Algumas das linhagens adormecidas do Nelore brasileiro estão despontando novamente para a pecuária após os selecionadores da raça na Bahia voltarem a “lapidar os diamantes brutos” para modernização da genética. Nesta terça, 28, o médico veterinário com especialização em nutrição de ruminantes e manejo de pastagens Luiz Sande, presidente da ABCN, Associação Baiana de Criadores de Nelore, falou sobre o tema ao Giro do Boi.
“Houve aí uma concentração (de uso de linhagens) nestes últimos anos, eu acho que a Bahia ficou um pouco fora durante este período na questão dos programas de melhoramento genético. Por um lado foi prejudicial para o nosso rebanho, mas por outro lado foi altamente benéfico porque nós saímos dessa loucura, […] conseguimos manter esta linhagem que, para a nossa sorte, é a linhagem que quando a gente começou a avaliar a questão da qualidade de carcaça, gordura subcutânea, área de olho de lombo, marmoreio, nós vimos que nós tínhamos um diamante na mão”, apontou o presidente da ABCN.
Sande fez referência aos primeiros patriarcas da raça Nelore que chegaram à Bahia, casos dos touros Akasamu (na parte de cima da foto a seguir), Padhu (na parte inferior da imagem) e ainda Suvarna, responsáveis pela genética de grande parte do rebanho baiano. A partir da modernização de planteis formados por estas linhagens, os selecionadores baianos estão ofertando reprodutores – touros e matrizes – que refrescam com sangue novo os rebanhos de neloristas em todo o país.
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“O nosso Nelore é diferenciado, é um Nelore que agora, com a volta do sangue Padhu, Akasamu, (linhagem) OM, com mais intensidade, este refrescamento de sangue está trazendo mais benefícios ainda para a nossa pecuária. Então eu acredito que este ano o sucesso vai ser maior ainda”, celebrou.
O veterinário falou sobre o trabalho desenvolvido para que animais descendentes destas importantes linhagens pudessem atender as necessidades da pecuária brasileira contemporânea. “Estamos avaliando com os nossos animais. Estamos fazendo ultrassonografia de carcaça, estamos fazendo PMGZ, Geneplus, vários programas e com isto o nosso Nelore vem evoluindo. Já estamos apresentando animais com boas DEPs, então estamos voltando ao cenário, vendendo sêmen, reprodutores, touros e matrizes, para o Centro-Oeste, para o Sul, Sudeste, então acho que a gente está voltando a ter este espaço”, celebrou Sande.
O presidente da Nelore da Bahia comentou que a evolução da pecuária baiana a partir do Nelore reforça as expectativas para a edição 2020 do Circuito Nelore de Qualidade. O estado vai receber neste ano duas etapas: Itapetinga, em 11 e 12 de novembro, e Teixeira de Freitas, em 13 e 14 de novembro.
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“Itapetinga é o berço da nossa capital, a capital da pecuária da Bahia. E junto com o oeste da Bahia e o extremo-sul são as três principais regiões produtoras de animais de corte, […] e logicamente quando fala em bovino de corte o Nelore está sempre presente. […] Lá não teve nenhuma carcaça vermelha (Farol da Qualidade). A totalidade foi Amarelo e Verde, foram animais jovens, animais com acabamento de carcaça excelente, então foi realmente um sucesso”, disse o Luiz Sande sobre o Circuito Nelore de Qualidade 2019 . Relembre a etapa pelo link abaixo:
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Veja nas imagens a seguir um panorama da pecuária baiana:
Ainda de acordo com Sande, a Associação Baiana de Criadores de Nelore passa por uma processo de reformulação para que esteja apta a atender os variados perfis de criadores da raça no estado, seja para gado de pista, rebanhos comerciais, selecionadores dos diversos programas de melhoramento. “Trabalhando todas as matizes do Nelore”, resumiu.
Além de poder receber bonificações de até R$ 10,50 na arroba de seus animais pelo Protocolo Nelore Natural, os pecuaristas associados da ABCN têm outros benefícios, como desconto de até 70% para uso do ultrassom em carcaça. Sande reforçou que a anuidade tem o valor de um salário mínimo.
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Veja a entrevista completa com Luiz Sande: