Doutores do Guzerá: conheça família de médicos que conduz linhagem de 63 anos

Conheça o trabalho de melhoramento genético do Guzerá Peixe Branco, que já está em sua terceira geração e é conduzido por três irmãos médicos

O Giro do Boi deste 07 de setembro, Dia da Independência do Brasil, contou a história de 63 de uma das mais importantes linhagens da mais antiga raça zebuína do mundo, a Guzerá.

Ao programa, o criador Marcelo Caldeira Teixeira apresentou o trabalho da marca Guzerá Peixe Branco, do criatório localizado na Fazenda Barra do Peixe Branco, na região do Governador Valadares, no Vale do Rio Doce em Minas Gerais. Marcelo é presidente do Núcleo dos Criadores de Guzerá do leste de Minas, integrante do conselho deliberativo técnico da ABCZ e diretor da União Ruralista do Vale do Rio Doce.

Em sua entrevista, o criador e médico lembrou da história de 63 anos de seleção do Guzerá Peixe Branco, que teve início em 1957 com seu avô Neném Mathias, pioneiro da criação da raça na região leste de Minas. Conforme detalhou Teixeira, a linhagem foi formada a partir de animais adquiridos do criatório de Margarida Monnerat, de origem JA, depois de touros Quissamã, JP, NF e Xarqueada, dando origem a uma linha de dupla aptidão.

Os primórdios da história do Guzerá Peixe Branco, trabalho iniciado por Neném Mathias.

Atualmente o futuro do Guzerá Peixe Branco está nas boas mãos da terceira geração da família. Além de Marcelo, seus irmãos também médicos Frederico e Daniel são responsáveis, junto ao pai Diomário, por dar sequência ao importante trabalho de seleção do zebuíno. Em sua participação no Giro do Boi, Teixeira comentou o que mudou no criatório com a sucessão familiar.

A primeira “passagem de bastão”, de Neném Mathias para seus filhos.

“Depois que nos formamos como médicos, eu fui o último a retornar para Valadares, mas de longe eu sempre estava acompanhando a evolução do criatório. Há cerca de dez anos, a gente passou a ter uma participação mais efetiva e trazendo novidades, procurando fazer um melhoramento genético baseado nas novas tecnologias, investindo em fertilização in vitro, participando de provas de ganho de peso e sempre procurando aferir as lactações das nossas vacas também, procurando agregar valor àquela genética que a gente já sabia que tinha um grande valor e precisa de a gente buscar esses dados para agregar um valor maior àquela genética”, apontou.

Marcelo revelou que um dos desafios do Guzerá Peixe Branco é manter o equilíbrio da dupla aptidão dos animais produzidos – carcaça e lactação.

No leite, a fazenda provou seu valor em 2018 quando um de seus reprodutores foi o grande campeão nacional da raça na aptidão leiteira na exposição de Paracatu-MG. Já na carne, Marcelo ilustrou o sucesso da seleção com resultados do cruzamento de animais Guzerá de sua linhagem com Nelore e também tricross com raças taurinas.

Criatório mantém histórico de premiações, como mostra foto de Neném Mathias com sua esposa, Maria José, ou Dona Niquinha.

“A vantagem do Guzonel é que o macho é um animal de extrema precocidade. Ele já é apartado com cerca de uma diferença de uma arroba para outros tipos de cruzamento. Então o Guzonel, até pela habilidade materna da mãe dele – geralmente se usa o Nelore em cima de vaca Guzerá, então o bezerro vem da barriga de uma vaca Guzerá – tem um desenvolvimento superior. O macho já aparta melhor, tem uma precocidade muito grande, um acabamento interessante também. É um tipo de cruzamento que tem agradado a muita gente, inclusive muitos criadores de Guzerá começaram na raça ao conhecer este tipo de cruzamento”, ressaltou.

Segundo Marcelo, o que garante a heterose no uso do Guzerá mesmo em cruzamento entre zebuínos é o longo trabalho de seleção da raça. “A pureza do Guzerá traz esta qualidade de poder provocar heterose nos cruzamentos, então a gente tem este para corte na utilização com o Nelore, que dá o Guzonel, e com outras raças para leite também”, assegurou.

Animais Guzonel sendo terminados em confinamento.

Marcelo também destacou imagens do resultado do tricross produzido a partir da raça – bezerros frutos de cruza Aberdeen Angus em vaca Guzonel com pouco mais de nove meses e desmamados com 325 kg (machos) e 296 kg (fêmeas) – um peso que já viabiliza, por exemplo, até mesmo a supressão da recria para entrada em confinamento e a engorda de um boi precoce.

Bezerrada tricross (Angus em vaca Guzonel) – da desmama para o confinamento.

O criador comentou a contribuição do Guzerá na formação deste tricross. “A mãe Guzonel tem uma habilidade materna superior à vaca Nelore pura, ou cara limpa. E quando você utiliza um sangue europeu, o Angus ou Simental, dá uma heterose muito grande também. E a mãe, pela sua habilidade materna, é capaz de criar seu bezerro muito bem e dar uma apartação muito interessante, com essa capacidade de peso e também de acabamento de carcaça, que é o que talvez a raça europeia vá agregar neste cruzamento”, salientou.

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Veja a entrevista completa com Marcelo Caldeira Teixeira e conheça em detalhes a história do Guzerá Peixe Branco:

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