobre o que os estudos buscam em relação a esses bovinos.
“Nós precisamos encurtar o ciclo, ter animais mais eficientes, desenvolver sistemas de alimentação animal que garantam menores emissões. […] Como se reduz emissões? Com eficiência!”, disse em suma.
Atualmente, uma das novidades para a linha de melhoramento animal da Embrapa Pecuária Sul é a resistência ao carrapato.
“É um componente fundamental porque tanto melhora eficiência, como reduz potencialmente o uso de produtos químicos”, justificou Borba.
Sob o mesmo ponto de vista, outra ferramenta importante está ajudando a acelerar o melhoramento da genética bovina.
“Então a seleção agora é genômica. Antes a gente tinha que esperar o animal crescer para medir suas características. Hoje você vai no DNA e seleciona animais cada vez mais cedo”, comentou.
Pesquisas da Embrapa em cadeias sustentáveis de alimentos
Em conclusão, Cardoso lembrou que os ganhos de eficiência vegetal e animal no bioma Pampa estão em alinhamento com os anseios da COP26, que ocorreu em Glasgow, na Escócia.
“A gente tem sistemas que podem durar indefinidamente por esse equilíbrio. […] Com isso, a gente pode gerar usando a pecuária integrada com as diferentes culturas da região. E gerar alimentos altamente saudáveis a partir de sistemas sustentáveis, ou seja, sistemas que vão poder se reproduzir ao longo de muitos e muitos anos”, projetou o chefe geral da Embrapa Pecuária Sul.