No município de Dois Irmãos do Buriti, a cerca de 70 km de Aquidauana, portanto próxima do “Portal do Pantanal’ do Mato Grosso do Sul, a Fazenda Lageado, do Grupo CFM, é exemplo da pecuária e, consequentemente, de gestão. Com o número de casos de contaminação por Covid-19 crescendo no município e na região, a propriedade adotou uma série de medidas e está orientando seus colaboradores para evitar a disseminação da doença dentro da porteira.
“O Mato Grosso do Sul foi um dos estados que teve menos casos. Os casos de Covid-19 começaram há duas ou três semanas. No município de Dois Irmãos do Buriti apareceram oito casos confirmados e nenhum óbito. Mas no município de Aquidauana, que fica a 70 quilômetros, já existem mais casos. Ontem mesmo estavam com 298 casos e oito óbitos. Mas, mesmo assim, nós ficamos preocupados e orientamos todos os funcionários em relação a tudo que precisa ser feito para poder se proteger. A empresa distribuiu várias máscaras, fizemos regime de distanciamento no escritório e alguns serviços, como oficina, também a gente distanciou as pessoas. Mas o pessoal de campo acaba trabalhando mais isolado. Mesmo assim, nós distribuímos álcool em gel em todos os pontos de encontro, onde eles costumam trazer documentos e diários para o escritório, em locais onde eles fazem os apontamentos e nas áreas de vivência também, onde eles se reúnem para fazer as refeições e o horário de descanso”, informou o gerente da Fazenda Lageado, Rodrigo Luiz dos Santos.
“Como é uma fazenda distante dos centros urbanos, dos municípios, nós temos um clube social, onde os funcionários podem se reunir no final do expediente e nos finais de semana para jogar vôlei. Nós temos uma quadra de vôlei de areia, temos um campo de futebol, temos um clube com sinuca, pingue-pongue, uma lanchonete… Mas devido a esta crise do vírus, nós tivemos que fechá-lo provisoriamente até estar em uma situação melhor para poder continuar com estas atividades”, acrescentou Santos.
O gerente da propriedade comentou também as mudanças em um dos principais eventos que pode trazer a doença para a fazenda, o dia de compras na cidade. “Amanhã mesmo é o dia de compra. O pessoal sai para fazer compras e nós levamos com nossos ônibus. Vai haver um distanciamento dentro do ônibus, eles vão usar máscara e vai ter álcool em gel, spray com álcool 70% para eles irem fazer compra. Vai haver uma orientação, nosso técnico de segurança toda quarta-feira faz uma orientação e hoje será uma orientação para o pessoal ir com segurança fazer estas compras em Aquidauana”, detalhou.
O técnico de segurança no trabalho da CFM Uilian César de Azevedo explicou que a entrada no estabelecimento comercial, por exemplo, estaria limitada a duas pessoas de cada família por vez. Além disso, há outras alterações de rotina.
“Todas as quartas-feiras a gente faz o DSS, que é o Diálogo de Segurança Semanal, e a gente sempre aborda algum tema de segurança. Como está tendo a pandemia, que atingiu o mundo inteiro, a gente reforça mais sobre este tipo de proteção. É sempre bom a gente orientar para a pessoa estar lembrando de tomar cuidado porque é na cidade o lugar onde é mais fácil acontecer (a transmissão). […] Como este mês (o número de casos) está mais crítico na nossa região, a gente já orientou que vá o mínimo de pessoas mesmo, não levar filhos, se possível. Se puder ir uma pessoa, que vá. Se não tem jeito, tome o máximo de cuidados possível, utilizar álcool em gel, borrifador. O motorista será orientado para sempre que sempre que alguém for entrar, borrifar nas mãos para que, se trouxer o vírus de fora, não passe para as pessoas dentro do ônibus. […] A gente tem que estar sempre conscientizado para tentar evitar o contágio dentro da empresa porque se alguém se contaminar vai ficar em quarentena. Se um setor todo for contaminado, vai parar aquele setor e vai dificultar mais o trabalho da empresa”, disse o especialista em segurança no trabalho.
“Na firma, depois que apareceu a Covid-19, ela entrou com doação de máscara, o álcool em gel também está sendo doado. De uns dias para cá, pede para os funcionários evitarem estar indo à cidade e ir para fazer somente o necessário. E nós estamos respeitando a regras”, confirmou o assessor técnico da CFM Celso Rodrigues Cristóvão.
Na propriedade, a orientação alterou uma rotina que faz parte da cultura local, que é a hora do tereré, bebida que resulta da infusão de água gelada com erva mate. “Tem o horário deles tomarem o tereré, porque o clima do estado é muito quente, e é sempre das 14h30 às 15h. Cada estado tem uma cultura. Aqui tem a cultura de tomar o tereré. Devido à chegada do Covid-19, o que a gente passou? Não tomar em roda de tereré (normalmente as pessoas tomam o tereré passando o mesmo copo – uma cuia ou guampa – para todos os integrantes da roda). Eles podem tomar, mas cada um tem a sua cuia, a sua bomba, e toma cada um o seu para evitar contaminação”, apontou o assistente técnico da CFM, Ademir Antônio da Conceição.
“Nós mantemos a distância no horário que nós temos para tomar o tereré. Quando dá o horário, nós paramos para tomar o tereré, cada um toma o seu, mantém a distância uns dos outros para estar evitando também e para prevenir. Fazendo por onde para, se Deus quiser, acabar um dia”, reforçou Celso Cristóvão.
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