Programa de bem-estar traduziu “linguagem universal” do boi para mais de 6 mil vaqueiros

Programa Criando Conexões explica aos peões técnicas como o manejo com “nada nas mãos” e aplica treinamentos como o de aclimatação e pré-abate em confinamento

Em participação no Giro do Boi desta quarta, dia 13, o engenheiro agrônomo Antony Luenenberg, coordenador técnico de bem-estar da MSD Saúde Animal, falou sobre a relevância que as boas práticas estão ganhando dentro das porteiras de pecuária de corte Brasil afora, elevando também a importância das ações do programa da companhia voltado ao tema, o Criando Conexões.

“Aqui no Brasil a gente tem evoluído muito nos últimos anos, principalmente se a gente pegar nos cinco anos para trás. O pecuarista cada vez mais tem se conscientizado a respeito do bem-estar e o interessante é que o que eles têm visto é que os maiores ganhos são dentro da porteira: melhora a imunidade dos animais, melhor desempenho, redução de lesão de carcaça e abscessos vacinais. Resumindo, trazendo mais dinheiro para o bolso”, apontou Luenenberg.

O coordenador sintetizou as ações do programa Criando Conexões, que leva conhecimento sobre bem-estar por meio de capacitações às fazendas parceiras.

NADA NAS MÃOS

“Basicamente o que a gente faz é implementar técnicas de manejo de baixo estresse. Nós trabalhamos com a técnica que foi desenvolvida nos Estados Unidos pelos cowboys norte-americanos, que chama ‘stockmanship’. Aqui no Brasil, a técnica ganhou o apelido carinhoso de ‘nada nas mãos’. Então a gente tem concentrado os nossos esforços em capacitar pessoas”, explicou.

“Eu acho que o principal ponto aqui é o vaqueiro entender o comportamento animal. Nós não tivemos escola. Eu vim de família de pecuarista e sei bem como é. Eu aprendi com meu pai, que aprendeu com o meu avô, que aprendeu com o meu bisavô. E a gente está levando informação para os vaqueiros para eles entenderem comportamento e o quanto isso melhora o dia a dia, melhora a resposta imune dos animais, diminui risco de acidentes tanto para as pessoas como para os animais… Então a gente tem trabalhado com força para implementar e trazer essa cultura para a nossa pecuária”, complementou.

Além da questão ética, a produtividade também passou a fazer parte da equação da implementação de boas práticas de manejo nas fazendas. “A pecuária tinha uma mentalidade muito diferente da de hoje em dia. A gente sabe que o número depois da vírgula pode influenciar no resultado final do pecuarista. Então essa questão da agressividade no manejo dos animais influencia e impacta muito na produtividade dos animais”, advertiu Luenenberg.

ACLIMATAÇÃO

Uma das capacitações oferecidas pelo programa Criando Conexões é a da técnica da aclimatação. “Só para dar um exemplo, a gente trabalha dentro do programa com a técnica que a gente chama de aclimatação. Ela se concentra em realocar os animais em novos ambientes. A gente já tem alguns estudos de campo que mostram que em confinamentos a gente consegue reduzir a quase zero a mortalidade”, ilustrou o especialista.

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Outro impacto positivo da aclimatação é que por meio dela, construindo a relação de confiança com o vaqueiro, o animal se sente mais à vontade e menos ameaçado para poder demonstrar fraquezas, como doenças e machucados, possibilitando o diagnóstico precoce e o aumentando a chance de sucesso do tratamento.

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EXERCÍCIO PRÉ-ABATE

O coordenador informou que além da aclimatação, o Criando Conexões capacita equipes também no chamado exercício pré-abate, “que é ensinar esses animais a saírem das baias do confinamento”, resumiu.

“Muitas vezes precisa de cinco, seis pessoas para tirar os animais da baia, mas se a gente fizer esse exercício, com duas pessoas você consegue conduzir esses animais de forma calma até o curral de embarque. […] Com essa técnica a gente consegue diminuir muito mesmo a questão dessa energia (do boi) na hora que ele vai pro curral de confinamento”, contou.

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Até então, 6.300 vaqueiros foram capacitados em todo o Brasil pelo programa Criando Conexões, com o número em plena expansão. “O que é mais legal é que a linguagem do boi é universal. Independente de a gente estar no Brasil, nos Estados Unidos ou na Austrália, a técnica vai funcionar da mesma forma. Se você entender o comportamento dos animais, fica muito mais fácil trabalhar”, apontou Luenenberg.

“Como o professor Mateus (Paranhos) fala: o bem-estar é para a gente. Para os animais e para as pessoas”, citou.

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Pelo vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com o agrônomo e coordenador de bem-estar da MSD Saúde Animal, Antony Luenenberg:

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