Economia forte nos EUA e China podem favorecer exportações brasileiras de carne bovina

Poder aquisitivo de americanos favorece consumo e produção de carne, enquanto demanda da China segue aquecida; grãos terão estoques elevados e preços baixos

Na retomada do quadro Giro pelo Mundo em 2018, o chefe da mesa de commodities das JBS nos Estados Unidos, Marco Sampaio, abordou em entrevista ao apresentador Mauro Sérgio Ortega um panorama geral da produção e consumo de carne nos EUA e da tendência dos preços dos grãos para este ano.

Sampaio destacou que a maior parte dos pecuaristas dos EUA não foi prejudicada pela forte onda de frio que tomou a Costa Leste do País até o rio Mississipi. Estados como Nebraska e Iowa tiveram a produção afetada de certa maneira, conforme afirmou o correspondente, mas outras regiões tradicionais de produção de gado de corte, como Colorado e Texas, continuaram com temperaturas até um pouco acima do normal e muitas precipitações. “A performance dos animais em confinamento foi relativamente estável, ganhando peso ao invés de cair, que é o que normalmente ocorre nesta época”, resumiu.

Assim, o crescimento do rebanho e dos abates nos EUA, algo que já vem acontecendo nos últimos quatro anos, deve se manter. Segundo o USDA, em 2018 o volume de gado confinado no país deve crescer outros 8% em relação a 2017, principalmente se o cenário mundial de produção e valorização dos grãos se mantiver (veja abaixo).

O cenário para o consumo da carne vermelha nos EUA também é positivo, reportou Sampaio. Com uma economia aquecida e praticamente a pleno emprego (taxa de desemprego a 4% em média e até menor em algumas regiões – chega a 2% no Colorado) e empresas como a rede Walmart oferecendo bônus aos funcionários por conta do recente anúncio do maior corte de impostos dos Estados Unidos, a população está com maior poder aquisitivo, e uma das consequências é mais consumo de carne bovina.

A notícia, de acordo com Sampaio, é promissora para países exportadores de carne, como o Brasil, por se tratar do maior mercado consumidor de proteína vermelha do mundo. No entanto, ainda há dificuldades a serem superadas. Enquanto em 2017 os EUA foram o maior importador de carne industrializada do Brasil, ainda resta a reabertura do mercado de carne in natura, fechado desde o problema com reações vacinais em carcaças exportadas no ano passado. A expectativa é que a abertura possa ocorrer o mais breve possível e missões do USDA já tratam da possível negociação.

Sampaio afirmou que acredita haver nicho de mercado para a carne brasileira no mercado dos EUA, que é composto basicamente por cortes com maior percentual de gordura. Neste cenário, a característica da carne brasileira, mais magra do que a norte-americana, pode ser vista como um diferencial, desde que haja padronização e qualidade.

O especialista apontou também que um dos principais movimentos ao qual o produtor brasileiro de carne bovina deve prestar atenção é o crescimento do consumo na China, uma população que sai da pobreza para a classe média e, aos poucos, vai substituindo proteínas mais baratas por carne bovina. “Aqui nos EUA a economia continua forte, mas a China segue crescendo entre 6 e 7% ao ano”, completou Sampaio.

GRÃOS
Sampaio afirmou que o cenário dos preços dos grãos para 2018 ainda é de valores baixos por conta de estoques mundiais elevados. Entretanto, o chefe da mesa de commodities recomendou aos pecuaristas o acompanhamento das safras a serem colhidas na América do Sul. Em média, os países devem ter boas colheitas, mas o cenário pode mudar caso haja estiagem prolongada na Argentina ou manutenção do excesso de chuvas em regiões produtoras do Brasil, como Paraná e Mato Grosso. A instabilidade política em países da América do Sul também pode influenciar a situação de preços dos grãos, pois afetam diretamente o câmbio das moedas locais com o dólar.

Veja as informações na íntegra pelo vídeo abaixo:

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