Diálogo foi essencial para o processo de sucessão de fazenda no MS

Conheça a história da Marca Peixe, de Rochedo-MS, cuja propriedade foi resgatada do arrendamento para se tornar exemplo de produtividade para a pecuária de corte da região

Qual modelo de gestão você acredita que seja mais ajustado para a sua fazenda? O tradicional, em que o patriarca dita as regras e os rumos do negócio, ou um mais moderno, com debates entre os envolvidos na propriedade discutindo sanidade, nutrição, genética, manejo, gestão, bem estar, mercado, sucessão familiar?

O Giro do Boi desta terça, 21, falou sobre o tema com um profissional que vivenciou estas experiências para contribuir para a competitividade e perpetuação dos negócios da fazenda de sua família, o médico veterinário e pecuarista sul-mato-grossense, Giulian Rios. Ele teve que driblar os desafios da pouca experiência e dos conflitos, muitos deles ideológicos, em que o mundo moderno impõe aos sistemas de produção tradicionais.

Quando recém-formado, em 2008, Giulian decidiu resgatar a fazenda que pertencia à sua família de um contrato de arrendamento. “Eu resolvi que eu deveria assumir os negócios da nossa família porque se a gente relembrar a nossa história, meus pais por um motivo ou outro cometeram alguns erros e a nossa fazenda passou a ser arrendada. Então eu tive medo de perder, de sair da nossa atividade. Eu acreditava que se assumisse os negócios da nossa família eu poderia dar continuidade ao nosso trabalho”, contou o produtor.

Após concluir seu curso com uma monografia dedicada ao tema IATF, Rios decidiu implementar a tecnologia dentro de sua propriedade, mas para tanto precisava definir os papéis de gestores entre ele e seu pai. “Uma coisa que deu muito certo no nosso negócio de sucessão familiar, que eu não tinha quando cheguei impondo minhas condições, foi a falta de humildade, falta de dialogar com meu pai porque uma coisa é chegar impondo minhas regras e condições dentro de uma metodologia já existente. Ele tinha o processo de administração dele. Então eu aprendi, eu tive que baixar a guarda, que ser mais humilde, dialogar e definir muito bem qual a posição do meu pai no nosso negócio e qual a minha posição”, indicou Giulian.

“É muito importante para os filhos e os pais que estão nos assistindo terem a clareza das funções e competências de cada um porque aí a gente pode ser cobrado para estas funções”, recomendou aos pecuaristas que desejam fazer um bom processo de sucessão.

Para dar respaldo às suas ações, Giulian buscou capacitação. “Lá em Campo Grande a gente participa de um programa para formação e capacitação de novos líderes para o nosso setor. É um programa em parceria da Famasul com o Senar-MS, então a gente tem vários ciclos, roda o estado e sindicatos para fazer esta formação. Hoje o nosso setor é muito carente de líder, então a gente precisa estar sempre antenado, preparado para responder pelo setor”, enalteceu.

E não somente ele, mas também a equipe da fazenda foi incentivada a se especializar. Frequentemente os peões, capatazes e demais funcionários passam por cursos e reciclagem profissional voltados a bem-estar animal, reprodução e demais temas. “A gente está sempre preocupado em capacitar a turma. Dar a oportunidade da mão de obra se desenvolver, crescer junto com a gente. […] Nossos colaboradores estão lá no dia a dia, agora é época de parição, de nascimento de bezerro, então eu dependo muito do trabalho deles, é fundamental para o sucesso do nosso negócio. Nós temos empresas parceiras de nutrição animal, que faz planejamento estratégico, de assistência veterinária, que nos ajuda no manejo reprodutivo, uma empresa que nos auxilia nesta parte de gestão administrativa e financeira. Então é um trabalho em grupo, coletivo, para que a gente consiga alcançar os nossos bons resultados”, destacou.

E tais resultados vieram. A Fazenda Bálsamo, da Marca Peixe, ostentou na última estação de monta 70% de taxa de prenhez com uma única sincronização de IATF, além de registrar nesta estação de nascimentos 76,5% de taxa de desmame com bezerros e bezerras desmamados com média de 243 kg, sendo que a média de bezerro desmamado por vaca exposta à reprodução foi de 186 kg.

“É uma coisa de essência. Eu sinto muito isso como propósito. A gente tem esta história que começou lá atrás com meu avô, teve esses percalços no meio do caminho, mas eu estou tendo a oportunidade de dar continuidade para a nossa história. Então é isso que eu quero, esse é meu objetivo, é para isso que a gente tem trabalhado”, concluiu Giulian Rios.

Conheça a história da Marca Peixe e veja a entrevista completa de Giulian no vídeo abaixo:

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